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_____ boa leitura hehe!!

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A vida em Hogsmeade era pacata até demais. 

 Quase não havia ocorrências sobre roubo e não havia investigações sobre assassinato. O máximo que Remus fazia no dia a dia era socorrer os gatos da Senhora McGonagall e apartar brigas de trânsito – que na maioria das vezes eram brigas de um bando de moleques de bicicletas que pareciam não saber andar sem rodinha e ficava entrando um na frente do outro. 

 E se Remus fosse falar a verdade, ele tinha escolhido aquele trabalho por causa disso mesmo: a paz da delegacia e a aparente única cafeteira moderna da cidade. 

 Ele bebericou seu café. 

 Quando saiu de casa aquela manhã, nunca que esperava que a sua ronda da tarde iria acabar com uma surpresa que prolongaria seu turno. 

 O garoto nem o olhava, Remus só podia imaginar que nenhuma informação que ajudasse os dois iria sair daquela boca. 

 "Qual é seu nome, garoto?" 

 O garoto estremeceu, como se o simples ouvir fosse doloroso. Remus fez uma careta, a caneca em sua mão parecendo mais fria. 

 "Qual é, se você me contar o que aprontou eu posso facilitar sua vida e te soltar mais rápido." 

 O garoto continuou encarando o chão, brincando de guerrinha de dedos. 

 Quando Remus recebeu seu treinamento, ele pulou e apagou em sua mente toda a parte de crianças e adolescentes, aquela parte em seu cérebro que sonhava em ser professor acordando conforme os anos passavam. Conforme a sua vida virava um pesadelo. E, mesmo assim, Remus ainda sabia o básico. Ele devia acalmar o garoto e chamar a assistência social. 

 O som da caneca batendo contra a mesinha ecoou pela sala de espera.

 "Vamos fazer o seguinte. Eu vou lá pegar um copo de água e depois nós conversamos sobre o que fazer. No seu tempo, pode ser?" 

 Remus se levantou da poltrona e ignorou o ruído sem graça que ela fazia quando se botava um pouco mais de pressão no assento. Ao invés do garoto soltar uma risadinha igual os outros baderneiros da cidade faziam, ele continuou encarando chão, as mãos pousadas na perna. 

 "Pode ser?" 

 Foi quase imperceptível, devagar e com hesitação, mas o garoto assentiu com a cabeça. Remus considerou uma vitória. 

 Ele passou pela porta de madeira envernizada e foi até o painel de vidro que separava a sala. 

  Ele era bem magrelo, o garoto. Parecia fraco demais para uma criança normal e a sua falta de estatura deixava bem óbvio que tinha alguma coisa errada. E Remus queria ajudar, oferecer conforto e segurança e até mesmo um amigo, mas ele nunca soube lidar com situações assim.

 A cortina se fechou. 

 E enquanto a máquina deixava a água cair, Remus passava todas as informações necessárias para a assistente social, falando baixo e com a boca grudada no telefone para não ser ouvido. 

 Pegando o copo cheio de água, tudo o que ele precisava fazer agora era acalmar o garoto e o manter ali até as pessoas capacitadas para cuidarem dele chegarem. 

 Equilibrando o copo de água em uma mão e as bolachas de maizena em outra, ele voltou para a sala de espera, praguejando baixinho. 

 Encarando a janela aberta e a já pequenininha estatura correndo para o horizonte, Remus se permitiu xingar. 

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