O Salão Cheio de Rapazes

529 71 4
                                    

Os nobres estavam pressionando cada vez mais para que Siv escolhesse um concubino. As construções na ala do harem já estavam prontas naquela altura, o que dificultava suas desculpas para adiar mais. A cada dia que passava mais rapazes eram enviados ao palácio, como presentes à sua Majestade.

É claro que ela não aceitava nenhum, mandava todos de volta. Pensava que tinha sido clara quando disse que não aceitaria um concubino tão levianamente. Mas de nada adiantava, no dia seguinte outra remessa estava esperando por ela no salão principal.

Aquilo já havia virado uma espécie de competição entre os aristocratas: enviavam lindos e talentosos garotos, com a clara intenção de que seduzissem a imperatriz. E como ela sempre os recusava, aumentava o prestígio do nobre se algum de seus enviados fosse escolhido. Siv Leancher estava inflexível demais e como ainda não havia aceitado ninguém no harém, os nobres pareciam cada vez mais apreensivos de que o torneio indicasse o primeiro marido de sua majestade.

O torneio era imprevisível e se aproximava cada vez mais, o que tornava o salão principal de Siv cada vez mais cheio também. Não que ela visse os rapazes. Conde Keyne a informava todas as tardes do acontecimento e ela os mandava embora, sem nem por os olhos neles. O que era uma verdadeira pena, pelo menos era o que suas damas de companhia diziam, dando risinhos.

Elas tinham idades semelhantes a de Siv, mas já eram todas casadas. O que não as impedia de ir espiar pelos arredores do salão principal.

- É uma verdadeira pena - Marie resmungou - Vossa Majestade devia ter visto os rapazes que mandaram hoje, eram belíssimos!

As outras concordaram, abanando-se com os leques.

- Lady Marie está certa, Majestade, olhar não ranca pedaço, sabia? -  Violett riu.

- Se fosse eu, teria escolhido alguns, ah se teria! - Genevieve se indignou.

Siv riu com as outras.

- Deixe o Visconde Ludovi escutar isso - Siena disse - Pobre homem...

- Ah, como se o Barão Danverbil fosse aprovar você secando todos aqueles rapazes. - Genevieve retrucou.

- Eu não estava secando ninguém! Apenas estava... conferindo para sua Majestade, é claro. - Siena fingiu indignação. - E Brien bem que mereceu.  - disse se referindo ao marido.

Todas riram.

- Mas é sério, por que Vossa Majestade não pega alguns? - Lyric virou-se para Siv - A ideia não é fazer um harém, de qualquer forma?

Siv sorriu constrangida.

- Sim, mas ainda não posso aceitar ninguém. - Ela voltou-se para a janela - Apesar de ser um harém, não quero aceitar ninguém levianamente. Eles serão meus maridos, consortes reais do império. É algo importante que pode afetar diretamente Seor, não serei descuidada com uma coisa dessas.

- Vossa Majestade está certa, parecemos até meninas fogosas perto da magnitude da Imperatriz - Esha pareceu estar constrangida pela conversa anterior.

- Está tudo bem, Lady Esha - Siv sorriu brilhantemente - Estava mesmo curiosa quanto aos rapazes, podem dizer abertamente, quero ouvi-las. Apesar de não poder aceita-los, ainda é divertido conversar sobre isso.

Todas se animaram e conversaram a tarde toda, tomando chá e comendo biscoitos e bolos decorados. Siv gostava muito de passar o tempo com elas, fazia com que se sentisse mais normal e menos sobrecarregada. Apesar de que com o passar do tempo, conseguia ficar cada vez menos com suas damas de companhia.

Siv já havia se retirado, mas voltou depois de algum tempo para convida-las para passar outra tarde juntas na próxima semana. Mas, ao se aproximar da porta, ouviu suas vozes:

- Eu entendo Sua Majestade, querer ir com calma quanto ao harém, mas é mesmo uma pena. - Marie disse bebericando o chá.

- É claro que ela agiria assim, depois de tudo aquilo, afinal de contas - Esha suspirou. - Pobre Majestade, crescer no meio daquela depravação.

- Não acho que tenha sido depravação - Genevieve disse - A imperatriz Nadie apenas sabia como se divertir.

- Se era ou não diversão, nós sabemos o quanto isso custou ao império - argumentou Siena -  E a própria Majestade.

- Sim, isso sem dúvida! - falou Lyric - Quem pode culpa-la por querer se resguardar agora?

- Está certa, não devemos incomodá-la com esse tipo de conversa de novo. - disse Esha.

As outras concordaram.

- Mas que é uma pena, é - Violett murmurou.

- Chega, não devíamos estar falando sobre esse tipo de coisa - Siena abanou as mãos - Muito menos da antiga imperatriz.

Concordaram novamente e mudaram de assunto.

Siv saiu silenciosamente, sem que notassem sua presença atrás da porta entreaberta.


Ela demorou para dormir aquela noite, com lembranças perturbadas de seu passado, revirou na cama por horas e horas.

 Quando finalmente pegou no sono, teve sonhos esquisitos...


Homens seminus musculosos muito bonitos, se alongando e tomando sol

Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.

Homens seminus musculosos muito bonitos, se alongando e tomando sol. Que tipo de sonhos pervertido era aquele?! Assim que eles viraram-se para ela, dando sorrisos brilhantes, ela acordou sobressaltada.


Muito trabalho aquela manhã e mais "presentes", chegando e ela mandando de volta aquele dia. Sua paciência estava acabando em lidar com esse tipo de coisa. Nem em seus sonhos mais ela tinha paz, aqueles rapazes conseguiram persegui-la até em seu tempo sagrado de sono. Siv estava a beira de um colapso de nervoso. Tinha de fazer alguma coisa...

Os aristocratas continuavam com sua disputa estúpida, enviando garotos para ela. Quando Siv recusava se empenhavam ainda mais e também, como ela mesma já havia testemunhado, falavam do quanto deveria estar sendo complicado para Sua Majestade lidar com uma coisa como um harém.

Não que ela os culpasse por tal pensamento, Siv sempre soube que isso aconteceria quando ela resolveu fazer um harém. Do quanto falariam... E que isso inflamaria lembranças sobre o passado também, mas ninguém seria ousado o bastante de comentar esse tipo de coisa em sua frente. Mas, rejeitar todos aqueles rapazes estava só fazendo esses comentários se alastrarem. Ela tinha que por um fim nisso.

"É, já é hora... Ele vai me odiar por isso, mas, ele já me odeia, de qualquer forma..." pensou.

Aquela tarde fez um edito imperial, convocando Edan Truett para entrar no Harém, como seu primeiro concubino.

Harém Imperial - Os Concubinos da ImperatrizOnde histórias criam vida. Descubra agora