012.

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____boa leitura <3













012.





Porão. Esse era o nome do lugar embaixo da mansão que eles estavam. Uma casinha subterrânea. 

 As coisas ali passavam devagar, o sol não dormia e a lua não cantava e tudo era bem calmo, até. Tudo muito estranho. 

 Não que Harry não achasse pacífico essa história de férias do mundo exterior que Draco insistia em falar que era o que eles estavam tendo – mesmo que ele saísse de vez em quando no meio da tarde e voltasse antes do carro avisar que os donos da casa estavam chegando. 

 Ah, o carro era algo estranho também. Ele os acordava de manhã e quando voltavam, se Harry se atrevesse a olhar para fora, a vermelhidão se mostrava no céu anunciando a entrada da noite. 

 Mas Draco não parecia ligar. Harry supôs que eles estarem ali não era muita coisa. 

 E Harry, por incrível que pareça, sentia que estava ali por todo o sempre. A mesmidão dos dias sendo tão tediosa e tão horrível e ele parecia estar vivendo o tempo em que ele era nada. Olhando para as paredes procurando por esperança e não encontrando. Olhando para o teto e pensando no céu que ele só via pelas frestas das janelas e olhando para si mesmo e se sentindo somente uma coisa vazia vagando pelo mundo. Um passarinho preso em uma gaiola branca demais. 

 Ele queria voar. 

 A liberdade sempre pareceu distante e agora as paredes eram coloridas com pontinhos podres e Harry sabia que ela estava ali, do outro lado da porta, no lado de cima. 

 Ele sabia que estaria lá. Ele já tinha experimentado ela andando na garupa da bicicleta de Ron e ouvindo Sirius tagarelar sem freio sobre o sonho bom que ele não teve e até mesmo com Hermione, enquanto eles corriam por uma das maldições do mundo. 

 E Draco podia até ser tolerável quando estava de boca fechada, mas isso não impediu Harry de pegar algumas comidas da geladeira e enfiar tudo numa mala velha e desgastada do porão. 

 Ele – o Draco – tinha saído para mais uma de suas caminhadas diurnas e ele – o Harry – não teria nada para lhe impedir de ir, fugir para bem longe igual ele tinha pensado em fazer antes de tudo. 

 Um passarinho sem ninho. Uma péssima comparação, mas era isso o que ele era. Laboratório? Sobrado dos Weasleys? Rua? Galpão? Mansão dos Blacks? Porão da casa de-não-se-sabe-quem? 

 Ele empurrou a passagem, o processo sendo mais fácil do que ele achava que seria. 

 Quando a luz se fez presente e o barulho do mundo parecia um pouco mais alto, o azul que Harry encarou não foi o do céu. 

 Draco lhe queimava com o olhar, uma sobrancelha arqueada. 

 "Tava dando piti, Pottah?" pulou para dentro do porão, limpando a poeira das mãos, julgador. "Me poupe." 

 Harry apertou a alça da mala nas mãos. Draco era horrível






 "Você ia fugir sem nem me deixar um bilhetinho?" 

 "Queria que eu escrevesse com o poder da mente? Não tem papel e caneta aqui." 

 "E ainda levaria toda a comida?!" 

 "Eles abastecem aquela geladeira toda semana."

 "Meu iogurte de banana!" 

 "Não é seu de verdade, Draco."

wrong souls, HARRY POTTER Onde histórias criam vida. Descubra agora