Capítulo 16 - Alina Blackwell

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Anos atrás ...

São exatamente nove da manhã e eu já tive que respirar fundo umas dez vezes para não voar no pescoço daquele engravatado com cara de sapo. 

-Na minha sala senhorita Blackwell. -O cretino fala quando passa pela minha mesa. 

Respiro fundo mais uma vez e me levanto depois de alguns segundos e sigo para a sua sala. 

Hoje eu não vou brigar com ele. 

Hoje eu não vou me deixar levar pelas suas provocações. 

Hoje eu não vou matar o meu chefe. 

Eu preciso do emprego. 

Repito essas frases na minha cabeça como se elas fossem um mantra. 

-Você consegue aguentar. -Sussurro olhando para a porta. 

Bato na porta e espero. 

-Entre senhorita Blackwell. -Ouço o cretino falar e abro a porta. 

Entro e fecho a porta. 

-Sente-se. -O engravatado com cara de sapo fala e obedeço. 

-Aconteceu alguma coisa senhor? -Pergunto curiosa. 

-No sábado terei um evento para ir e preciso que me acompanhe e na segunda farei uma viagem para Paris e preciso que me acompanhe também tudo bem? Algum problema com isso? -O cretino pergunta e nego com a cabeça. 

Odeio eventos onde só tem patricinhas e riquinhos que acham que podem fazer o que bem entender com as pessoas e usam o dinheiro para se safar de tudo. 

-Vou providenciar tudo para a viagem senhor. -Falo e começo a me levantar mas paro assim que ouço suas próximas palavras. 

-Pegue esse cartão e compre um vestido e tudo o que precisar para o evento e também para a viagem. -O cretino fala com um cartão na mão e abro a boca surpresa. 

Que merda está acontecendo? 

Porque ele está sendo tão amável? 

Amável? Uma ova ele está sendo um cretino arrogante metido a garanhão isso sim. 

Quem ele pensa que é? 

-Não posso aceitar senhor. -Falo calmamente mesmo estando puta por dentro e ele me olha incrédulo. 

Deve estar acostumado a ser um banco ambulante para as mulheres que andam com ele todas as noites mas eu sou diferente e vou mostrar para esse arrogante. 

-E posso saber porque senhorita não pode aceitar? -O cretino pergunta. 

-Eu sou a sua secretária senhor Matarazzo e não uma das suas amantes que o senhor preciso encher de presentes então não obrigada eu posso muito bem comprar o meu vestido e tudo o que eu vou precisar para a viagem. -Falo sem desviar o olhar dele e vejo ele revirar os olhos. 

Idiota. 

Eu ainda me pergunto como permaneço no trabalho depois de tantas brigas e que na maioria delas eu esqueço que estou falando com o meu chefe e acabo metendo os pés pelas mãos.

-Se você fosse uma das minhas amantes aceitaria? -O cretino pergunta com um sorriso de merda na cara. 

Me levanto puta. 

-Olha aqui seu engravatado com ... -Começo a falar e me calo quando percebo o que eu ia falar. 

-Continue senhorita. -O cretino fala e engulo seco. 

Camaleonte (Livro 1 Pietro Matarazzo)Onde histórias criam vida. Descubra agora