Elsine

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- Conde Keyne - Siv entrelaçou os dedos em frente ao rosto, com os cotovelos apoiados na mesa de seu escritório, olhou para Keyne com um doce sorriso gentil porém engessado - Por favor, me diga.

O jovem conde estava inquieto, olhando pela janela, andando de um lado para o outro e murmurando consigo mesmo, retratando o máximo do que poderia ser seu nervosismo.

- Perdoe-me, Vossa Majestade! - surpreendeu-se por ter chamado a atenção da imperatriz com sua ansiedade. - Não foi meu intuito incomodá-la... Céus!  Por favor, me puna agora mes...

Siv levantou a mão, delicadamente parando suas desculpas exageradas.

- Está tudo bem - sorriu amavelmente ainda esperando uma explicação, quando viu-o hesitar outra vez, completou: - Por favor, diga-me para resolvermos isso o mais rapidamente possível.

Ele suspirou. Inspirando fundo acalmou-se, e então finalmente começou:

- Acontece, Vossa Majestade... a imperatriz conhece Elsine, sabe como ela é tão teimosa quanto engenhosa... Bem, Elsine costuma me perguntar sobre como vai o trabalho no palácio e como sei o quanto ela sente falta, conversamos bastante sobre a corte. Então, ontem, quando ela me perguntou o quão cheia a agenda da imperatriz estaria hoje, eu não percebi nada. Acontece que agora, quando penso no sorriso em seu rosto naquele momento, fica claro para mim que...

Mas Conde Keyne não pôde terminar com sua hesitante explicação, pois outro atendente entrou após bater na porta, concretizando seus medos:

- Vossa Majestade, a Dame, Condessa Elsine Delcour Keyne está aqui para vê-la.

Siv apoiou sua mão na testa por um momento, de olhos fechados suspirou. Entendia o porquê do Conde ter reagido daquela forma, ele sabia o quanto ela mesma desejava que Elsine evitasse o palácio agora. Tinha claramente dito para sua Dame voltar após a celebração de casamento, mas aqui estava ela requisitando sua presença poucos dias depois.

Era Elsine, afinal...

Depois de superar sua frustração, Siv sorriu levemente, admitindo derrota.


Algum tempo mais tarde, em um dos vastos jardins do palácio, a imperatriz admirava sua amiga com o bebê gorducho nos braços. Elsine parecia radiante apesar das olheiras profundas. Em um bufante vestido lilás que constrastava com sua pele bronzeada e os cabelos lisos alaranjados.

- Cumprimento o sol do Império, Vossa Majestade Real, Imperatriz Siv. - com toda cordialidade e respeito, a Dame curvou a cabeça.

- Não é necessário, Elsine, levante-se.

Elsine endireitou-se com um largo sorriso.

- Estou muito contente em vê-la, Vossa Majestade.

Os olhos escuros como a noite cintilavam enquanto ela olhava para a imperatriz.

Siv não concordou com essa visita repentina, sequer autorizou, entretanto entendia parcialmente o motivo dela ter vindo. Sabia que quando Elsine voltasse oficialmente para a corte, não poderiam desfrutar de um momento calmo e relaxante como aquele. Elsine abraçou mais carinhosamente o bebê com os olhos da Imperatriz. Ela tinha vindo aquele dia porque queria que Vossa Majestade conhecesse seu adorável e precioso filho.

- Apesar de minha Dame ser audaz o bastante para não seguir minhas ordens - Siv alfinetou-a levemente - deixarei passar desta vez. - sorriu afetuosamente olhando para o bebê adormecido.

Elsine vendo a imperatriz com uma expressão tão terna, sentiu uma calorosa sensação de plenitude. Aquele era um momento tão pacífico e belo que ela gostaria de poder gravá-lo firmemente dentro de si. Alguns anos antes e Elsine nunca teria acreditado que tal momento de simples felicidade fosse possível de alcançar, não para ela.


Harém Imperial - Os Concubinos da ImperatrizOnde histórias criam vida. Descubra agora