wrong souls, HARRY POTTER

017.

017.

 Fazia um tempinho que Harry não ia naquele lugar. As paredes continuavam mofadas e o chão continuava empoeirado. O som de seus tênis batendo na madeira ecoou e tudo ficou em silêncio, por um momento. 

 Draco o encarou, os olhos arregalados enquanto se entortava no sofá para o ver, a boca lambuzada de iorgute de banana. 

 Remus Lupin encarou o menino, os lábios crispados e a sobrancelha franzida enquanto parecia processar a ideia de que Harry realmente tinha falado a verdade. 

 Havia um menino que frequentava a casa de uns dos doutores de terno. Ele era filho deles. Ele era igual a Harry. 

 Remus respirou fundo e Draco soltou um grunhido. Eles tinham que conversar. 

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 "Você é um traíra," Draco xingou enquanto se balançava nas algemas, dentro do carro. 

 "Você me roubou," Harry se encostou na porta do carro, se agachando para ficar cara a cara com Draco. Como se ele não tivesse feito o mesmo com o supermercado. 

 "Ladrão que rouba ladrão-" 

 "Tem mil anos de prisão. Eu quero meus e-le-trô-ni-cos de volta."

 Draco mostrou seus dentes afiados e seu olhar brilhou. Harry fez uma careta na mesma hora. 

 Remus entrou no carro. As janelas começaram a se fecharem sozinhas. 

 "Eu vendi." 

 Ainda com aquele rosto de quem merecia um tapa, Draco se acomodou no banco. O motor rangeu. Harry se apressou as pressas para entrar no carro também. 

 Ele- argh, eca Draco!

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 Remus estava com um problema sério, 

 Olha, em algum momento da vida dele ele tinha parado de confiar em pessoas. Em amigos e autoridades e qualquer um. Isso se perpetuou quando ele descobriu que aquela assistente social era uma farsante, segundo Harry e o Weasley filho. 

 Mas tinha um garoto na sua delegacia que estava fugindo daqueles 'doutores' e olhava para toda e qualquer coisa com um desprezo notável e irritante. 

 E Remus também não confiava nele. A última vez que ele tinha levado um moleque perdido para a sua delegacia ele tinha sido tapeado – tão diferente e ainda que tão igual, Harry passou por ali e olha onde eles estavam agora. 

 "Me poupe," o moleque negou com a cabeça pela milésima vez. 

 Remus fechou os olhos. Ele tinha sido avisado de algo como ilusões muito reais assombrando sua mente. Remus achava que o próprio fato de um garoto saber criar falsas imagens era uma ilusão de sua cabeça. 

 Isso não impediu dele não querer ser iludido. Talvez se ele ficasse de olhos fechados para sempre nenhuma imagem enganosa entraria em sua mente. 

 Ele abriu os olhos, então. 

 "Você é amigo de Harry."

 "Eca," o garoto fez uma careta exagerada. "No máximo no máximo conhecidos de porão. Nada mais que isso."

 "Vocês dois roubaram o Atacadão juntos."

 Isso. Isso fez aquela cara de adolescente chato se desfazer e se transformar em um olhar aguçado e defensivo. Ahá.