05 | RESPOSTA ERRADA

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LIS BELCHIOR

Que eu estava cansada não era novidade, mas eu não fazia ideia que eu estava tão cansada assim. Nossa viagem até Angra dos Reis durou até a madrugada, e eu fiz questão de revezar com Lennon no volante para que ele pudesse descansar um pouco durante a viagem. Ele estava podre de cansado, isso era visível em seus olhos inchados e baixos. E imediatamente, meu instinto cuidadoso baixou e eu me senti na obrigação de cuidar dele.

Então, sabendo que chegaríamos tarde, pedi para que pizzas fossem entregues no endereço da casa que iríamos ficar. Todos estavam cansados demais para preparar alguma coisa e provavelmente dormiriam com fome. Eu não queria isso.

A casa era simplesmente perfeita. Era em um condomínio e com uma praia privativa. Eu não esperava menos de Lennon, mas aquilo era incrível e lindo. E assim que entrei, fui direto para o banho.

— Nossa, obrigada por esperarem — reclamei, vendo todos devorando as caixas de pizza enquanto eu caminhava até o único lugar livre ali ao lado de Lennon.

— Desculpa, prima. Estávamos com muita fome — balbuciou Maitê, de boca cheia.

Enrolei meu cabelo em um coque e coloquei minha pizza em um prato, lavando as mãos antes de começar a comer com a mão.

— Vossa madame não utiliza talheres ao comer uma pizza? Uh, que revoltada! — caçoou Lennon, fazendo careta.

Maitê soltou um riso sincero, que deixou todos da mesa confusos. Revirei os olhos e os ignorei. Mordi minha pizza e suspirei, fechando os olhos. Aquilo era divino.

— Não é como a mesma que estava acostumada, né? — perguntou Léo, rindo fraco.

Neguei com a cabeça, sem conseguir responder. Ergui meus braços de felicidade e tombei a cabeça para trás. O pessoal riu.

— Porra, eu não me lembro de comer algo tão bom assim — balbuciei.

— Você falou a mesma coisa do prato feito que comemos segunda — resmungou Maitê.

— Ah, verdade. Falei. Mas isso entra na lista também.

Enchi minha boca com mais um pedaço de pizza e isso se estendeu até eu não conseguir mais respirar, depois de cerca de quatro pedaços. Beberiquei um pouco do chá de Lennon, que estava em sua pequena garrafa. Ele mal se importou e continuou conversando. Respirei fundo e agradeci por estar com uma camisa grande e um shorts de dormir. Repousei a cabeça em seu ombro desnudo e ele passou o braço em minha cintura.

— Cansada? — perguntou.

— Muito. O jet lag resolveu dar um oi e aparecer logo agora — balbuciei durante um bocejo.

— Bom, temos apenas três quartos. Eu andei pensando e... — começou Pescadinha.

— Por isso o cheiro de queimado — Léo o cortou. Rimos todos.

— Te foder, Léo — brigou, franzindo o cenho. — Você e a Maitê ficam em um, Lennon e Lis em um e eu com a gata em outro. Fechou?

Ele havia sido rápido. E Lennon não era bobo. Pescadinha deu em cima de mim assim que me viu, e o lado ciumento de Lennon marcou território e fez com que Pescadinha procurasse outra para curtir a noite, que estava tímida na mesa. Marcela o seu nome, eu acho.

— Por mim tudo bem — disse, dando de ombros e encarando Lennon ao tirar minha cabeça do seu ombro.

— Por mim, também — respondeu na mesma intensidade.

Voltei minha cabeça para o seu ombro e senti meus olhos arderem em mais um bocejo. Lennon me acompanhou, mas coçou os olhos durante o ato com as costas das mãos. Ri fraco daquilo, ele sempre ficava parecendo uma criança fazendo aquilo.

ANTES QUE VOCÊ VÁ | 𝙇𝟳𝙉𝙉𝙊𝙉 Onde histórias criam vida. Descubra agora