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ONZE DA NOITE

As horas mostradas no meu telemóvel, fizeram-me perceber que estava na festa há uns vinte minutos. Depois de o deixar agarrado aos copos, deambulei pelos corpos divertidos, indo diretamente para o exterior.

Caminhava pela relva aparada do jardim nas traseiras, avistando um lugar mais calmo e sem tantas pessoas juntas.

Avancei para o sofá que baloiçava, encarando o que acontecia à minha volta. Cadeiras, puffs e o típico banco de plástico estavam espalhados no jardim e maioritariamente ocupados. Reparei a seguir na fogueira acesa.

Um grupo conversava animadamente com cervejas à volta da mesma, sentados na relva. O meu olhar perdeu-se neles por breves instantes e uma voz meiga soou perto de mim.

- Olá, está tudo bem? - Assenti somente, vendo-a apontar para o lugar vago a meu lado e após consentir, sentou-se. - És nova?

- Nota-se assim tanto?

- Um bocadinho. Sou a Noora, vou entrar para o primeiro ano na Nissen e tu? - A meiguice em cada palavra, conquistou-me.

- Também vou começar na Nissen. Chamo-me Arya. - Partilhei com ela, vendo o quão azuis os seus olhos eram. O cabelo curto e num tom tão claro, visto estar platinado.

- És tão bonita! Não combina nada com a tua timidez. Até te apresentava alguém, se também conhecesse. - Soltou uma risada. - Li sobre isto nas redes sociais e decidi averiguar e tu? Como viesse aqui parar?

- Conheci uma pessoa e bastou-me. - Comentei, relembrando o episódio da cozinha. - Moro três casas para cima desta. Ouvi a música, fui para a janela e passaram uns rapazes a gritar para que saísse. E eu cedi. Iam continuar ali, acabavam a acordar os meus pais e não ia correr bem. Sinto que acabei de inventar isto.

Entreolhamos-nos e acabamos a rir.

- Parece mesmo saído de um filme, mas com os pormenores, acredito em ti. Conheces ou foram só inconvenientes pela bebedeira?

- Não conheço, mas não me pareciam bêbedos, só malucos da cabeça. Decidi vir. Fui levada de imediato para a cozinha, deram-me um shot de vodka e no minuto seguinte, estava a ser muito seduzida e elogiada.

- Como assim? - Encolhi os ombros. - Sempre à espera de uma nova oportunidade.

- Agora pergunto eu, como assim?

- Segunda-Feira vais perceber. Há um grupo do terceiro ano que só pensa em sexo. Sei que toda a escola quer dormir com eles e exibir o grande feito ao usar uma camisola dos Penetrators. Os rapazes adoram e ignoram-as. Festa seguinte, a maioria já está com outra.

- Estás a brincar? Isso é apenas nojento. Como é que alguém se submete a algo assim? Se fosse comigo sentia-me suja.

- Como eu te compreendo. Mas acho que é uma espécie de objetivo na Nissen.

Fiquei a assimilar o que me havia contado durante alguns minutos, mesmo que os tópicos de conversa fossem alterando. A Noora mostrou, rapidamente, ser uma pessoa comunicativa. As suas feições eram doces.

Quando voltou a mencionar a escola, relembrei-me do rapaz com quem conversei ao chegar e que usava uma sweartshirt preta, mas atada á cintura e meio dobrada.

EKSTASE  ➛  CHRIS SCHISTAD Onde histórias criam vida. Descubra agora