XXII. A Menina que Brincava com Fogo, de Stieg Larsson

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Nenhum aluno da Le Fay e Montreaux queria retornar à universidade. Nenhum aluno queria retornar ao que parecia tudo, menos uma universidade. Não se tratava das provas ou das atividades, não. Após a chegada do Sol da Meia Noite, os deveres escolares haviam se tornado o menor dos problemas. Não eram poucos os que sentiam falta da época em que só precisavam se preocupar com os conteúdos dos testes ou as estratégias mais eficazes para os jogos. E também não eram poucos os que estavam com raiva do Conselho da Magia, por nada fazer a respeito daquele pandemônio.

Os gêmeos Báthory estavam sentados na área externa de um restaurante; haviam chegado mais cedo que os outros, e não demoraram a notar que a atmosfera de Shitrembade já não era mais a mesma. O lugar parecia menos mágico, quase comum. Eles colocaram a culpa na maldição.

- De volta à cova dos dragões, pitypang - Drogo comentou, deixando o jornal de lado por um momento. - Ao que parece, o Conselho só pretende tomar uma atitude depois que já estivermos todos mortos. Até lá, que a gente se foda bem muito.

Nemesis espetou um pedaço de melancia de seu prato com um garfo, claramente querendo que ele fosse o Conselho.

- O mesmo para eles - ela retrucou antes de esmagar a fruta como se ela tivesse lhe ofendido pessoalmente.

- Que agressivo - Noah apareceu de repente e se sentou à mesa. - O que ela te fez?

- Ah, hoje ela está uma bola de nervos - Drogo falou. - Nêmesis, o que está te irritando tanto?

- Neste exato momento? A fruta - ela respondeu, levando um pedaço à boca. - Em geral? Morgana Le Fay. E sua falsa gêmea.

- Você parece bem, Noah - Drogo observou. - Espero que esteja mesmo.

- Na verdade, estou me sentindo um pouco esquisito - Noah replicou. - Apesar disso, eu venho estudando um pouco mais sobre a maldição. Estou quase convencido de que Benedith Le Fay e Morgana Le Fay são a mesma pessoa.

- Idem - Drogo disse. - No entanto, acho que não deveríamos nos preocupar tanto com isso agora. Vamos esperar até estarmos lá.

- O que a gente não faz por um diploma, né? - Noah respondeu. - Eu queria estar com o Nick agora.

- Eu entendo - Nêmesis falou.

Freya surgiu na esquina e caminhou até eles. Ela usava um macacão preto elegante que não mostrava seus braços, o que era diferente do que ela costumava usar.

Nêmesis olhou de soslaio para Drogo, que estava usando uma peça de roupa parecida; no caso, uma camisa de manga longa branca.

Estranho.

- Vocês dois estão fora do seu estilo - ela disse de imediato, analítica. - Resolveram reformar o guarda-roupa?

- É inverno - Freya justificou.

Kentin refutou:

- Mentira.

Freya ficou confusa.

- O que está querendo dizer, demônio?

- Você está mentindo.

- Ah, sim. O sol está raiando como nunca!

- Não seja idiota - Kentin disse. - Você está mentindo sobre o motivo de estar usando manga longa. Não é por causa do inverno.

Freya pegou uma faca.

- O que quer dizer?

- Nada, nada.

- Larga essa faca, Freya - Noah pediu.

Freya a guardou.

- A única coisa que eu notei é que sua respiração ficou levemente mais rápida quando a Nêmesis mencionou a palavra "estilo" - Kentin suspirou. - Você ficou apreensiva quando eu disse que estava mentindo. Agora sabemos que eu estou certo. Sobre o que está mentindo, Freya? Drogo, o que você está ajudando a encobrir?

Le Fay e MontreauxOnde histórias criam vida. Descubra agora