Harry estava transtornado, olhava para o rosto cínico de Draco que estava sentado na mesa preenchendo alguns relatórios. Já não bastava ter perdido o almoço com os Weasley's, que descobriu ter sido extremamente importante, o cardiologista queria que perdesse a vida também. Só podia ser vingança, Harry presumiu, pelo que havia falado naquele dia na enfermaria.
- Potter, não adianta fazer cara feia. Estou lhe pedindo isso para seu crescimento profissional! – Draco disse tranquilamente.
- Desde quando escrever um bulário sobre seus pacientes pode ser para o meu crescimento? – Harry mirou o loiro com as esmeraldas.
- Harry Potter, eu mais do que todos em sua vida, lhe odeio. – Malfoy tirou os olhos dos relatórios e fitou Harry. – Você é o típico aluno otimista da Medicina que eu teria o prazer de afundar. Porém, você é meu estagiário e eu prezo pelo meu nome.
- Falando dessa forma, até parece que realmente se importa! – Harry resmungou e pegou outro prontuário.
- Realmente, eu pouco me importo com você. Mas eu não quero ter um reles mortal como você, acabando com o meu histórico positivo de formar bons médico. – Malfoy disse – Parkinson e Nott são dois crânios, eu não preciso me preocupar com eles. Agora você, Potter como passou na faculdade?
- Eu não sou teórico como você, meu jeito de lidar com os pacientes é outro! – Harry bradou.
- Tudo bem, mas me responda, um paciente com uma parada cardíaca e você vai simplesmente salvá-lo com seu espírito de herói? – Malfoy respondeu segurando a vontade de ir até o garoto e socá-lo.
- Eu nunca precisei socorrer alguém assim e... – Harry começou
- Foi uma pergunta retórica, anta! – Malfoy revirou os olhos. – Você quer credibilidade, Potter? Pois eu te digo o que acontece com pacientes que ficam na mão de cuzões como você.
- Olha como você me chama – Harry ficou corado pelo xingamento.
- Vai ficar nervosinho pois estou colocando essa sua marra no chão? – Malfoy o encarou. – O que um paciente na beira da morte precisa é de alguém que saiba o que está fazendo. Você acha que ser médico se trata apenas de "eu quero salvar vidas" ou qualquer baboseira que você e outros milhares de estúpidos que querem fazer medicina pensam?
Malfoy estava exaltado.
- Pois eu te digo que não é isso, quando eu vejo um adolescente de merda dizer que quer cursar medicina porque teve uma experiência dramática, eu tenho vontade de socá-lo até ele precisar de um médico e ir conhecer o que é medicina na prática. – Malfoy cuspia as palavras. – Snape no meu primeiro estágio com ele me moeu. Tirou todo e qualquer orgulho que eu poderia ter. Eu era claramente parecido com você, mudando que eu era inteligente, mas eu aprendi que não seria só por uma experiência dramática que eu vivi. Seria porque eu estava disposto a vender a minha alma ao diabo se isso fosse salvar uma vida. Que eu ia escrever bulários para não ser um estúpido arrogante que prescreve medicamentos errados ou comete erros estúpidos que custam vidas!
- Você está descontando sua frustrações em mim! – Harry falou.
- O que? – Draco olhou pasmo.
- Você ficou falando um monte de coisas sem nexo! – Harry o encarou de volta – Eu não sei como é a sua vida, Malfoy, mas eu não preciso ser humilhado por você.
- Francamente, Potter! – Malfoy respondeu. – Eu posso ter me exaltado, mas não muda o fato que trabalharei para que você seja um bom médico. E trabalhando duro para tornar sua vida, um verdadeiro inferno, que deixemos claro.
- Você é detestável! – Harry respondeu.
- Ande, já deu o horário, deixe esses papéis e vá se arrumar. – Draco iniciou e olhou o relógio – Você tem o total de dez minutos para me encontrar na emergência.
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Harry corria pelos corredores, técnicos e enfermeiros trombavam em si constantemente. A emergência estava uma loucura naquele horário, bandejas com gases e algodões ensanguentados e enfermeiras tentando estancar sangue de alguns pacientes.
- Bem vindo, Potter! – Draco disse sorrindo irônico. – A emergência do St. Mungus presta serviços gratuitos para aqueles que não podem pagar. Não olhe com esse espanto todo, eu que sou filho de aristocratas já vi hospitais piores.
Antes que Harry pudesse responder as portas se abriram e uma maca adentrou rodeada guiada pelos paramédicos.
- Doutor Malfoy! – um enfermeiro gritou.
- O que aconteceu? – Draco tomou postura e Harry ficou atento a postura do médico.
- Vítima de tiroteio. Sangramento abdominal e com indícios de parada cardíaca – O enfermeiro respondeu.
- Venha com ele pra cá – Malfoy empurrou a porta e logo adentraram uma sala. Harry mal piscou – Potter, pinça algodão!
Harry buscou prontamente na mão de uma enfermeira. Entregou para o médico que pegou.
- O que você está esperando infeliz? Massagem cardíaca! Enfermeiro, escada.
O enfermeiro logo veio com a escada que Harry pegou prontamente e subiu para ficar na altura correta, aplicando a massagem cardíaca.
- Hemorragia. Puta que o pariu! – Malfoy praguejou. – David, irei estancar o ferimento do paciente. Solicite vaga para cirurgia de emergência, bala alojou.
- Sim, doutor! – o enfermeiro saiu rapidamente.
- Potter, venha cá. – Malfoy trocou de lugar com Harry que dava a atenção ao que fazia mas notava que o Malfoy estava se descabelando. – Caralho, você não pode morrer agora, cara!
- Malfoy – Harry falou mas não foi ouvido.
- DAVID! – Malfoy gritou e o enfermeiro veio – Desfibrilador!
- OK! – o rapaz respondeu e logo o aparelho lhe foi dado.
- Vamos lá – Malfoy disse e puncionou. O choque foi imediato. Passaram mais dez minutos para estabilizar o quadro do paciente e o mesmo subiu para cirurgia.
Malfoy estava ofegante, Harry ainda sentado na escadinha. Reparou no platinado jogando ao canto da sala, o uniforme de Malfoy era totalmente preto, o topete estava parcialmente desfeito pelo suor e correria que teve. O rosto corado e os lábios entreabertos. O braço pendido ao lado do corpo revelava a tatuagem no antebraço, identificou então uma cobra que saía de uma caveira.
- A curiosidade matou o gato, Potter! – Malfoy riu soprado e se levantou – Vamos, a noite só começou.
- Se eu não morrer hoje, não morro mais! – Harry proferiu.
- É aquela coisa quem não morre não vê a Deus. – Malfoy respondeu – Eu não vou morrer e sequer creio em Deus.
Harry acabou rindo da fala de Malfoy que apenas sorriu fraco ao ouvir a risada do moreno.
CONTINUA
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Não Brinque Comigo - Drarry
RomanceHarry Potter não esperava que ao iniciar seu estágio no Hospital St. Mungus teria ninguém menos que Draco Malfoy como seu supervisor. Tão pouco esperava ter um caso com o mesmo e serem descobertos por Astoria Greengrass, a esposa do cardiologista. A...