O passado ³

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Hinata não foi para as aulas na
segunda-feira. Disse que estava gripada e ficou na cama, encarando a parede. Tenten trouxe sopa de micro-ondas e bolachas de água e sal do posto perto dali, e a morena disse a ela que só estava chorando porque estava com dor de cabeça. Na terça, conseguiu se recompor. Nada realmente aconteceu. Toneri não
Lhe estuprou de verdade. Ela era a mesma garota de antes. Não era como se a Hyuuga precisasse vê-lo de novo também. Não tinha aulas com ele. Ele era veterano, e não frequentavam os mesmos lugares. E ninguém mais sabia o que tinha acontecido — Hinata decidira não contar a nenhuma alma —, então ela só tinha que sorrir e fingir que nada havia acontecido. Facinho.

Se não fosse exatamente fácil, era, no mínimo, possível de fazer. Tão
possível quando sua mãe morreu cinco anos antes e os outros
alunos da escola apontavam e cochichavam pelas suas costas. Hinata tinha colocado um sorriso no rosto e agido como se não significasse nada. Como se não doesse. Aquela experiência com tragédia lhe ensinara uma lição importante de como lidar com tempos difíceis — você sorri, assente e segue em frente.

Era assim que Hinata tinha planejado lidar com a aula de Introdução à Ética na Administração também. Sabia que seria diferente por causa de Sasuke, porque ele sabia. Porém, não era como se ele fosse trazer esse assunto à tona na aula. Nunca tinham nem conversado antes daquela noite.

Ele era meio que seu professor. Ela olhava para ele a fim de aprender coisas. Ele lhe olhava como outro trabalho para corrigir. Não pensou que seria um problema.

Entrou no auditório, cedo como sempre, e seguiu para um assento na primeira fileira. Normalmente, Hinata entrava pela porta de baixo, mas, daquela vez, entrou pela de cima, já que parou para encher uma garrafa de água antes da aula e tomou um caminho diferente para chegar lá. Conforme ela descia as escadas, olhou para a mesa do professor, e talvez estivesse um pouco nervosa por ver Sasuke porque silenciosamente esperava que fosse Kakashi a dar a aula de hoje. Não era.

Sasuke estava sentado com seu laptop, usando sua calça de alfaiataria cinza e uma camisa e gravata debaixo de seu pulôver preto e, apesar de ele poder sentir que Hinata tinha entrado, olhou para cima só naquele instante e flagrou o olhar dela nele.

Congelou, incapaz de dar outro passo. Seus joelhos fraquejaram. O suor escorreu por sua testa. Era como se ele fosse um gatilho. Todo o fingimento desmoronou, e Hinata foi transportada de volta para aquela noite. Jurava que podia sentir a mão de Toneri na sua boca. O som de seu nariz se quebrando ecoou em seus ouvidos. A emoção tomou conta de si.
Entretanto, não era só terror e humilhação que ela sentia. Havia algo ainda pior debaixo de tudo isso. Algo feio, mas inegável.

Assim que o reconheceu, corou em pânico. Sasuke deve ter percebido,
porque seus olhos se estreitaram e seu queixo se ergueu com curiosidade. A Hyuuga queria dar meia-volta e sair correndo da sala de aula, porém isso só chamaria atenção para á mesma. Além do mais, suas pernas pareciam uma geleia no momento, então se sentou em uma cadeira na fileira em que tinha parado e abaixou a cabeça, fingindo que seu comportamento poderia ser esquisito ou que ele ainda estivesse lhe observando.

Na verdade, ela não estava fingindo — não se importava se ele estava á observando. Nem se importou em ficar atenta para ver Naruto, como
geralmente fazia. Tinha que descobrir que porra havia de errado consigo. Seu coração estava acelerado, suas roupas estavam quentes demais, ela se sentia agitada e inquieta.

Mas não foram pensamentos de Toneri que tinham á incomodado. Era Sasuke. Da forma como ele lhe provocou no quarto dele até o jeito que ele comandou a situação com Toneri até a forma como sua mandíbula ficava tensa
quando ele estava a analisando com aqueles olhos intensos. Deus, aqueles olhos…

Olhou para ele discretamente conforme se levantou para começar a aula, e outra onda barulhenta e confusa percorreu seu corpo. Hinata se mexeu na cadeira, mas não ajudou. Quando ele começou a falar, foi ainda pior. Sua voz provocou arrepios por sua espinha. Absorvou-o cada palavra, ainda assim, as frases passavam sem que ela compreendesse uma única palavra.

