"Tenho morrido muitas vezes
Depois, respiro fundo
Lavo o rosto, sigo em frente
Não é fácil morrer
Difícil é renascer
Fingir-se de sol
Cegar a lua
Beber o mar
Detestável seria ter
A covardia dos que me mataram
Eu sigo renascendo
Eles seguem covardes." -Pedro Munhoz, 2015.-Chinaaa. - grito para Macris que faz o levantamento enquanto eu corro pelas suas costas. Em um rápido movimento burlo o bloqueio estadunidense e coloco a bola no chão da quadra adversária.
-Boaaa, Gattaz. - escuto Gabi falar enquanto nos unimos em círculo para comemorar o ponto, dou uma piscadinha para a capitã e voltamos para nossas posições. Rosamaria vai para o saque e joga a bola na líbero que recebe e passa para a levantadora, já pronta para levantar para a central. Haleigh Washington tenta atacar mas é parada pelo bloqueio meu e de Carolana, rendendo mais um ponto para nosso time.
-Minha véia braba demais!!! - Rosa fala me abraçando de lado enquanto nos juntamos novamente para comemorar o ponto.
-Vamooo. - digo para o time, ainda em êxtase pela adrenalina do jogo e me direciono para sacar. A bola sai mais fraca do que o planejado e eu a observo bater na rede, mas ela logo cai do outro lado da quadra para a surpresa das adversárias que já esperavam um ponto ganho. -Bora, caralhooo. - comemoro sozinha e logo sou abraçada pelas outras jogadoras. Dessa vez quem vai sacar é Carolana que com seu saque dá início a um rally de quase 47 segundos.
-Vai Gattaaaaz. - escuto a voz de Ana Carolina antes de pular para atacar e por um descuido da líbero adversária a bola acaba caindo no chão nos rendendo o 14° ponto do 5º set, o jogo que estávamos perdendo de 10x13 agora estava de 14x13, a virada feita com 4 pontos seguidos nos proporcionou o match point do set. E eu não podia estar mais feliz por ter colaborado tão diretamente pra essa reviravolta.
-Só falta um!!!! - a pequena torcida brasileira que se encontrava no ginásio gritava esperançosa com tudo de si, aproveitando o tempo pedido pelo técnico estadunidense para atrapalhar a concentração das atletas. Embalado pela energia dos torcedores o nosso time comemorava a virada como se fosse a própria vitória e Kisy, que estava no banco durante aquele set, me puxou para uma dancinha parecida com a que as chicleteiras haviam feito mais cedo, quando estavam ganhando de 2x0, provavelmente a intenção da mais nova era irritar as nossas oponentes, provocação essa que deu certo, visto que após alguns segundos dançando com a oposta eu senti uma bolada na nuca tão forte que me fez ficar tonta, me levando a cair e bater a cabeça na quina do banco de reservas.
-Você tá maluca, sua filha da puta ???? olha o que você fez com ela, eu vou te matar!!! - tudo estava escuro e minha cabeça doía muito, só conseguia ouvir a voz de Rosamaria gritando com alguém e as outras meninas do time pedindo para ela se acalmar.
-Rosa calma, ela vai ser punida, você não pode ser expulsa, a gente tem que terminar o jogo. - a voz de Roberta se faz presente no meu campo de audição. - Elas nem tão entendendo o que você tá falando.
-Eu expulsa ??? quem vai ser expulsa é essa idiota, isso se eu não matar ela primeiro. Me larga, Gabriela!! - mais gritos de Rosa e alguns gritos em inglês que eu não conseguia entender direito o que diziam, mas pelas partes soltas que peguei conclui que as adversárias falavam que eu provoquei elas. - Ela provocou ??? Vocês tão malucas, porra!! só porque ela fez ponto pra caralho nesse timeco lixo de vocês??? - a oposta continuava irredutível.
-Carol, fala comigo, você tá bem?? - escuto agora a voz de Júlia bem mais próxima de mim do que as outras vozes. - Tenta abrir os olhos. - obedeço a mais nova e levanto um pouco a cabeça tentando olhar o ambiente com um pouco de cuidado pela claridade.
-Ai. - resmungo colocando a mão na minha testa que tinha um pouco de sangue devido a pancada no banco.
-Cuidado, vai devagar, Carol. - Kudiess adverte me ajudando a sentar no chão da quadra.
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Até a próxima vida
Romance"Nosso relacionamento foi leve como a sensação boa que se dá ao voltar para casa depois de muito tempo fora, mas perder nossa filha naquela sala de parto foi como encontrar a casa em chamas com todas as lembranças transformadas em cinzas. Eu não sup...