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 "Vocês dois." Harry falou, rude. Ele não queria, mas a falta de entender o que estava sentindo se transformava em raiva. A maioria das coisas parecia ser raiva – Ron fazia uma piada idiota – raiva. Hermione tentava lhe ensinar algo que ele não sabia – raiva. Ginny parecia acuada e desconfiada e ferida – raiva. Sirius tentava fazer algo pra o agradar – raiva. Draco existia – raiva.

 "Eu sou eu," a menina, uma mistura estranha de rockeira maconheira matemática e artista, falou. Harry fez careta. "E ele é ele. E quem é você?" 

 O garoto não falava nada, nem se mexia. 

 "Eu sou um de vocês," Harry falou, os ombros tensos e o queixo empinado. A menina, Harry viu, deixou a graça quebrar um pouco.

 "Eu sou o Dois." o menino falou, corajoso, recebendo um olhar assustado da outra. 

 "Zero," Harry ajeitou os óculos, esquecendo – como sempre – que ele estava ali. Estendeu a mão. 

 O garoto não a tocou. 

 "Ele não pode." a menina contou, hesitante e um pouco ressentida. 

 Ah. 

 Harry abaixou a mão. 

 "Eles são o Ron, Hermione e Ginny." apresentou, apontando para cada um. Ele tinha a impressão que a garota não falaria nada se eles não falassem antes. "Eu de verdade me chamo Harry." 

 Ron sorriu fraco. Harry viu as meninas acenarem. 

 "Eu não lembro de você no dia da fuga." a menina divagou. Harry não se lembrava dessa fuga, também. 

 "Eu não fugi com vocês," respirou fundo. "Eu desmaiei Bellatrix e fugi antes." 

 Esse nome, foi o suficiente pro Dois ficar amareloo e a menina se calar. Ela respirou fundo, e se apresentou:

 "Eu sou o Seis."



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 Ron estava com um pouquinho, nada demais, de medo. 

 Era só que a menina e o menino – Ron se recusaria até a morte a chamar eles por números – tinham poderes tão legais e incríveis e a perna dele ainda tava presa no chão, gritando corre!. Ele não podia. Harry parecia encantado demais em estar conversando com eles. 

 Ron entendia. Devia ser muito maneiro encontrar pessoas que o entendiam sem ele precisar se explicar, que sabiam como ele se sentia sem perguntar e que faziam as coisas que ele fazia sem esforço algum. Pessoas iguais ao Harry, porque mesmo que ele não fosse diferente, era. 

 "Eu controlo as plantas," a menina continuou contando, apontando pro pé deles. E os soltando. 

 "E eu eletrocuto os outros. Sem querer." o menino super-choque falou. 

 "Eu," Harry pausou. 

 "É uma espécie de Ravena, só que sem todas aquelas sombra e escuridão." Ginny murmurou baixinho, explicando perfeitamente o poder de Harry. 

 Os outros dois lá não entenderam nada. 




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 Draco, quando viu os outros parados no meio do mato, e notou a planta prendendo os pés deles no lugar, ficou indignado. 

 E, é claro, também saiu correndo. 

 Não foi bem correndo. Na verdade foi bem devagar pra não fazer barulho. Ele só começou a andar de ré e quando não estava vendo mais ninguém, deu meia volta e foi embora. 

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