23. Pela primeira vez..

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Eu não sei quanto tempo se passou desda minha recaída...

Eu tinha voltado a beber até desmaiar, o que demorava já que eu era forte para bebidas, então dava muito tempo para meu corpo e meus pensamentos me sabotarem.

Eu nem cheguei a falar com ele direito. Eu fui covarde. Novamente.

Era hoje, era hoje o dia em que eu teria que ir no hospital e conversar com ele. Ter aquela conversa com ele. Mas eu simplesmente não consegui..

Só de está do lado de fora do quarto hospitalar dele, olhando pela janela de vidro especial grosso, onde só quem tá fora pode ver quem tá dentro do quarto, já me dava ânsias.

Eu via Aline sair daquele quarto depois de muito tempo, antes tinha pedido para que ela aliviasse o meu fardo e disse tudo sem poupar detalhes a ele principalmente a minha parte, já que ela sempre esteve presente em tudo graças a mim, ela concordou prontamente quando estávamos em casa, pensava que seria mais fácil assim, que o peso disso aliviaria quando fosse minha vez de falar com ele, mas eu estava errado... não aliviou em nada.

Em meio a conversa daquele dois, onde eu só via pela janela fechada de vidro grosso e especial, acho que em algum momento Aline falou que eu estava ali, porque jêck virou a cabeça lentamente e olhou fixamente nos meus olhos, me dando tantos arrepios que minhas mãos e pés ficaram gelados de medo e meu coração disparou sem motivo. Mas no fundo eu sabia que tinha sim um motivo.

Ele estava olhando para mim, ele estava olhando para mim de novo com aqueles olhos mortos..

Os olhos deles, tão escuros e obscuros como oceano, um oceano vazio onde os peixes da sua inocência pareciam mortos e machucados. ele me olhava sem expressão, mas mesmo assim cheio de emoções. os olhos dele pareciam surpresos, discretamente, o rosto parecia paralisado, qualquer pessoa diria que ele estava com medo ou traumatizado, mas eu sabia que não era isso. Ele estava com ódio, com ódio do homem fraco que eu fui. Mas jêck é um anjo, não sabe demonstrar raiva, nem deve ter noção do que é isso. Ele parecia confuso, dolorido, em choque, decepcionado e... com raiva. Raiva onde só eu sabia que ele sentia, ninguém o conhece como eu, pena que eu sou fraco para admitir isso para mim mesmo.

Depois de um tempo, eu vi Aline levantar da cadeira que estava perto da cama hospitalar onde jêck estava, ele nem se quer movia a cabeça para ela, nem parecia dar atenção, mas eu sabia que ele estava ouvindo tudo o que ela disse ao decorrer daquela conversa.

Não sei como ele sabia exatamente a posição que eu estava, mas ele encarava meus olhos fixamente, como se perguntasse "isso é verdade? realmente fez isso comigo? você não faria.. "

Sim, não só faria,como fiz...

O olhar dele me dizia tudo, eu sabia que quando eu chegasse naquele quarto ele me bombardearia de perguntas as quais eu nunca aceitei as respostas, mesmo sabendo que eram fatos que eu escolhi fazer. Isso em dava medo... Muito medo. E agora eu sou homem o suficiente para admitir isso para mim mesmo isso.. Todo santo dia que eu o via, eu tinha medo. Eu tinha medo de jêck, medo que ele lembrasse de mim, tinha medo de que ele demonstrasse nojo de mim.. Então fiz isso primeiro com ele como se fosse me defender de algo.. Eu sabia que não iria doer tanto se eu fosse o vilão mas.. Eu estava errado desde do início.

Aline saiu daquele quarto, chorando, tentando parecer que não mas eu via claramente as lágrimas dela, os olhos vermelhos pelo choro, a cara de culpa e alívio.

Ela não chorava de forma escandalosa, o rosto dela era sereno, seu choro silencioso, seus ombros parecendo leves e soltos. Ela chorava sim, mas com classe, como a mulher que ela lutou pra ser. Perigosa, gentil e sofisticada.

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⏰ Última atualização: Jul 24, 2023 ⏰

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