— Então, eu sei que nós temos nossas diferenças e que você não vai muito com a minha cara desde o ensino médio... — ela começou, ponderando bem as palavras para o moço à sua frente que escutava tudo com os braços cruzados e a expressão levemente curiosa em meio ao tédio.
— Ensino fundamental. — corrigiu rapidamente, recebendo uma revirada de olhos da garota diante dele. Na verdade, nem ele sabia bem quando foi a época exata em que passou a achar estranhamente irritante o modo como ela sempre chamava a atenção por onde passava.
— Tanto faz. A questão é que eu realmente preciso da sua ajuda. — a garota continuou, guardando as mãos nos bolsos do suéter cinza para cerrar o punho ao escutar a risada dele um tanto debochada.
— Uau, Katrina Petersen precisando da minha ajuda? É algo que realmente não se vê todo dia. — ele descruzou os braços para os apoiar na mesa onde estava encostado, encarando a pura expressão de tédio que ela mantinha no rosto.
— Eu odeio ter que admitir isso, mas você é a única pessoa inteligente que eu conheço que talvez possa me ajudar. — ela resmungou como se fosse a maior vergonha da sua vida ter que dizer isso e Turner deu um leve sorriso de canto para não ter que expressar a surpresa. Sabia que era inteligente, um dos melhores da turma, mas escutar isso vindo da mulher que passou quase a vida inteira o desprezando era de fato surpreendente.
— Você é popular, Katrina. Por que não pede ajuda aos seus inúmeros colegas espalhados pelo campus? — ele ponderou, a vendo respirar fundo, levando a mão para esfregar a testa e subir um pouco mais para ajeitar o cabelo e não deixar o rabo de cavalo carregado de gel fixador se desmanchar com um fio solto. De fato, Katrina Petersen era bastante popular, afinal, era de se esperar que a stunt e uma das grandes cheerleaders da Atlética Caçadora fosse popular na universidade.
— Qual parte de "você é a única pessoa inteligente que eu conheço" você não entendeu? — Katrina indagou com sua ironia exacerbada que poderia ser sentida de longe. — Acredite, Turner... eu não estaria aqui quase me ajoelhando pela sua ajuda se eu não estivesse tão desesperada. Eu só quero passar de ano, caralho. — soou impressivamente atordoada só de pensar na ideia de acabar reprovando ou pagar dependência nas matérias, o que iria acarretar na perda de sua bolsa e seu posto como líder de torcida e sua popularidade definharia ralo abaixo, já que possuir um bom histórico de notas era critério fundamental para ser uma líder de torcida.
Turner pensou por um momento. Sabia que Katrina era inteligente mas nem tanto assim a ponto de estar com notas baixas nas matérias de Cálculo e Física Experimental, o que o fez se questionar do motivo de ela ter escolhido justamente o curso de Engenharia. Em outra banda, também concluiu-se que as matérias de Cálculo não eram tão fáceis assim de se passar se não prestasse atenção em cada palavra dita pelo professor em sala de aula. Um único sinal trocado e uma atividade que tomou sete folhas de caderno não valerá de nada.
— Olha, pode pedir o que você quiser em troca. — Petersen quis soar persuasiva, fazendo de tudo para ele aceitar tirar a corda de seu pescoço antes que ela acabe por se enforcar no final do semestre e tudo venha por água abaixo.
Alexander levantou o olhar para ela. Essa oferta pareceu tentadora demais, até mesmo para ele, que nunca foi de pedir algo em troca de ajuda em alguma matéria.
— Qualquer coisa? — levantou a sobrancelha, com as possibilidades passando por sua cabeça como infinitas contas e equações matemáticas.
— Qualquer coisa, porém depende. — Katrina voltou atrás em sua decisão de oferecer qualquer coisa, ela não fazia ideia do que ele iria pedir em troca e não queria correr o risco. — Qualquer coisa que estiver ao meu alcance.
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Before The Cinnamon Rain | Alex Turner (CONCLUÍDA)
RomanceNa Dinamarca, se você chegar aos 25 anos de idade e ainda estiver solteiro, é agraciado com uma verdadeira chuva de canela em pó como castigo baseado em tal tradição que perdura por várias gerações no país. E é exatamente esse o pior pesadelo de Ale...