Draco despertou naquela manhã sabendo que não estava muito bem, sentia-se indisposto e percebia que o horário estava bem mais tarde do que costumava acordar habitualmente. Pensava que as dores de cabeça eram resultado da briga com Harry Potter, mas logo notou que as mesmas eram fruto de todo sono que vinha acumulando há dias. Aquela semana de folga não seria de todo ruim, uma vez que poderia recuperar-se daquela rotina exaustiva e dedicar algum tempo para si.
Levantou-se da cama e seguiu para um banho costumeiro, era horrível iniciar o dia sem um banho, pois ficava indisposto e a sentir-se extremamente sujo. Vestiu uma calça de moletom preta e uma regata da mesma cor. Calçou as pantufas negras e apenas secou de forma desajeitada os cabelos na toalha. Deixando que os fios dourados secassem naturalmente. Foi para a cozinha e refletiu rapidamente no que sentia vontade de comer, não era como na casa de seus pais, que sempre havia a forma de solicitar algo à empregada. Draco sempre prezou por não ter uma, ainda que isso resultasse em um confronto com Astoria. Só tinham contratada uma mulher que ajudava na limpeza da casa.
Draco por fim montou um sanduíche e pegou um copo de café amargo. Uma cãobinação exótica que era capaz de colocar um sorriso no rosto do rapaz. Ouviu o celular tocar e logo se questionou sobre quem poderia ser. Logo viu que se tratava de Blaise.
- Alô! – Draco disse e deu outra mordida no pão.
- Draco, por que diabos seu estagiário entrou com um pedido para que fosse transferido para mim? – Blaise disse.
- Quem? O Potter?! – Draco largou o pão sobre o prato.
- Ele mesmo. Cara, você fez o que com o garoto? – Blaise questionou curioso.
- Eu não fiz nada! – Draco respondeu.
- Se eu não lhe conhecesse compraria a ideia, mas eu te conheço e sei que inocente você nunca é! – Blaise disse de imediato.
- Eu e ele saímos no soco! – Draco falou.
- Porra, Malfoy! Como você pode sair no soco com seu estagiário?! Não tem medo de manchar sua carreira? – Blaise disse indignado.
- Ele me provocou! Disse que eu descontava meus problemas de casa nele! – Draco apoiou a mão livre no balcão.
- Cara, até eu sofro contigo descontando frustrações pessoais com a Astoria! – Blaise disse.
- Qual é, Zabini?! Até você vai vir me dar lição de moral? Porque se eu for ouvir esse sermão novamente, eu já encerro essa ligação! – Draco respondeu.
- Você não vai encerrar porcaria nenhuma que não seja esse seu casamento de merda! – Blaise se indignou.
- Blaise... – Draco iniciou.
- Não! Não! Não! Chega, Draco! Essa situação já chegou no limite. – Blaise disse. – Eu mantive minha amizade contigo mesmo quando você se negou a aceitar a minha ajuda.
- E ser deserdado?! Você acha que as coisas são assim tão simples? – Draco se defendeu.
- E onde podem ser complicadas para você? Você reclama de boca cheia! É um covarde, você é um covarde, Draco Malfoy!
- Covarde?! Você não sabe pelas coisas que eu passei! – Draco disse nervoso.
- As coisas que você passou? Que porcaria de vida difícil que o menino Malfoy teve! Seus pais pagaram todo o seu curso, foi sempre um privilegiado! – Blaise respondeu ainda mais nervoso.
- Eu não vou aturar ouvir isso de você! – Draco disse.
- Ótimo, vá em frente! Seja sempre o cara que foge dos problemas e se conforma com tudo! – Blaise respondeu. – O que me chateia, Draco, é nunca mais ver o cara que eu considerava o meu melhor amigo.
E então a linha ficou muda, Blaise havia desligado em sua cara. Draco puxou então a única ponta que lhe trazia a paz em descontar todas as suas frustrações, Harry Potter. A forma desafiadora e estupidamente orgulhosa que lhe dirigia aquelas orbes esmeraldas, se amaldiçoava em saber que o rapaz conseguia gerar tais reações sobre si. Foi tão absorto naqueles pensamentos que quando Astoria chegou, Draco completamente alheio a pegou pela cintura e iniciou o ósculo. Logo a mulher estava em seu colo a caminho do quarto.
Draco tentava olhar para os olhos de Astoria, tentava procurar a mesma vivacidade naqueles olhos também verdes mas que em nada possuíam a mesma influência que as orbes do Potter sobre si. Aqueles olhos não conseguiam colocá-lo em posição de querer domá-la a qualquer custo, mas Draco iria conseguir. Iria conseguir que aqueles olhos esmeraldas deixassem de ocupar sua mente. Foi quando em meio a uma estocada, quase cometeu o deslize.
- Pot-... Porra! – Draco olhava para a silhueta que se arremetia e em um devaneio via o olhar do Potter para si. Draco tomou ar e logo voltou ao foco em ver que aquela era Astoria. Por um segundo quase gemeu o nome de seu estagiário.
- Amor. – Astoria gemia e Draco em frenesi a estocava em veemência, forte e fundo. Astoria caiu sobre os travesseiros em meio a um orgasmo e com o ritmo frenético de estocadas, Draco mal teve consciência de evitar o orgasmo que tomou conta de si, ainda que houvesse retirado o pênis logo em seguida, a vagina deixava vazar os resquícios de seu sêmen.
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Harry sabia que havia tomado a decisão certa ao telefonar para o doutor Blaise Zabini e pedir que o mesmo aceitasse ser seu supervisor. O homem claramente questionou Harry acerca de suas razões ao solicitar aquela transferência, mas Harry apenas soltou um riso forçado e limitou-se a dizer que ele e Draco tinham personalidades incompatíveis. O moreno não queria prolongar aquele problema que tinha com o platinado.
Não entendia como ele e Draco poderiam ter tanto atrito daquela forma, mas reconhecia sua postura irreverente com o cardiologista e reconhecia a postura abusiva de Draco consigo. Tinha que afastar-se ao máximo dele por sua saúde mental. Ainda que se considerasse forte o suficiente para lidar com frustrações, era inevitável não notar alguns problemas que vinha desenvolvendo.
Antes nunca fora alguém que procurasse insanamente por erros em sua postura profissional e agora tinha neuras que estava agindo incorretamente. Era como se qualquer mínimo ato que fizesse com Draco a olhá-lo, indicasse que era um incompetente e tão logo o repertório de insultos vinham. A insegurança mesmo quando estava em frente a um paciente, o desejo constante de ser perfeito para que não houvesse motivos para que Draco o considerasse inútil. Mesmo quando foram operar juntos aquela criança, Harry sentia-se mal e com medo de não atender as expectativas de Draco, mas estes eram medos que guardava para si.
Sentia-se sufocado, inseguro, frustrado e triste, mas nada sobrepunha as lágrimas de raiva que rolaram ao perceber que o centro de sua vida mudara, seu foco em se tornar um bom médico, voltou-se para Draco Malfoy. Harry nunca perdoaria Draco pelo que o mesmo havia feito consigo.
CONTINUA
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Não Brinque Comigo - Drarry
RomanceHarry Potter não esperava que ao iniciar seu estágio no Hospital St. Mungus teria ninguém menos que Draco Malfoy como seu supervisor. Tão pouco esperava ter um caso com o mesmo e serem descobertos por Astoria Greengrass, a esposa do cardiologista. A...