tw: gory
"I don't know you half as well as all my friends
I won't pretend that I've been doin' everything I can
To get to know your creases and your ends
Are they the same?
[...]
It's not what I wanted, to leave you behind
Don't know where you'll land when you fly"O caminho até o prédio de Remus era pouco movimentado. Eu via alguns carros vindo e indo em uma velocidade maior do que a minha, mas não me importava. Não costumava correr enquanto dirigia e, naquele momento, por mais que eu quisesse chegar em Remus o mais rápido possível, eu estava usando aquele tempo para pensar.
Sempre gostei de pensar enquanto dirijo, é seguir uma linha de pensamentos enquanto desliza pela rua.
Pensei em muitas coisas, mas principalmente em como eu não vinha sendo um bom namorado, nem mesmo uma boa companhia.
Costumava conhecer Remus como ninguém, mas durante aquele período conturbado eu arriscava dizer que até Marlene o conhecia melhor que eu, e olha que eles mal conversam.
Estava afirmando tudo isso a mim mesmo porque eu não iria fingir que estava fazendo tudo que podia, não iria tentar me convencer de uma mentira.
Mas sei que por um tempo, fiz isso, tentei me convencer do contrário. Bom, é o que dizem, se você contar uma mentira várias e várias vezes, talvez ela acabe se tornando uma verdade. Eu realmente acreditava que isso poderia acontecer e Remus e eu voltaríamos ao normal magicamente.
Não iria dizer que estava fazendo tudo que podia para voltar a conhecê-lo bem como antes. Conhecer seus vincos e suas pontas, são a mesma coisa? Eu precisava me esforçar muito mais do que estava me esforçando se quisesse o nosso normal de volta.
E eu iria fazer isso. Iria me esforçar.
Estava passando por mais uma rua muito conhecida pelas idas e vindas até a casa de James, meu celular no apoio que tinha no carro, era como um tripé, ficava preso na saída do ar condicionado, mas eu sempre achei que aquilo não servia muito bem, costumava bambear e não parecia muito preso.
Liguei o aparelho, sem tirar os olhos da pista, e digitei a senha no automático. Clicar no whatsapp foi fácil. Eu só precisava ver se a mensagem que eu havia mandado a Remus tinha sido enviada.
Meu 4g nunca foi dos melhores, então eu não podia confiar cem por cento nele.
Dito e feito, a mensagem estava com o relógio de "tentando enviar" até aquele momento.
Cliquei nela, esperando que alguma força sobrenatural ou algo do tipo a enviasse, porque é claro que ficar clicando não adiantava.
Meu olhar alternava rapidamente entre o celular e a rua, por tempo quase imperceptível.
Deslizei meu dedo pela tela, descendo a barra de notificações e desliguei e liguei os "dados móveis".
Foi quando desci a barra novamente, que meu celular caiu do tripé. Devo ter deslizado com força demais, ou pelo menos uma força minimamente maior do que aquele suporte de meia tigela podia aguentar.
- Droga... - Sem deixar de olhar para frente, tirei uma das mãos do volante e me abaixei parcialmente, tateando o chão do carro.
Me levantei e percebi que o carro estava entortando para a direita. O endireitei e me abaixei mais uma vez, dessa vez mais do que antes, de modo que conseguisse alcançar o celular que estava embaixo do banco do passageiro.
- Achei você - Falei, olhando para o aparelho antes de voltar a olhar para a pista.
Eu nem sequer tive tempo de notar o carro vindo em minha direção.
No início foi como se tudo estivesse em câmera lenta, tal como nos filmes que eu e Remus assistíamos nas noites de chocolates e conversa: O impacto, minha cabeça batendo no volante, air bags? É claro que o carro de James não teria, pra que se dar o luxo de pagar mais caro por um carro com? O sangue escorrendo em cima do meu olho, a tontura, a barulheira abafada como se eu usasse um fone de ouvido, o carro deslizando até o lado esquerdo da pista e caindo de lado por algum motivo que eu não sabia dizer qual era...
Mas depois foi bem rápido.
Foi como se alguém tivesse apertado um botão e tudo voltasse a sua velocidade normal. A barulheira ficou alta, minha cabeça bateu com força na janela direita, toda quebrada pela queda do carro para aquele lado, um cheiro horrível de combustível me enjoava o estômago, mas aquela era, de longe, a menor das minhas preocupações.
Talvez a maior fossem os sangramentos espalhados por diversas partes do meu corpo.
- Liga para o 911! Alguém liga para o 911! - Ouvi uma voz distante gritar.
Mais uns dois minutos, ou talvez fossem menos, ou mais, não sei, e os socorristas estavam lá.
Pessoas me puxavam para fora do carro pelo lado esquerdo, era uma bagunça com pessoas gritando comandos que eu mal conseguia entender. De qualquer modo, consegui ouvir alguém dizer "Achei um celular!"
A dor na cabeça e no tronco era quase insuportável.
E talvez realmente fosse insuportável porque, ao me deitarem no chão, minha visão ficou turva e a última coisa que lembro de ouvir foi:
- Eu falo com... Moony?
E por um momento, eu acreditei que talvez ele chegasse a tempo.
Mas a tempo de que? De me ver todo machucado no chão da rua?
Era difícil dizer o que seria pior: Remus me ver daquele jeito, ou Remus nunca mais me ver.
A segunda opção parecia consequência da primeira, de qualquer jeito.
Eu nunca iria poder consertar as coisas, nunca iria me esforçar mais, nunca iria pedir desculpas e o jantar naquele restaurante nunca aconteceria.
Queria ao menos poder dizer a ele que aquilo não era o que eu queria. Não queria o deixar para trás. Queria dizer que estava indo até ele e que iria consertar tudo.
Dizer que não se sabe onde vai pousar quando voar.
uma historia para: wolfstarmonth
betagem: wintrsam
capa por: Grace4Mee
banner por: Grace4Mee
próxima fanfic: leclercwag
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Love of my life - wolfstar [COMPLETA]
Hayran KurguSirius Black sempre amou Remus Lupin, desde a aula de geografia no quarto ano, quando Sirius se lembrava de ter visto o garoto pela primeira vez. Durante certo tempo, um ótimo relacionamento se fez presente na vida dos dois, caminhadas durante a tar...