Capítulo 20 - Pietro Matarazzo

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Sinto meu sangue gelar ao ver o meu papá andando na minha direção e quando ele para na minha frente e olha dentro dos meus olhos eu sinto meu coração parar de bater dentro do meu peito por um momento. 

-Eu quero a verdade Pietro, eu quero ouvir da sua boca o que aconteceu com a sua sorella e se mentir para mim eu te darei uma surra e não será como capo ou conselheiro e sim como seu papá então não minta. -Fala e engulo seco. 

De repente eu me sinto um menino de novo e um nó na minha garganta se forma e por fim sinto meu olhos marejados.

Abaixo a cabeça quando sinto vergonha e medo pelo o que fiz a Maya e então ouço um suspiro vindo do meu papá e logo sinto suas mãos me puxando para um dos meus lugares favoritos no mundo. Assim que meu papá me abraça eu sinto como se todo o peso que está nas minhas costas e dentro de mim desabasse aos meus pés e então a primeira lágrimas escorre e depois outra e mais outra e mais outra e em questão de segundos estou chorando nos seus braços. 

-O que aconteceu figlio? Me conte só assim eu poderei te ajudar confie em mim pequeno. -Ao ouvir as palavras do meu papá meu choro se intensifica. 

Eu não confiei nas pessoas que eu amo. 

Eu não confiei na minha famiglia. 

Eu não confiei nos meus amigos. 

Eu escolhi trair cada um deles. 

Mas eu poderia ter feito diferente? Quando tudo começou eu logo desconfiei que o maledetto do González tinha conseguido infiltrar alguém dentro da Ndrangheta e foi por essa desconfiança que eu não disse nada no inicio e eu estava certo. 

O maledetto tem alguém dentro da Ndrangheta.

Um traidor.

Então como eu poderia ter falado alguma coisa? E se o assunto caísse nos ouvidos do homem do González? 

Eu confio a minha vida a minha famiglia e aos meus amigos mas o que estava em jogo era muito mais valioso do que a minha própria vida e por isso eu tomei a decisão de seguir com o plano da Maya. 

Eu trai e escondi muitas coisas daqueles que amo e infelizmente agora estou pagando o preço. 

-Perdonami papá. -Peço entre os soluços. 

-Me conte pequeno. -Meu papá fala e tento me acalmar. 

Ele merece saber a verdade. 

Ou melhor ele merece confirmar o que já sabe. 

Respiro fundo e me afasto dele e olho nos seus olhos. 

-Maya está viva. -Falo e vejo uma lágrima descer pelo seu rosto. 

-Onde está o meu pequeno oceano? -Pergunta. 

-México. -Respondo. 

Meu papá respira fundo e desvia o olhar por alguns segundos e quando ele me olha de novo eu vejo um brilho diferente, algo poderoso, algo que eu não via a muito tempo. 

Eu estava diante do capo. 

Do chefe da famiglia. 

Do homem que não conhece a misericórdia.

-Me conte tudo. -Meu papá fala. 

Começo a falar como conheci a Alina e como me apaixonei loucamente por ela e conto sobre meu pequeno, meu filho e dou um sorriso ao lembrar cada momento que tive com ele desde o seu nascimento e por fim eu conto sobre o González e quando meu papá ouve o nome ele aperta o punho com força.

Camaleonte (Livro 1 Pietro Matarazzo)Onde histórias criam vida. Descubra agora