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QUARTA

- Arya, podemos falar?

Levantei a cabeça do caderno, encontrando Jonas a adentrar na sala de aula e a aproximar-se a passos lentos de mim. Apontou então para a cadeira a meu lado.

Fiz sinal para se sentar, fechando o caderno. Os meus apontamentos estavam muito confusos, a letra à presa e como estava a chover, aproveitei para escrever tudo de novo e mais organizado e perceptível para quando fosse estudar. Biologia era uma disciplina com a qual tinha um grande à vontade e conseguia ter boas notas.

A segunda aula do dia, visto que a primeira foi desporto e que começou a chover logo ao início da aula, levando-nos para o interior.

- Suponho que saibas o que aconteceu entre mim e a Eva. - Assenti, afirmando. - Sinto-me a perder a cabeça com tudo o que ela diz sentir, o que é que posso fazer mais?

- Vocês precisam de espaço, Jonas.

- Como precisamos de espaço? Antes de tudo, éramos só nós os dois. Fomos só nós os dois no Verão e no último ano, basicamente. A Ingrid e a Sara fizeram-lhe a vida num inferno e eu não a larguei um único segundo...

- Não me interpretes mal, mas não sou a melhor pessoa para te aconselhar em relação ás atitudes da Eva ou ao que deves fazer. Nenhum de vocês devia estar nesse impasse.

Ele suspirou frustrado, passando as mãos pelos caracóis castanhos e compridos.

- Porque ela acha que estás com a Ingrid?

- Porque eu e a Ingrid namorávamos antes de estar com a Eva. Mas acabou, Arya. Ele beijou a pessoa mais detestável da Nissen e eu perdoei e ela ainda assim dúvida do que eu sinto. Não me cabe na cabeça. Só quero perceber.

- Jonas, a Eva viu mensagens no teu telemóvel, pelo que percebi. Ela está insegura. Pelo que eu sei, tu também não lhe disseste...

- Comecei a fumar, Arya. E o irmão da Ingrid é quem me arranja as coisas. Não quero desiludir a Eva ao contar-lhe. - Admitiu, levantando-se a resmungar com ele próprio.

- Então, é isso?

- Sim. Não há traição. Nunca. Gosto mesmo do que tenho... Ou tinha com a Eva.

- Se achas que é melhor perdê-la para continuares a esconder-lhe que fumas, sendo o que consideras um segredo, acho uma parvoíce autêntica. - Encolhi os ombros. - Também acho que não sou a melhor pessoa para te dizer algo, porque fumo ás vezes.

- É diferente. Eu sempre fui contra.

- O que mudou?

Antes que o rapaz me pudesse responder, a porta foi novamente aberta e pela mesma tanto Lukas como Chris espreitaram. Pelos olhares, o duo procurava algo ou alguém.

Os olhares encontraram-me e ambos se entreolharam, quando perceberam que não era só eu que estava na sala de aula.

- Precisam de alguma coisa? - Questionei, sem me preocupar com os pensamentos.

- Estava à tua procura.

- Já me encontraste. Mas não é boa altura. - Ele arqueou a sobrancelha. - Podemos falar depois ou é urgente, Lukas?

EKSTASE  ➛  CHRIS SCHISTAD Onde histórias criam vida. Descubra agora