DEZESSEIS

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Passaram-se um mês e estamos perto do final de ano. Quem diria que o tempo passaria voando dessa forma depois de eu ter me mudado e vindo para cá. As emoções foram muitas e eu sobrevivi a tudo isso. Nas vitrines das lojas já estavam à venda os produtos natalinos, sendo o mais comum os piscas-piscas que enfeitam as fachadas e as árvores de natal. A prefeitura também começou a instalar essas iluminações pela cidade deixando tudo mais bonito.

     Não gosto muito desse clima de ter que enfeitar a casa todo ano com esse tipo de coisa porque não tenho esse espírito natalino. Seria o primeiro natal que eu passaria aqui e na companhia do Soobin.

     Em frente ao apartamento há uma placa dizendo "FELIZ NATAL E PRÓSPERO ANO NOVO" como uma forma de recepcionar os moradores nessa época, o que acho muito legal. Soobin estava caminhando ao meu lado na entrada quando ele para abruptamente e olha para trás.

     — Algum problema? — perguntei, tentando olhar na mesma direção que ele, mas não vejo nada.

     — Tive a sensação de ter alguém nos seguindo — disse ele semicerrando os olhos.

     Olho com mais atenção na rua quase escura à luz do pôr do sol e não encontro nada que seja suspeito. Apenas um saco de lixo que se mexia na cesta de uma casa, mas é um gato saindo dali.

     — Não é ninguém — constatei.

     Mas Soobin insistia em continuar procurando na tentativa de pegar alguém em flagrante.

     — Pode ser um ladrão ou coisa do tipo — disse ele. — Melhor ficar de olho e chamar a polícia.

     Balanço a cabeça. E ele não tira os olhos da rua.

     — Se fosse mesmo um ladrão, ele já teria nos abordado. — Caminho até à portaria do prédio. — Vem, vamos entrar.

     Ele olha só mais um pouco pela rua toda para ter certeza de que estou certo e só então resolve entrar.

     Soobin preparou um jantar básico com umas coisas que ele viu na internet. Durante algum tempo eu estive ensinando a ele o que sei na cozinha e isso incluía tudo que já fiz até agora. Finalmente ele pode deixar de lado aquele velho costume dele de fazer macarrão instantâneo que não fazia nada bem.

     A comida estava boa e agora ele traz um suco, mas integral. Um suco de uva para cada em taças, embora não sejam próprias para a bebida. Soobin é quase maior de idade, mas mesmo assim ainda não pode ingerir álcool por mais que dezoito para dezenove anos seja sutil.

     — Tome — disse Soobin, estendendo para mim uma das taças. — É suco, mas o gosto é praticamente o mesmo que o de vinho tinto, então nós podemos fazer de conta que é.

     — Não tem problema — digo, pegando de sua mão.

     A bebida estava gelada. Mexo a taça em movimentos circulares fazendo o negócio brilhante de dentro dela bater no vidro, mas eu não o vejo. Talvez porque estivesse bem pequeno.

     Bebo o suco pausadamente desfrutando do sabor e fazendo de conta que é vinho.

     — Se o gosto é mesmo parecido, quer dizer então que você já bebeu vinho?

     — Não. Foi a minha mãe que disse, mas eu não sei se é verdade. — Ele come um pouco da comida que ele havia feito. O mesmo que eu fiz inspirado na culinária chinesa. — A comida está boa?

     — Sim. Você aprende rápido quando se trata de cozinhar. Eu te ensinei muito bem.

     Faltando pouco, engulo o restante do suco, mas sinto alguma coisa dura ficar entre os meus dentes e seguro com uma mordida antes que engolisse sem perceber nada. Tiro da minha boca colocando na palma da mão. Na verdade era um anel de brilhantes.

Dois Sob o Mesmo TetoOnde histórias criam vida. Descubra agora