13 | VENENO

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LIS BELCHIOR

Quatro dias haviam se passado desde que Lennon foi para Portugal e as coisas estavam meio complicadas. Nossos rostos estavam por toda parte, haviam descoberto quem era a garota de todas as fotos e muitos comentários estavam rendendo nas publicações, principalmente os de sua ex.

A treta estava rendendo novamente e eu agradeci por Lennon estar ocupado demais para não responder seus insultos e mentiras. Agora, eu estava em um restaurante com meu pai, almoçando juntos numa tarde de quarta-feira, como sempre fazíamos para tentar esfriar a cabeça.

— Como você está, pai? — perguntei, agarrando sua mão.

— Muito melhor com você aqui. — Ele sorriu e agarrou de volta.

— Sinto muito por não estar tão presente como gostaria. Não sabe o quão mal me sinto por ter que viajar de novo e te deixar sozinho. — Suspirei.

— Filha, fica tranquila. Eu estou bem, estou me cuidando como você pediu, eu já engordei três quilos! — Ri fraco e ele sorriu. — Está tudo bem, eu estou bem.

— Eu sei, pai... Mas é que... — Engoli em seco e limpei meus olhos marejados. Ele suspirou e puxou a minha mão, me fazendo levantar e sentar ao seu lado no estofado.

— Lis, filha... O que houve? O que está acontecendo? — perguntou preocupado, abraçando o meu corpo.

— Eu só estou preocupada, pai. E me sentindo culpada por não estar por perto. A vovó me disse que você apareceu bêbado na casa dela esses dias. Isso acabou comigo. — Segurei um soluço e olhei para o teto para tentar cessar o choro.

Ele respirou fundo e desviou os olhos rapidamente.

— Foi um deslize. Não vai acontecer novamente, ok? Eu prometo.

— Ótimo, porque eu preciso de você bem agora. — Funguei com o nariz e limpei minhas lágrimas. — As coisas estão ficando complicadas e eu espero um dia conseguir te contar, mas por enquanto, eu só preciso que você fique bem e se cuide.

— O que foi? É entre você e o Lennon? — Ele franziu o cenho.

— Não, nós estamos bem. Está tudo bem. — Ri entre lágrimas. — Ele me faz bem, eu gosto dele.

Meu pai sorriu de canto e me encarou com brilho nos olhos.

— Droga, eu estou mesmo te perdendo para o Lennon? Aquele garoto magrelo que só tinha cabeça? — Rimos juntos e eu escondi meu rosto em minhas mãos.

— Um pouquinho. — Gesticulei, aproximando meu dedo indicador e polegar. — Não sei, nós estamos indo com calma para não apressar as coisas, mas ele me faz bem, pai. E cuida de mim.

— Isso me deixa mais aliviado. Mesmo que eu tente, eu não consigo te proteger de tudo. Saber que eu tenho uma ajuda confiável me deixa mais tranquilo. — Ele agarrou minhas mãos e sorriu. — Você merece ser feliz, filha.

— Você também merece ser feliz. Por que não sai para procurar alguém? Uma paquera, talvez... Você precisa curtir e se divertir com alguém. — Funguei o nariz e enxuguei os olhos. Me sentei em meu lugar e voltei a comer aquela deliciosa feijoada. — E vai me deixar mais tranquila saber que você tem outra pessoa me ajudando a cuidar de você.

— Ih, não sei, não. Eu desisti de paqueras depois do que aquela... Mulher fez comigo — murmurou.

— Ah, pai! Qual é? Vai que você arruma uma coroa bonitona igual a você? — Sorri de canto e ele pareceu tímido. Ri com aquilo. — Não precisa ser nada sério, é só para espairecer mais a cabeça. Promete que vai tentar?

ANTES QUE VOCÊ VÁ | 𝙇𝟳𝙉𝙉𝙊𝙉 Onde histórias criam vida. Descubra agora