Chá no Jardim Imperial

539 74 4
                                    

- É claro que como será um torneio com o objetivo de trazer um rapaz para o harém, terão outros exames e formas avaliativas além das usuais. - completou a Imperatriz.

- Mas, Vossa Majestade, um concubino? Não temos como saber que tipo de pessoa vencerá este torneio, e se isso se tornar problemático no futuro? - interveio o secretário da segurança civil.

- Certamente se tornará problemático Majestade, não é sábio fazer uma proposta assim oficialmente. Caso algo saia errado, nem Vossa Majestade poderá recusar, uma vez que isso se tornar um decreto imperial. - O Conde Keyne disse depois de pedir a palavra.

- Se me permite dizer, Majestade, acho que o Conde Keyne está certo, é muito arriscado se comprometer desta forma com o povo. - o ministro da cultura apontou.

- Estão certos de que é algo arriscado, por isso preciso da cooperação e de suas habilidades para que tudo aconteça perfeitamente. - ela sorriu - Preciso que esse torneio seja orquestrado com maestria. Conto com vocês.

- Mas, Majestade...

- Não é um grande problema não sabermos que tipo de pessoa vencerá o torneio. As entrevistas e etapas anteriores desclassificarão os candidatos que poderão se tornar problemáticos no futuro. Além disso, estar no harém não significará muita coisa se esta pessoa arranjar problemas. Não darei favores e privilégios para os que não forem merecedores, disse isso no meu discuso em meu décimo nono aniversário. - ela olhou nos olhos de todos eles. - Se este homem for ruim de alguma forma, só terei de aturá-lo até que ele haja errado e então, poderei expulsá-lo.

Com essa fala decidida, todos se calaram e o edital imperial foi registrado. Uma semana depois lido para a população de todo o Império, para o forte entusiasmo do povo. Postos de inscrição foram levantados em todo o território nacional. Os interessados teriam um mês para se inscrever, então começariam as entrevistas e etapas preliminares. Dentro de outro mês começaria o torneio na capital do país.

Os nobres encontravam-se assustados com tal iniciativa da imperatriz que englobava todas as classes, e os plebeus, mais excitados que nunca. O império fervia com as novidades enquanto os últimos preparativos do Exame Imperial eram finalizados.

- Vossa Majestade demorou para vir me ver, estou triste - Cian Van Guie resmungou enquanto bebericava chá de uma linda xícara de porcelana azulada.

- Não foi proposital, muitas coisas estão acontecendo no império agora - Siv repousou sua xícara na mesa branca.

Estavam nos jardins imperiais, lugar que só pessoas autorizadas diretamente pela imperatriz podiam entrar. Ela costumava vir tomar chá com Van Guie muito ali, enquanto conversavam suavemente com vista para o por do sol. Era realmente um lugar lindo, se sentavam em uma elegante mesa próxima a um parapeito de gesso com uma vista arrebatadora para as montanhas arborizadas do oeste. O sol ponte se despedia ali, enquanto bebiam chá de jasmim e comiam biscoitos lindamente decorados, em tons pasteis. Estavam cercados por uma vegetação muito bem cuidada, vasos esplendidamente ornamentados e algumas estátuas de mármore.

- Quando ganharei uma escultura nova? - ela perguntou sorrindo.

- Infelizmente estou em uma crise criativa no momento, Majestade. - ele respondeu desviando seu olhar, um pouco mal-humorado.

- O que farei se o melhor escultor do império parar de criar obras de arte para mim? - ela apoiou a bochecha na mão fechada, se inclinando levemente sobre a mesa.

- Terá de procurar outro escultor, Majestade. - ele evitou seus olhos outra vez, bebendo outro gole de chá. - A imperatriz não deveria parecer tão abatida agora, visto que a motivação para minha inabilidade é de responsabilidade única da imperatriz. Vossa Majestade deveria ter pensado nisso antes de anunciar um harém.

- Ah, é isso... - ela resmungou.

- Como seria outra coisa? Vossa Majestade fere meu coração. - ele disse ainda se recusando a olhar para Siv.

