𝐗𝐗𝐕𝐈𝐈𝐈 • 𝐓𝐡𝐞𝐫𝐞 𝐀𝐫𝐞 𝐍𝐨 𝐇𝐚𝐧𝐝𝐥𝐞𝐬 𝐅𝐨𝐫 𝐘𝐨𝐮 𝐓𝐨 𝐇𝐨𝐥𝐝.

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Ponto de vista — Katrina Petersen.

Bons dias passaram desde o aniversário de Alex. Eu não o vi desde então. Continuei vivendo na minha, aceitando aos poucos a ideia de que realmente não teria espaço para mim ali e que possivelmente era melhor assim. Eu gosto muito de me agarrar à ideia de que: se Alex está feliz, então eu também estou.

No fim das contas, acho que estou ficando igual a minha mãe.

— O que quer fazer no seu aniversário, querida? — escutei ela me perguntar enquanto eu limpava a bancada da cozinha após finalizarmos o nosso almoço nesse dia de domingo.

— Não sei ainda. Talvez me enfiar em um buraco. — respondi com um pouco de humor. Ainda que estivessem faltando alguns dias, minha mãe gostava da ideia de se adiantar para preparar algo, ainda que eu não gostasse de festas como antigamente.

— Suas primas confirmaram que vão vir, vocês podem fazer algo. Afinal, são 25 anos. — ela disse, relembrando que sim, eu iria fazer 25 anos daqui alguns dias. Ela não tocava no assunto da chuva de canela, até porque até onde ela sabia eu estava com Matthew. Honestamente, eu nem sei mais qual é meu status de relacionamento.

— É, a gente pode pensar em algo até lá. — concordei, indo lavar as mãos após terminar de limpar tudo. Por mim, eu não saía de casa para absolutamente nada. Sempre pensei que meus 25 anos seriam comemorados de maneira incrível e inesquecível, com uma grande festa dada pelos meus amigos da faculdade e com um namorado incrível ao meu lado. Hoje, eu já não consigo pensar dessa forma. Comemorar em casa só com minha família e alguns amigos que ousarem aparecer já está de bom tamanho.

— Você vai querer um bo... — minha mãe questionava, sendo interrompida pelo som da campainha tocando. Nós duas encaramos a porta da sala antes de nos entreolharmos, provavelmente pensando quem seria. — Está esperando alguém?

— Não. Você está? — respondi e a vi negar com a cabeça. Dei alguns passos pelo corredor, me prontificando a abrir a porta. Poderia ser algum vizinho, alguma encomenda ou algum familiar que resolveu aparecer sem aviso prévio.

Ao abrir a porta, eu não consigo emitir nenhum som ou esboçar alguma reação. Eu odeio a ideia de ser pega de surpresa por quem eu menos espero. Minha mão se fechou contra a maçaneta, sentindo vontade de fechar a porta e fingir que ele não estava aqui na minha frente segurando um buquê de flores em uma mão e alguns chocolates na outra mão.

— Kristian? Mas o que... — a voz incrédula de minha mãe soou ao fundo, indicando que assim como eu, ela não acreditava no que via.

— O que você tá fazendo aqui? — perguntei. Diferente da minha mãe, eu fui um pouco rude com minha pergunta, mantendo a expressão neutra. Ele deixou as sobrancelhas caírem um pouco.

— É assim que você recebe o seu pai depois de tanto tempo, estrelinha? — ele me perguntou, expressando um pouco de ofensa em sua voz enquanto balançava a cabeça em negativa.

É, meu pai teve a cara de pau de aparecer aqui depois de tudo o que fez.

— Não me chame assim. O que você tá fazendo aqui? — voltei a questionar, tentando manter o controle. Eu odiei isso, de verdade. Estava tudo bem até ele aparecer. Por que ele tinha que aparecer?

— Vim ver como minha filha está, é um direito meu, aliás. — respondeu com naturalidade, dando alguns passos adiante para entrar. — Até porque é seu aniversário, eu não poderia deixar isso passar. — disse estendendo a caixa de chocolates para mim. Costumava ser meus chocolates favoritos quando criança, eu adorava a explosão de sabores na boca. Ele costumava comprar para mim quando eu ficava chateada com ele, pensando que isso faria minha raiva passar, e acredito que esse foi seu intuito agora.

Before The Cinnamon Rain | Alex Turner (CONCLUÍDA)Onde histórias criam vida. Descubra agora