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TERÇA

- Arya, estás acordada?

Despertei no exato momento em que a porta do meu quarto foi aberta bruscamente.

- Ainda estás a dormir? Arya! - Acendeu a luz do quarto e apressou-se a abrir as janelas. - Vai despachar-te, tens dez minutos. - Procurei pelo meu telemóvel na cama.

Ao perceber que eram quase sete e meia da manhã, sentei-me num ápice e puxei os cabelos para trás. Ganhei coragem para sair da cama. A vontade era nula. Não queria nada enfrentar as próximas horas na Nissen.

Muito derrotada com o facto de ter que estudar até aos dezoito anos naquele lugar, tirei apenas um fato de treino do armário, este que vesti e o típico all star a pedir socorro.

Ajeitei os cabelos, lavei o rosto e os dentes, saindo do quarto com a minha mochila e com o telemóvel numa das mãos.

Passei pelo Lukas e pelos meus pais, sem nada lhes dizer, apenas peguei na chave do carro, sai de casa e entrei no mesmo. Deitei o banco mais que o normal, fechando os olhos e esperando o meu irmão chegar e arrancar.

- Que se passa contigo?

- Estou cansada, adormeci. - Murmurei apenas, ouvindo-o fechar a porta e ligar o motor. - Mas, desculpa por ter adormecido.

- Não faz mal mana, acontece a todos.

O loiro fazia aquilo que mais gostava: Acelerava pelas ruas de Oslo e abusava mais na autoestrada. Chegamos em tempo recorde, um minuto depois do toque de entrada.

Assim que saímos do carro, separámos-nos e fomos para as nossas respetivas salas de aula, o que causou o desconforto de bater à porta e dos olhares caírem sobre nós. Assim que me sentei, a Noora encarou-me confusa. Conseguia sentir também os olhares de Eva.

- Está tudo bem?

- Sim, adormeci. São só três aulas e depois estou novamente em casa, nem tive capacidade para me vestir em condições.

- Percebo. Mas tens mesmo a certeza que foi só isso? Os teus dias não têm sido fácil. Sabes que, podes e deves, falar comigo. - Assenti. - Arya, o único conselho que tenho para ti, é que ignores o que dizem sobre ti ou vais acabar por escavar um buraco à tua volta.

- Eu sei Noora. Acho que ainda me estou a habituar a esta agitação constante. Costumo ter outra forma de lidar com estas coisas. Sou mais alegre que isto, percebes?

- Não deixes que a tua luz apague, só porque as pessoas carregam escuridão dentro delas. - Ela sussurrou, pousando a mão na minha.

- Obrigada amiga, sabes sempre o que dizer.

No final da aula, Isak e Eva acompanharam-nos até aos cacifos, para o bar de seguida e com os vinte minutos de intervalo, para as mesas do exterior, onde Chris, Vilde e Sana estavam. Era a conversa habitual.

A loira apaixonada pelo William suspirava por qualquer motivo, abstraindo-se um pouco mais das conversas. Estranhei-a.

- Estás chateada comigo? - O assunto cessou instantaneamente. Encaravam-nos. - Desculpa. Fui bruta e devia ter percebido que és frágil. Só estava a tentar ajudar-te, Vilde.

EKSTASE  ➛  CHRIS SCHISTAD Onde histórias criam vida. Descubra agora