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SETE DA NOITE

O meu telemóvel vibrava constantemente no interior do bolso das calças, enquanto colocava, com a ajuda da minha mãe, os pratos e talheres na mesa. O jantar estava ao lume e o Lukas que estava esfomeado,vigiava a panela.

Desisti de ignorar o aparelho inquietante, saindo da cozinha para junto das escadas, onde o tirei do bolso e olhei o ecrã.

Era novamente Chris que me ligava, para além das inúmeras mensagens deixadas.

Derrotada, atendi.

- Mas está tudo bem contigo? Porque raio estás a bombardear o meu telemóvel? Será que estou a perder o fim do mundo...

- Arya, não sejas assim. Só quero explicar-me, depois do que aconteceu na escola.

- Não preciso de explicações. Não me és nada e não me deves nada, Christoffer. - Retorqui. Ele parecia estar realmente aflito.

- Ainda assim...

- Limita-te a ficar longe de mim e dessa forma não há mais rumores. E deixa claro com as tuas conquistas que são só mais uma, não faças com que se sintam especiais para ti, senão vai voltar a acontecer o mesmo.

- Não quero ficar longe de ti, acho que já percebeste isso. - Ignorou completamente tudo o resto que lhe havia dito.

- E acho que tu já percebeste que não tens outra alternativa. Acabaste de ver que deixas as miúdas aos teus pés, não insistas em quem não te quer, sequer, por perto. Isto só me mostrou a consequência de ser vista contigo.

- Estás a exagerar. Não faças de mim aquilo que não sou. Sabes que não tive culpa, eu disse que não tinha acontecido nada. Eu respeito-te e sabes que não vou cruzar os limites. E ambos sabemos que te divertes comigo, que gostas da minha presença, tanto quanto eu da tua. - Não lhe respondi de imediato.

Sentei-me num dos degraus das escadas e pensei numa boa resposta para o contrariar, no entanto, nada lhe soube dizer.

Não podia negar que gostava da sua companhia, visto que me fazia rir e que era um rapaz bastante bem disposto e divertido. Desde o primeiro encontro na minha casa, até há dois dias, quando faltamos ás aulas.

Era uma presença agradável quando estávamos só os dois. Não na presença de outros.

- Loirinha, ela não é mais um problema.

- Ela nunca foi um problema para mim. Fica no teu canto Chris, para que não arranjemos outro problema ou motivo para nos odiarmos. - Pude ouvir um suspiro pesado.

- É impossível odiar-te, loirinha.

- Nada é impossível nesta vida, Christoffer. Vou jantar, até nos cruzarmos na força do ódio, pois voluntariamente, não vai acontecer.

- Tu e a força do ódio. Diz antes força para te manteres longe de mim, quando sabes que até o teu corpo me procura. - Lambi os lábios. Ele continuava tão certo do que dizia. - Bom jantar Arya, vemos-nos amanhã.

Desliguei simplesmente a chamada.

- Schistad?

- Nem perguntes. - Levantei-me, passando pelo meu irmão, até à mesa de jantar.

EKSTASE  ➛  CHRIS SCHISTAD Onde histórias criam vida. Descubra agora