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MEIO DIA

Não sabia como tínhamos chegado àquele ponto, mas não tinha como voltar atrás, anular a mensagem a expor o local onde estava e estar a faltar ás aulas sozinha.

A realidade era totalmente diferente.

Sentada na mesa poeirenta ao lado de Chris, com o meu braço a espalmar contra o dele, pois começou por me mostrar um vídeo engraçado e esse facilmente se tornou em vinte e se alastrou por mais duas horas.

A companhia dele não era má, de todo. Algo que jamais iria admitir em voz alta. Saber o seu lado da história deixou-me mais calma. Já nem me sentia enraivecida com Lukas.

Sabia que precisávamos de encarar a civilização nos próximos minutos, enquanto os corredores não se enchiam de alunos. Por mais que tivesse em paz com o moreno a meu lado, a ideia de nos verem juntos não me agradava, até pelo menos, passar o rumor.

Não me importava se ele concordava ou não. O rapaz estava despreocupado.

- Bem, está quase a tocar. Vamos?

- Tem mesmo que ser? - Rematou contra aquilo que nos incentivava a fazer. - Ficava aqui até as aulas acabarem definitivamente.

- Também eu. Mas preciso de tratar de umas coisas na secretaria e não posso adiar. Já foram duas aulas perdidas. - Levantei-me da mesa na força do ódio e sacudi a roupa.

- Vais à última aula?

- Ainda não sei. Mas acho que não, assim digo que me senti mal. Faltei no primeiro dia, ainda vou chumbar a desporto.

- Ninguém chumba a desporto, loirinha. - Ele também se levantou. - Mais calma?

Balancei somente a cabeça, pegando a mochila.

- Não te podes deixar enervar ao ponto de faltar ás aulas. O teu irmão é crescidinho, sabe lidar com as consequências dos seus atos. E ele está sempre connosco...

- Isso é suposto deixar-me aliviada? É que é exatamente o que me preocupa mais. - Ironizei, vendo-o sorridente. Como habitual.

- Percebeste o que quis dizer.

Caminhei para a porta da sala, desejando que ninguém nos visse sair da sala e que não tivesse qualquer câmara de vigilância naquela zona. Se fôssemos apanhados por alguém da escola, iam dar-nos um bom castigo.

Felizmente da mesma forma que entrei, também sai. Sem me cruzar com ninguém. Um silêncio pacífico pairava pelos corredores. Nem parecia estar na Nissen.

- Vejo-te mais tarde?

- Quem te dera, Christoffer. Estás mal habituado. - Ele revirou os olhos, lançando-me um beijo, antes de sair da escola.

Esperei o som da campainha para adentrar na secretaria e dar a entender que tinha estado na aula até ao momento. Expus a situação sobre a Matemática e o nosso grande problema. Queria ter explicações e começar .

Não podia começar a perder matéria e deixá-la acumular. Ainda era só a segunda semana, mas mais vale prevenir que chumbar. Os meus pais eram bastante exigentes.

EKSTASE  ➛  CHRIS SCHISTAD Onde histórias criam vida. Descubra agora