𝐂𝐨𝐦𝐚𝐧𝐝𝐨

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 Constantine

     Acordei num lugar totalmente silencioso e calmo, meus olhos doem quando tento abri-los demais, não consigo respirar direito e sinto alguma coisa no meu nariz, incomoda, mas não consigo tirar, qualquer movimento mínimo dói, respirar dói. Aos poucos meus sentidos vão voltando, consigo perceber que é um quarto, um quarto de hospital, o medidor de frequência cardíaca apita ao meu lado, sinal que não estou morto, mas também não tão vivo, ao que parece.
    Viro meu rosto e percebo John sentado numa poltrona, com um curativo na testa, com a mesma roupa suja e levemente queimada. Por falar em queimado, meus braços estão com queimaduras, fiquei exposto ao sol por tempo demais. Quando o ruivo me percebeu acordado, levantou rapidamente e veio até a cama.

- Graças a Deus. - Suspirou pesadamente, colocando as mãos na cama. - Eu pensei que dessa vez não daria tempo.

- Pelo visto...- Tossi, minha voz está rouca e falhada. - Pelo visto nem o inferno está me querendo.

- Eu poderia até te bater, mas não quero te machucar. - Ele riu sem mostrar os dentes, aparentemente ele está bem.

- Quanto tempo eu dormi?

- Pouco mais de algumas horas...ninguém deve ter reparado nada ainda. - Está me olhando atento. - Precisou ser operado para retirada das balas, felizmente o cara tinha mira péssima e você muita sorte.

    Agora foi a minha vez de suspirar. Caleb tentou me matar, isso é um fato recorrente, não é a primeira vez, mas é a primeira tentativa que quase deu resultados.

- Ele já deve estar pensando que morreu, ou pelo menos pensar que está a beira da morte.

- Melhor assim. - Olhei para ele. - Ele vai pegar a liderança de volta.

    É isso que ele quer, sempre quis, comigo fora, ele pode tentar isso.

- Não vai. Você não lidera mais sozinho...

- Ela não vai querer.

- Ela aceitou um cargo quando decidiu fazer a tatuagem, não é nem questão de escolha...

- Agora vai ser, se nem Celeste conseguiu algum cargo, imagine ela.

- Sabe que a situação da sua mãe é diferente. - Fiquei calado. - Seu pai nunca deu alguma brecha para que ela fizesse alguma coisa, você fez diferente. E a garota tem um parafuso a menos, vamos ser francos. - Eu ri, mas doeu. - Ela consegue.

- Sei que ela tem coragem para muitas coisas, mas não quero que comande aquele lugar.

- Não querer e achar que não pode são duas coisas diferentes, Tine.

- Eu sei que ela pode, e que consegue... Mas vai lidar com muita coisa.

- Já passou por coisa pior, não?

    Em parte ele tem razão. Minha garota já passou por muita coisa, é corajosa o suficiente para lidar com marmanjos idiotas.

- Então quero que a treine. - John franziu a testa. - A treine para ser mais forte.

- Mais forte? - Riu fraco. - Tine, ela precisa saber disso o mais rápido possível... Seu pai já deve estar marcando uma reunião para voltar a liderança. - Isso é verdade.

- Eu sei. - Suspiro e fecho os olhos, me ajuda a pensar. - Vá com ela a reunião, a aconselhe, sabe como é tudo por lá. E enquanto eu estiver fora, a treine.

- Treino, tipo, treino treino? - Aceno que sim. - Vai brigar comigo por transformar a sua princesa numa durona?

- Ela vai reclamar mais que tudo, transformando numa "durona iniciante" já está de bom tamanho.

Marriage of ConvenienceOnde histórias criam vida. Descubra agora