21| DESERVE YOU

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LIS BELCHIOR

Finalmente, casa.

Depois de horas na estrada, eu finalmente estava no Rio. Meu corpo pedia por cama e descanso, mas os pais de Lennon insistiram para que fôssemos tomar café da tarde com eles hoje, já que não conseguimos chegar cedo para o almoço. E fomos sem retrucar, eu estava faminta e doida para qualquer outra coisa que não fosse a comida do hospital. Mas antes, deixamos Léo e Maitê em casa e passamos no apartamento do meu pai para despreocupa-lo. Quase não conseguimos sair de lá, mas dei a desculpa de que precisava descansar - o que não era mentira - e fomos para a casa da mãe de Lennon após comprar algumas coisas na padaria. Tocamos a campainha enquanto eu me segurava em Lennon, ainda fraca e fomos recebidos por um enorme sorriso.

— Lis, minha filha... — Ela suspirou ao me puxar para um abraço apertado. — Você quase me mata de susto, filha. Você está bem?

Ela me soltou e acariciou o meu rosto com lágrimas nos olhos. Forcei um sorriso para parecer bem, mas seus olhos caíram para o meu pescoço roxo e cheio de arranhões. Vi Silvana tremer os lábios e chorar em silêncio para não assustar as crianças que estavam dentro do apartamento.

— Calma, mãe... — Lennon disse, a puxando para um abraço. — Está tudo bem agora.

— Eu estou bem, tia Sil — disse com dificuldade contra a minha voz rouca e baixa, acariciando o seu braço. — Melhor agora que estou em casa, eu te prometo.

Ela tirou o rosto do peito de Lennon e soluçou baixinho.

— Como uma mãe pode fazer isso com a própria filha, meu Deus? — sussurrou, acariciando o meu rosto. Ela respirou fundo e fechou os olhos, tentando se acalmar. — Desculpa, é que...

Ela negou com a cabeça e enxugou as lágrimas, fungando o nariz.

— Vamos, entrem. Seu pai e avós estão aqui, também. — Ela forçou um sorriso.

Lennon entrou carregando a minha bolsa e as sacolas. Sorri para Silvana, a puxando para um abraço.

— Eu vou ficar bem, Sil. O pior já passou, ok? Não se preocupe, ele está cuidando muito bem de mim.

Ela sorriu e soluçou mais uma vez ao puxar o ar. Ela riu e afagou minhas mãos.

— Você sabe, eu sempre fui chorona assim mesmo.

— Sim, eu sei. — Rimos juntas.

— Vem, vamos entrar. — Ela me puxou para dentro e fechou a porta.

Adentrei o apartamento calmamente devido minhas pernas levemente bambas e desacostumadas a andar. Silvana me levou até a sala, onde estava o pai de Lennon, seus irmãos e seus avós. Sorri abertamente e me senti desconfortável por estar sem nada cobrindo o meu pescoço. Mas tentei não ligar para isso e abracei todos, até mesmo seus irmãos tímidos.

Lennon me fez sentar no sofá e se sentou ao meu lado. Sorri ao sentir seu braço em minha cintura e ver seus pais sorrirem com a cena. Eles me amavam e se importavam comigo. E isso era o que mais contava no momento. Lennon riu com os diversos sorrisos que ganhamos.

— Então... — Zeca começou, com um sorriso de canto. — Você é oficialmente da família agora?

— Da família ela sempre foi, Zeca — disse a vó Marlene.

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