O caminho até a Árvore do Conhecimento, presente nas Terras da Universidade de Artes Místicas Le Fay e Montreaux, era um pouco capcioso — "capcioso", segundo o dicionário, tinha a definição de algo “que procura confundir, para levar ao erro; astucioso”. E essa definição não poderia ser mais assertiva, por sua vez.
Amybeth não sabia exatamente qual era a rota certa até a árvore, apenas sabia que ela se encontrava na floresta — por motivos óbvios. A solução mais resoluta que encontrara para esse problema tinha sido, é claro, usar um mapa. Assim, nem ela nem seus amigos correriam o risco de se perderem.
O que não seria muito complicado, uma vez que a floresta ao redor do castelo era vasta, sinistra e profunda..
A faculdade disponibilizava alguns mapas para todos os estudantes, de modo que eles não se confundissem e acabassem se perdendo, afinal de contas, a propriedade era muito grande. Parecia coincidentemente perfeito.
Havia apenas um lugar na escola onde alguém poderia conseguir um mapa: a diretoria. E adentrar o gabinete de Anaha Azniv não seria uma missão impossível, pelo menos não para Amybeth. Ela sabia ser furtiva, quando queria, e como sabia. Não era de seu feitio furtar tão descaradamente, mas aquele provavelmente era um caso de vida ou morte.
Mais para morte, mas quem estava com medo?
Bem, Amybeth não estava. Estava confiante.
Não conseguia achar o mapa em lugar nenhum, no entanto. A Diretora Anaha não estava na diretoria — Amybeth não a via nos cafés da manhã há algum tempo, mas ela ouvira uma outra voz feminina a pegar no flagra:
— O que você está fazendo?
O coração de Amybeth disparou contra seu peito. Pelo visto, tinha olheiros a observando. Já sabia de quem se tratava, é claro, e era exatamente por saber a quem pertencia aquela voz que ela entrara em desespero. Com ela, um simples gaguejo entregaria a sua mentira.
Ok, talvez Amybeth tivesse subestimado a perspicácia da Professora Morgana. Só um pouquinho.
— Professora Morgana…
— Senhorita Campbell, não é do seu feitio furtar. Estaria enganada a seu respeito?
Respirou fundo.
— Eu não estou furtando… É que…
— O que meus olhos vêem não está me permitindo tomar outras conclusões — Morgana disse, interrompendo a garota mais uma vez.
— Eu estava procurando um mapa. Queria dar uma passeada… Minha cabeça anda muito cheia ultimamente.
— Onde pretende ir? — perguntou a professora, desconfiada.
— No pomar, colher maçãs.
Morgana sorriu, olhando para garota com um olhar suspeito. Dizia, só com um olhar, que sabia que ela estava mentindo.
— Pomar. Sei. Sinto muito, Srta. Campbell, mas os mapas estão todos em uso. Tente achar o pomar sozinha. Espero que colha boas maçãs.
Amybeth se manteve firme, e mesmo com as pernas bambas, ela foi até a porta, desejou uma boa tarde à Professora Morgana, e em seguida partiu em disparada até os seus amigos, que assim como o prometido, estavam esperando-a do lado de fora do castelo.
— Você parece ter visto um fantasma — Noah disse, cumprimentando-a.
— Quase. Fui na diretoria, pegar um mapa — ela disse —, e me dei de cara com a nossa querida Professora Morgana Lispect.
— Meu Deus do céu, você está bem? Ela arrancou o seu fígado? — Noah perguntou, em tom de graça, recebendo logo em seguida um tapa no pescoço de Freya.
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Le Fay e Montreaux
FantasyNa renomada Universidade de Artes Místicas Le Fay e Montreaux, excêntricos bruxos e bruxas desenvolvem suas habilidades místicas, ampliam seus horizontes e evoluem seus dons naturais. Com as portas finalmente abertas, os dias prometem ser perfeitos...