wrong souls, HARRY POTTER

003.

_____boa leitura!!

003.

 Remus se jogou na poltrona velha em seu trailer, as papeladas pairando sobre a mesinha de centro da ‘sala’ e o fazendo soltar um suspiro cansado.

 Havia algo coçando em sua orelha desde o momento em que ele viu aquele garoto correndo desajeitadamente pela rua na bicicleta do Weasley filho, o olhar no rosto da assistente social o incomodando muito mais que a própria fuga e o único nome que havia recebido o fazendo pensar.

 Então ele procurou em todos os arquivos em que tinha acesso. Escolas, farmácias e centros de reabilitação para menores. Remus procurou em todo e qualquer canto, mas não achou nada.

 Ele tirou o chocolate do dente, se inclinando para pegar os documentos.

 Remus não havia achado nada, até aquele único papel que o faria com toda certeza ser preso, culpa dos meios que foram obtidos.

 Aquele único papel que fazia seu coração tremer e os pensamentos se embaralharem, tudo de uma vez só.

 “Harry Potter.” ele sussurrou baixinho, a visão embaçando um pouco. “Vendido com um ano de idade pelos nomes que assinam como James Potter e Lily Evans Potter para um comprador inominável."

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 Ron não falou nada desde que eles saíram do galpão.

 A verdade era que ele não sabia o que pensar. Ele acabava de ter uma arma apontada para sua cabeça e ver corpos voando para lá e pra cá por uma aparente única causa: Zero.

 E suas pernas fraquejavam enquanto ele andava, então ele decidiu, sussurrando baixinho:

 “Eles só desmaiaram.”

 A janela alta do sobrado foi pulada.

 Encarando a porta do guarda roupa antigo, Ron se virou para Zero, que também não atreveu se defender, pelo menos não até agora.

 “Você tem superpoderes.”

 Zero piscou, parecendo surpreso. Ele olhou para Ron e depois para suas mãos, brincando com seus dedos trêmulos.

 Respirando fundo, Ron se levantou.

 “E isso é assustador.” acusou, seus olhos se derretendo em um brilho logo depois. “E super maneiro.”

 Zero quase quebrou o pescoço com a velocidade que ergueu a cabeça.

 “Nossa, uau. Você viu eles voando para todo lado enquanto você fazia uma cara super brava, tipo assim.” Ron ergueu o braço, encarando a parede com as sobrancelhas franzidas. “Eu não sei se isso foi o mais legal ou a parte que você gritou ‘Livre!’ assim, sabe?” sorriu brilhante e voltou a olhar para Zero. "Esse foi o lance mais incrível que eu já vi.”

 A boca de Zero se abriu, Ron de verdade não entendia a surpresa.

 O silêncio voltou para o quarto, enquanto os dois se encaravam com muitas emoções diferentes para se enumerar. Em algum dos quartos ao lado, o barulho de porta se abrindo e se fechando ecoou.

 Ron voltou a se sentar na cama, ao lado de Zero. 

 “Sabe,” divagou, dando de ombros. “Eles eram maus, não é?” Ron sabia que sim, ele tinha visto com os próprios olhos. Eles serem maus tinha que mudar alguma coisa. Tinha, tinha e tinha. Sua voz cheia de um desespero que pré-adolescentes da sua idade não deveriam sentir – mas estavam – sabendo que, por um momento, seus olhos eram o espelho dos olhos de Zero. Isso devia mudar alguma coisa, é.