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Harry tinha pensado muito sobre o assunto. O tal estrago que Harry tinha feito quando invadiu o laboratório pela primeira vez. O choque que o garoto tinha lhe dado. Draco. Um pulso sendo apertado como se ele fosse o culpado de sua existência – amarga, solitária, sem propósito.

 Ele tinha feito de propósito? Porque dar um choque em Harry? Ele sabia que tinha outros? Ele estava com alguém?

 Harry não sabia. Ele não sabia de tantas coisas sobre si e sobre quem esteve ao seu redor por tanto tempo e isso fazia a sua cabeça doer, o seu peito apertar e a única coisa que ele podia pensar era que ele nunca se encontraria em si. Talvez ele não fosse ele. E sim uma experiência errada passeando pelo mundo com sonhos que eram impossíveis demais realizar sem seu criador.

 Mas Senhor Riddle não estava mais aqui. Harry agradecia tanto por isso, o odiava e também sabia que ele era o único que podia lhe dar respostas. Senhor Riddle era o único que sabia tudo sobre si e sobre aquelas pessoas que Harry nem conhecia mas já sentia que fazia parte de sua energia pulsando e picando em todo momento, em qualquer momento. Senhor Riddle era o único, o único que Harry odiava mais do que aquilo dentro de si e era o único que Zero se importava em agradar.

 Mas Zero também não estava mais aqui. E o que restava?

 Harry. Harry restava e isso devia ser o suficiente. Tinha que ser o suficiente. Então ele falou:

 “A missão Ladrão que Rouba Ladrão foi concluída com sucesso.” 

 Hermione sorriu orgulhosa e Draco revirou os olhos. Ron deu um soquinho leve no ombro de Ginny.

 Eles estavam no fundo da biblioteca. A última prateleira escondia minis-sofás que quase ninguém sabia que existia porque quase ninguém ia à biblioteca. Hermione ia, porém. Por isso eles estavam indo ali.

 “E eu queria agradecer, antes de tudo.” Harry falou e a cena de segundos atrás se repetiu, a única diferença sendo que Ginny empurrou Ron, ao invés. “E perguntar se vocês topam outra.”

 Ron já sabia o que era. Ele assentiu com a cabeça quando todos os outros pareciam curiosos. 

 “Qual é a outra? Resgatar um novo óculos pra você?” Draco, o troglodita, perguntou. Harry negou com a cabeça, sem achar graça.

 “Encontrar os outros fugitivos do laboratório.”

 Silêncio.

 "Tem… mais de vocês?" Hermione perguntou, os olhos um pouco arregalados. Draco estava meio pálido. Ginny não parecia surpresa. 

 "Me poupe." Draco já ia se levantando, pronto para sair estressado por algum motivo que Harry não sabia qual. 

 "Eles estão soltos!" Harry disse um pouco agudo demais, mexendo as mãos em frente ao corpo. Draco parou. "Não tem doutores atrás deles, e eles podem estar precisando de ajuda, e-" 

 "Como você sabe que não tem ninguém atrás deles?" Draco acusou. O silêncio na biblioteca pareceu pesar um pouco mais. "Que não tem nenhum doutor junto com eles? Que isso não é só- só mais uma experiência!?" 

 Harry achou melhor brincar de guerrinha de dedos do que olhar Draco nos olhos.

 "Porque o laboratório não existe mais." 

 Os três no sofá assentiram, em conjunto. 

 Draco franziu o cenho. 

 "O que?" 

wrong souls, HARRY POTTER Onde histórias criam vida. Descubra agora