30

158 13 0
                                    

TRÊS DA MANHÃ

Fiquei em silêncio durante o caminho para o hospital, apenas a segurar a mão do moreno e a desejar que acordasse, antes de entrar para um bloco operatório ou algo semelhante e deixasse de o ver durante horas.

Enviei mensagem à minha mãe a garantir que estava mais calma e a agradecer-lhe. Assim que chegamos, Chris entrou de imediato. Continuei a acompanha-lo até ao fim.

Até me impedirem de entrar.

O que eventualmente não demorou a acontecer, obrigando-me a largar a sua mão e a ficar para trás. Senti um aperto cada vez maior, deixando-me em pânico.

Liguei inúmeras vezes para Lukas e para William. Nenhum me atendia. Tentei a Noora e também não tive sucesso. Alternava a chamada entre os três. Algum tinha que atender. Mais de dez chamadas para Lukas.

Até que finalmente me atendeu.

Comecei a disparar tudo aquilo que tinha acontecido naquela última hora, atropelando o meu próprio discurso, tornando-o incoerente e confuso para o meu irmão.

E para William e Noora que estavam perto dele, pelo que ouvia. Ele tinha o telemóvel com o altifalante ativado para que ouvissem e fosse mais fácil decifrar o que dizia. Comecei a sentir vontade de chorar, não me contive.

- Fala com mais calma, amiga, onde estás? Não estamos a conseguir entender nada, para que possamos ajudar-te.

- Estou no hospital como Chris. Ele está mal. A minha mãe diz que está infetado.

- Como assim, Arya?

- E eu é que sei!? Foram vocês que andaram à briga novamente e o deixaram sair sozinho! - A minha voz soou bastante alta. - Que merda! Ele desmaiou mesmo à minha frente!

- Nós vamos já ter contigo, Arya. Envia-me a tua localização. - Foi William a pedir. - Preciso que respires, ele vai ficar bem.

- E se não ficar?

- Essa não é uma opção. Ficamos a falar até te vermos, ok? Respira fundo.

- Como é que podes estar tão calmo?! O teu amigo está internado! Provavelmente com uma infeção enorme por causa do corte! - Elevei um pouco mais a voz, recebendo olhares de alguns pacientes na sala de espera.

- Porque enervar-me não vai ajudar o Chris. Eu sei que te preocupas e que estás assustada, mas ele vai ficar bem. Temos que acreditar na medicina e no próprio Chris.

Mantive-me em silêncio.

Enviei a minha localização para o telemóvel do Lukas, apesar de ser William a falar comigo. Os dois que o acompanhavam nada diziam. Talvez estivessem a processar.

Começaram a contar-me com calma o que tinha acontecido e eu percebi que o Lukas ficou a sentir-se culpado. Afinal, Chris usou-se como escudo do meu irmão, levando ele com o vidro, ficando ele magoado.

Só de imaginar o Lukas naquele estado, arrepiava-me. No entanto, não ficou mais fácil, nem um pouco, por ser Chris.

- Arya. - Ouvi murmurar, o que me levou a olhar para a entrada do hospital. Avistei o meu irmão e o (futuro) casal atrás dele. - Desculpa a demora. Não ouvi o telemóvel. - Abraçou-me, o sentimento familiar confortava-me.

EKSTASE  ➛  CHRIS SCHISTAD Onde histórias criam vida. Descubra agora