Ponto de vista — Katrina Petersen.
Digamos que eu tentei evitar Turner pelo máximo de tempo que consegui. Eu não conseguia olhar para ele sem me lembrar de Alexa e de tudo o que ela me disse. Ou não conseguia pensar nele sem querer desejar afundar minha cabeça numa panela com óleo fervente para ao menos ocupar minha mente com a dor de ter minha cabeça literalmente fritando.
Foi ótimo porque ele também fez o mesmo em se manter afastado. Ele precisava de um tempo para pensar. E eu também.
— Eu acho que não entendi o que você disse, Katrina. — Donna disse pausadamente, a frase terminando num riso desprovido de humor enquanto eu estava parada na sua frente dentro da sala de coordenação. — Como assim ''está saindo da Atlética''?
Bom, eu pensei não apenas sobre essa situação entre eu e Alex, mas tudo de forma geral. Ainda que eu tenha conseguido recuperar minhas notas nas matérias e não ter ficado de recuperação, eu não via mais sentido em continuar na Atlética.
Eu sei, eu amava ser líder de torcida. Gostava da idolatria, de todos chamando meu nome e de ser o centro das atenções. Mas a troco do quê exatamente? Eu realmente estava feliz com isso? Eu realmente estava bem com isso? Eu não precisei pensar tanto assim para chegar em uma resposta e a primeira pessoa a me apoiar nisso foi minha mãe quando eu contei a ela. Acho que realmente seria bom eu deixar esse ambiente tóxico e focar mais em mim.
— Sim, você entendeu, Donna. — respondi firme, colocando a caixa fechada sobre um espaço vazio na mesa dela. — Adiantei o trabalho e reuni os uniformes, está tudo aí. Pode entregar para a próxima que entrar. — terminei e ela negou com a cabeça inúmeras vezes, se recusando a acreditar nisso.
— Não, não, Katrina. Você não está pensando com sensatez. Você adora ser líder de torcida, você... não pode fazer isso. — dizia e eu ri, cruzando os braços e querendo pensar que isso é uma grande piada. É uma grande ironia.
— Engraçado, você não pensou duas vezes antes de ameaçar me expulsar da Atlética se eu não conseguisse melhorar minhas notas. Tampouco pensou quando simplesmente me substituiu pela Kendall. — disparei afoita, sem medo algum de dizer tais palavras mesmo recebendo o seu olhar duro em resposta. — Por que eu não posso fazer o mesmo?
— Porque você não é nada sem essa Atlética. E sua reputação? Seus amigos? Tudo o que construiu até aqui? — continuou, seu tom de voz era persuasivo, e eu sinto que já estive nessa situação antes. Donna iria fazer de tudo para que eu não desistisse. Que pena pra ela.
— É aí que você se engana. Eu sou alguém sem essa Atlética. Eu não preciso dessa droga toda. Não preciso criar coreografias do zero e ensaiar durante horas até sentir meus pés ficarem calejados. Não preciso deixar de comer para permanecer no peso ideal por puro capricho de vocês. — cuspi as palavras como se eu estivesse tirando um peso de cima de meus ombros. E de certa forma, era exatamente isso.
— Então, é isso? — ela questionou amargurada depois de um longo tempo em silêncio, absorvendo tudo na pura força do ódio. — Quem vai ser a melhor stunt que essa Atlética já teve? — indagou, perguntando mais a ela do que a mim. Dei de ombros, recuando alguns passos para sair da sala.
— É isso. — respondi indiferente, me preparando para sair, antes vendo a necessidade de responder sua pergunta sobre quem seria a melhor stunt da Atlética. Oh, convenhamos, vai ser difícil me superar. — Bom, isso tem cara de que não é mais um problema meu.
— Katrina, pense bem nisso. — Donna disse ao me alcançar quando eu passei pela porta, parando no corredor quando ela segurou meu braço de modo a me fazer parar. Virei para ela, completamente desdenhosa. Sua expressão era de guarda baixa agora, como se estivesse usando seus últimos recursos para me fazer mudar de ideia. — Você... não, nós não somos a mesma coisa sem você. Essa Atlética não funciona sem você, não pode simplesmente nos dar as costas.
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Before The Cinnamon Rain | Alex Turner (CONCLUÃDA)
ÐÑбПвМÑе ÑПЌаМÑNa Dinamarca, se você chegar aos 25 anos de idade e ainda estiver solteiro, é agraciado com uma verdadeira chuva de canela em pó como castigo baseado em tal tradição que perdura por várias gerações no paÃs. E é exatamente esse o pior pesadelo de Ale...