27

173 13 0
                                    

ONZE E QUARENTA E CINCO

Ouvia o Theo e a Noora a chamarem por mim, embora não cessar os meus passos, pois o que a Eva tinha feito ao Jonas deixava-me indignada, para além do comportamento confuso de Chris e do ânimo que Theo não escondia.

Abri a porta da sua casa e sai para o jardim, desejando que nenhum deles tivesse reparado, visto que não queria conversar.

Precisava de dois minutos para assimilar o que tinha presenciado e um para aceitar e regressar à festa como se nada tivesse acontecido. Estava tudo bem, pelo menos para mim.

A minha consciência não ia pesar e a minha reputação iria ser a mesma. Nada iria mudar. O impacto foi algum, não podia negar, mas não ia dar esse gosto a Chris. Ou a qualquer um. Tudo o que queria era estar sozinha para processar e seguir como se nada fosse.

Mentalizava-me disso. E nada mais. Não tinha espaço para mudar o meu pensamento.

- Arya, podemos falar? - Estava sentada num degrau. Eva em pé ao meu lado. - Não sei o que aconteceu. Nem como aconteceu. Desculpa. Eu não queria ter feito...

- A única pessoa a quem te precisas justificar é ao teu namorado, Eva. - Interrompi-a, sendo direta. - Não me deves nada.

- Eu sei que havia alguma coisa entre vocês...

- Não sabes. Deduziste, como todos fizeram. Eu e o Chris não temos nada.

- Amiga, desculpa. Não sei porque fizemos aquilo. Não faz qualquer sentido para mim. Foi calor do momento, por causa da conversa e ele estava a ser tão simpático...

- Eva, honestamente, não quero saber. Não me leves a mal, mas é ao Jonas que tens de dizer o que quer que achas que justifique.

Ela suspirou frustrada e voltou a entrar em casa, provavelmente para se livrar das roupas e procurar o namorado. Era importante ser ela a contar-lhe o que aconteceu. Era impossível não chegar aos ouvidos de Jonas.

Alguém ia acabar por lhe contar. Theo também foi testemunha do que aconteceu.

A porta voltou a abrir atrás de mim, trazendo o calor do interior e a música alta. Após assimilar o acontecimento, levantei-me.

- O que queres? Vieste aqui por alguma razão?

- Vale a pena dizer-te algo?

- Não, Chris. Tinhas razão quando disseste que ainda ias fazer muita merda, no entanto, nunca vou ser o amor da tua vida e definitivamente eu não fui feita para ti. - Ditas as minhas palavras, voltei para dentro de casa.

Como ainda não me sentia alcoolizada, nem queria chegar a esse ponto, aventurei-me numa nova forma de passar a noite.

Procurei pelo meu irmão, perguntando-lhe se tinha coisas com ele, ao que me respondeu que sim e fez sinal para o seguir. Encostamos-nos à bancada da cozinha, mais afastados e ele olhou seriamente para mim.

- Estás a viciar-te?

- Claro que não. Só estou com alguns copos e não quero ficar bêbeda. Não te preocupes. - Ele acendeu a ganza e passou-ma.

EKSTASE  ➛  CHRIS SCHISTAD Onde histórias criam vida. Descubra agora