DEZ

458 60 20
                                    

Yeonjun

Ter discutido com o Kai sobre o fato de eu estar morando com o Soobin me deixou abalado. Ele soube da pior forma o que eu estava tentando esconder há meses. Talvez se eu tivesse sentado com ele e conversado com calma, ele talvez entenderia o meu lado e não teríamos esse desentendimento. Me doía ter que esconder o segredo dele, mas era necessário. Sabia que agora ficaríamos num climão no trabalho e já até penso em formas de desculpas. Talvez posso usar a Escuta Criativa com ele também.

     Penso em falar com o Soobin sobre o que aconteceu já que ele está num ótimo humor ultimamente, mas me lembro do fato do Kai ter descoberto tudo e acho melhor não falar nada.

     Chego em casa meio-dia em ponto. Soobin estava fazendo o almoço e o cheiro de tempero por todo o apartamento é divino. Me lembro da minha mãe agora quando eu chegava em casa uma hora dessas e o aroma reverberava pela casa toda. A minha barriga ronca como o motor de um caminhão só de lembrar.

     O cheiro em si era do arroz e da sopa de algas que tanto gostei. Para falar a verdade, até que não me enjoo comendo quase a mesma coisa todo santo dia, exceto os lámen que eu faço. Às vezes é bom que o Soobin faça coisas diferentes, mas que também cozinhe o que é tradicional, como a sopa de algas, o peixe e arroz.

     Soobin dá um sorriso quando me vê, por mais incrível que pareça. Não gosto da ideia de ter que acabar com essa felicidade dele depois do que eu tenho para contar.

     — Que bom que chegou — disse ele pondo à mesa. — Só faltava você.

     Olho ao redor, estranhando seu comentário.

     — Nós somos os únicos aqui — respondi.

     — Eu sei. Por isso mesmo — ele sorri outra vez.

     Me sento à mesa e percebo que ele também começou a sorrir mais vezes como eu tinha desejado. Acho que o universo começou a atender os meus pedidos e agora só peço que as coisas continuem do jeito que estão. Talvez agora o Beomgyu estivesse certo sobre ele estar fazendo essas coisas para me agradar.

     — A sopa parece deliciosa — digo, enquanto aprecio o aroma.

     — Obrigado. Mas pode não ser diferente das outras vezes — disse ele se sentando à mesa. Soobin pega o hashi o colocando na sopa e traz as algas até mim. — Prove.

     Abro a boca e ele enfia gentilmente a comida na minha boca.

     É gostoso demais para ser verdade. Soobin pode ter feito isso de outro jeito porque parece melhor, e acho que talvez ele esteja ficando cada vez bom nisso.

     Engulo. Deixo um sorriso escapar pelos meus lábios.

     — Está uma delícia — digo. — Você é um cozinheiro de mão cheia, Soobin. Acho que deveria trabalhar no restaurante do pai do Kai comigo.

     De repente, ele fica levemente corado. Quase achei que ele ficaria bravo por ter ouvido o nome dele ou coisa assim. Parece até estar surpreso como se nunca tivesse ouvido um elogio meu. Soobin volta à realidade, pegando o prato e se servindo e eu faço o mesmo.

     — Alguma novidade? — ele pergunta enquanto se serve com o arroz, distribuindo pelo prato.

     Penso novamente sobre o que aconteceu entre mim e o Kai. Se eu contasse, a felicidade dele iria por água abaixo e ele voltaria a ficar puto comigo. Até mesmo decepcionado por eu ter feito a mesma coisa de novo e de novo. Se eu escondesse, mais cedo ou mais tarde ele iria ficar sabendo. O pior seria ele saber pelos outros e não por mim, como aconteceu com o Kai.

Dois Sob o Mesmo TetoOnde histórias criam vida. Descubra agora