Conde Keyne que esperava ao lado dela revirou os olhos, enquanto alguns dos guardas reais bufavam. A imperatriz suspirou, então pediu para que todos se retirassem. Os súditos que estavam acostumados a ficar o tempo todo ao seu lado se incomodaram um pouco, mas se afastaram. Ela costumava ordenar que deixassem os dois a sós com frequência, quando eles se encontravam. Mas apesar dos atendentes se retirarem, os guardas reais só se afastavam alguns metros, pois não poderiam ir muito longe por sua segurança.

Alguns costumavam espalhar rumores a respeito da relação da Imperatriz Siv com o Lorde Cian Van Guie, um dos maiores artistas do império e filho do honrado Marquês Van Guie. Mas os que estavam próximos a ela sabiam bem que nada estava acontecendo ali, apenas talvez flertes da parte dela e um amor platônico desesperado da parte dele. Era apenas isso que desconfiavam, apesar de todos estranharem um pouco a interação próxima dos dois.

- Como atuei hoje, Majestade? - ele sorriu divertidamente para ela, abaixando suavemente a voz.

- Muito bem, como sempre, Cian - ela também sorriu, compartilhando do divertimento que brilhara nos olhos castanhos dele. - E quanto aos países orientais, quais são as novidades?

Ele terminou de beber seu chá, com um olhar inesperadamente sério.

- Theiron e Acacia continuam com agitações por causa da mudança de gerações no trono. Basle, Gower e Linnea ainda estão tranquilos apesar das agitações em Tibor. O maior problema segue acontecendo em Chaoirse. - ele disse com a voz baixa.

- Os rebeldes estão ganhando força?- ela se inclinou mais para a mesa, escondendo os lábios com a mão.

- Sim, em até um ano a facção rebelde certamente tomará o poder - Van Guie disse com a xícara encostada nos lábios.

- Entendo - ela respondeu com olhos sérios - Algum de seus espiões foi pego?

- Não, Majestade. Minha rede de informantes segue limpa e segura. A rotatividade que ordenei está funcionando muito bem. - ele deu um sorriso charmoso para ela, quando viu um dos guardas olhando para os dois. - Devo enviar mais pessoas à Chaoirse?

Ela entendeu pela sua atitude que alguém parecia estar observando-os, se inclinou mais para perto dele, colocando sua mão enluvada em cima da dele.

- Não. É arriscado aumentar a quantidade de informantes agora. - ela sorriu docemente para ele. - Devemos esperar.

- Entendo, Majestade. Enviarei um relatório detalhado sobre tudo mais tarde. - ele acariciou a mão dela com olhos atrevidos.

- Sim. - Siv respondeu sorrindo graciosamente e retirando a mão.

Van Guie se inclinou para a mesa como se tivesse esquecido de relatar algo.

- Ah - disse, aproximando seus lábios do ouvido da imperatriz - Eu realmente estou com ciúmes de seu anúncio, Majestade.

Sua respiração quente lançava arrepios ao seu pescoço de Siv, ela se afastou rapidamente um pouco desconcertada.

- Pare de brincar, Cian - ela riu chamando de volta os atendentes com um aceno de mão.

- Quantas vezes preciso dizer que não é brincadeira, Imperatriz, eu realmente estou cortejando-a - ele suspirou dramaticamente, esparramando-se pela cadeira, quando viu os outros se aproximarem.

- Ok, ok - ela respondeu com um sorriso, se levantando - Esperarei por sua carta mais tarde - Siv disse a ele, como se fosse algo simples. Afinal sempre trocavam cartas, aos olhos de todos, mas na realidade eram os relatórios secretos de Van Guie.

- Enviarei com prazer, Minha Senhora - ele sorriu afetuosamente.

Com tantos preparativos acontecendo ao mesmo tempo no Império, Siv mal tinha tempo para dormir a noite. Os dias seguintes passaram com o mesmo ritmo acelerado de agenda cheia para a Imperatriz.

Finalmente chegara o dia que iniciaria o Exame Imperial. Siv Leancher respirou fundo antes de entrar na carruagem que a levaria até o locar onde aconteceria a primeira etapa das provas. Se perguntou se conseguiria ver Hoshi Khonsu antes do Exame Imperial começar...

Harém Imperial - Os Concubinos da ImperatrizOnde histórias criam vida. Descubra agora