26 | INIMIGOS DO FIM

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LIS BELCHIOR

Diante do espelho enorme que ia do chão até o teto no meu closet, eu vi quando meus olhos arregalaram e meu coração quase saiu pela a boca. Com a maquiagem pela metade, roupas para uma noite de balada e com o celular em mãos, eu tinha a localização e uma foto em tempo real de Lennon, especificamente em um avião vindo diretamente para Los Angeles, um dia antes do evento importante que minha agência estava promovendo.

— Maitê... — soprei, com o sorriso de orelha a orelha e o celular virado para ela, mostrando a foto. Meus olhos estavam arregalados. — Eles estão aqui.

— Mentira! — Ela tampou a boca com a mão, parando de fazer seu delineado.

Nos encaramos e começamos a rir de felicidade, dando saltinhos.

— Ele disse que pousa em uma hora. Argh! Eu vou matar esse garoto — disse, olhando as mensagens. — Ele disse que não conseguiu folga.

— São dois idiotas — falou, sorrindo. — Argh, eu estava com tantas saudades do meu Leleco.

Fiz careta e encarei seu rosto. Ela riu.

— Vai me dizer que vocês não têm um apelido carinhoso? — Ela arqueou o cenho.

— Temos, mas Leleco?

— Sim, algum problema?

Espalmei minhas mãos em rendição e voltei a fazer minha maquiagem, sabendo que nosso tempo era curto. Me perfumei, coloquei meus acessórios que normalmente eu só usava em território gringo, e o presente que havia feito para quando eu o visse novamente. Quando Maitê estava pronta para ir, entramos na Mercedes Brabus G63 preta e saí do condomínio com os motores gritando, indo rapidamente para o aeroporto e com algum funk carioca tocando nos alto-falantes.

Maitê não parava de falar o quanto estava com saudades de Léo. Já estávamos indo para três semanas sem nos ver, eu também estava morrendo de saudades de Lennon. Meu corpo tremia, eu mal podia conter minha ansiedade de vê-lo novamente. Então, afundei meu pé no acelerador e voamos até o nosso destino.

Quando desliguei o carro no estacionamento do aeroporto, coloquei minha pequena bolsa no ombro e fomos para o desembarque, torcendo para que os quinze minutos que restavam passassem voando.

Maitê ainda tagarelava. E eu esfregava minhas mãos na calça para conter o nervosismo. Chequei meu cabelo e maquiagem milhões de vezes no ecrã do celular para ver se estava tudo certo. Eu mandava mensagens para Lennon, pedindo para que ele me atualizasse de onde estava. E quando soube que ele já havia pousado e passado pela alfândega, eu quase tive um treco.

— Eles podem aparecer há qualquer minuto — murmurei nervosa e na ponta dos pés para tentar ver alguma coisa.

— Eu acho que vou infartar. Minha roupa está boa? Eu estou cheirosa? — Olhei seu vestido curto branco e com mangas curtas pela décima vez.

— Sim, Ma. Você está linda. — Sorri de canto e repeti aquela frase mais uma vez.

— Lis, são eles! — ela disse rápido, rápida como um vulto enquanto corria até seu namorado, que carregava suas malas.

E eu fiz o mesmo assim que Lennon saiu de trás de Léo, sorrindo como nunca. Ele abriu os braços para me recepcionar e eu o abracei como se fosse a última vez que eu iria fazer isso em toda a minha vida, entrelaçando minhas pernas em sua cintura.

— Cacete, que saudades — ele grunhiu contra o meu ouvido. Eu o apertava cada vez mais, não conseguindo acreditar que ele estava realmente aqui. — Seu cheiro... Porra, como eu senti sua falta.

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