Dois Sob o Mesmo Teto

TREZE

Já é de noite quando finalmente tenho tempo de fazer as minhas atividades que deixei acumular. Não sei onde estava com a cabeça quando resolvi fazer isso, mas era tanta coisa em mente que não conseguia nem me situar direito para fazer as coisas da escola.

     A previsão do tempo hoje havia alertado para uma possibilidade de tempestade isolada em algumas regiões. Lá fora, o vento está meio forte e tem poucas nuvens. Talvez o temporal tenha se deslocado para longe daqui. O clima agora à noite está bem agradável e não tão calor como antes.

     Fazia as atividades na sala quando de repente as luzes se apagaram. Soobin estava revisando comigo as atividades que eu já havia feito e estava me ajudando muito.

     — O que houve? — perguntou ele.

     Acendo a lanterna do celular para iluminar na direção dele.

   — Acho que acabou a luz — digo.

     — Você pagou a conta desse mês, Yeonjun? — perguntou Soobin.

     — Lógico que sim.

     Me levanto e vou até a janela. A vizinhança toda também estava sem luz e num breu total. Quase não podia enxergar nada lá fora.

     — Parece que não foi só aqui — complemento.

     Soobin suspira profundamente.

     — Me ajude a achar as velas — disse ele.

     Começo a procurar nos armários e nas gavetas até que finalmente encontro elas no armário onde fica a pia.

     — Achei — Entrego a ele.

     — Ótimo.

     Acendo algumas velas e ilumino algumas partes da sala e da cozinha sempre o ajudando. A luz é fraca, mas ela consegue dar conta de iluminar quase tudo pelo menos e não ficamos completamente cegos.

     — O que faremos agora? — questionei. — Vai ser chato a gente ter que ficar por aqui sem fazer quase nada e sem eletricidade. Não tem tanta graça.

     Soobin estava meio inquieto agora. Se está nervoso, não demonstra. Mas parece ansioso com algo e acho que é porque ele deve ter medo do escuro.

     — A gente poderia ir ver as estrelas — sugeriu ele. — Tem o terraço lá em cima e é aberto para os moradores.

     Nunca ele havia mencionado a existência desse terraço, mas eu deveria saber que estamos em um prédio e consequentemente teria um. Mas não que ele fosse público.

     — Está bem. Pode ser. Não é uma má ideia.

     Um sorriso surge em seu rosto. Ele está satisfeito com a resposta.

     — Certo — disse ele, preparando algumas coisas. — Você pode ir na frente. No finalzinho do corredor tem uma porta que dá para as escadas. Suba e vai chegar lá.

     Assento e faço o que ele pede.

     No final do corredor tinha realmente uma porta para a escadaria do prédio. Vejo que não havia uma placa proibindo a entrada então o Soobin estava certo sobre ser um espaço para quem mora aqui.

     Subo os degraus até chegar na porta que dá para o terraço. O vento frio me surpreende quando abro a porta e até que aqui é bem alto e escuro, restando só a luz do luar para iluminar. O prédio não tem vista para a cidade toda porque não estamos em um mirante, mas pelo menos dá pra ver boa parte do bairro. Ao horizonte estão as luzes da cidade por onde não faltou energia.