Estava seriamente encrencada. O que quer que estivesse acontecendo, tinha que haver uma explicação
perfeitamente natural. Tipo, Hinata estava tendo um surto psicótico. Sua mente estava tentando alterar a coisa terrível que tinha acontecido com ela ao associar Sasuke e sensações prazerosas com aquela noite, em vez de com Toneri e aquelas sensações horríveis.

Só que essas sensações não eram exatamente agradáveis. Eram doentias e atormentadoras. Eram ferozes e turbulentas. Teve que cruzar as pernas e descruzá-las, no mínimo, umas cem vezes só para conseguir aguentar a aula inteira, o tempo inteiro se odiando porque não conseguia ficar quieta.

Tudo isso á deixava brava. E desconfortável. E brava de novo. Por inúmeros motivos. Ela estava brava com Sasuke, de qualquer forma, por
causa de tudo que ele sabia. Não apenas sobre o que Toneri fez, mas aquelas outras coisas que ele disse sobre ela em seu quarto. Aquelas coisas que ele tinha desvendado sobre Hinata com tanta facilidade.

Ela não gostava de ele lhe
conhecer tanto assim. Parecia invasivo. Como uma violação.
E estava brava por ele ter demorado para lhe resgatar. E como ele nem pareceu realmente se certificar de que ela estava grata por ele ter á salvado. Mas ainda, estava furiosa com os pensamentos que estava tendo sobre ele, apesar de isso não ser realmente sua culpa. Mesmo assim, se ele não tivesse sido tão idiota com a forma como tratou Hinata naquela noite, provavelmente ela não estaria tão puta como se sentia agora. Então, talvez, fosse certo culpá-lo por aquilo também.

Não importava de quem era a culpa. Era Hinata que tinha de lidar com isso. Era como se ele não se importasse em como ela ficaria depois daquele pesadelo. De alguma forma, ficaria bem.

Depois do que pareceu a hora mais longa da sua vida, finalmente a
aula terminou. A Hyuuga saiu no segundo em que foram liberados, com cuidado para fugir de Sasuke ao subir as escadas de novo em vez de sair por baixo. Tinha planejado almoçar com uma amiga, mas precisava correr para passar em seu apartamento primeiro a fim de trocar sua calcinha antes da próxima aula. Estava muito ruim mesmo.

Assim que ficou livre da presença de Sasuke, Hinata tinha certeza de que
toda a coisa estranha seria esquecida. Pensou em Naruto para clarear a mente. Era dele que ela era a fim. Era quando pensava nele que sentia frio na barriga. Mesmo agora.
Ao longo do dia, no entanto, viu sua mente voltando a Sasuke de vez
em quando, se viu imaginando finais diferentes para a noite naquela mansão. E se ele tivesse lhe convidado para entrar de novo depois que Toneri partirá? E se ela não tivesse saído daquele quarto, em primeiro lugar? Estava envergonhada de si mesma. Mas foi de onde tirou a ideia de como lidar com os pesadelos que tinha desde que tudo aconteceu.

Naquela noite, quando acordou suando frio com o fantasma do toque de Toneri tocando sua pele, deslizou a mão para dentro de sua calcinha e se pegou a lembrança com pensamentos em Sasuke.

— Ele te machucou muito? — ele perguntou, segurando a face pequena de Hinata conforme Toneri cambaleava pela rua. Sua mão era quente contra a pele da Hyuuga,
hesitante sem ser gentil.

— Não muito — sussurrou, olhando em seus olhos de cor escura. A carona chegou e os dois se virarão para o carro, mas, em vez de se
afastar, Sasuke puxou Hinata para seus braços.

— Deixe eu cuidar de você está noite. — Assentindo, ele mandou o
carro embora. Então se ajoelhou e puxou sua calça para baixo, tirou
sua calcinha, sem pedir permissão nem se desculpar por sua ansiedade.

Mas Hinata o queria ali, então era diferente de quando Toneri lhe forçará.

O ar estava frio em suas pernas nuas, mas, logo, sentiu o calor dá língua de Sasuke entre seus lábios. Ele lambeu á fenda agressivamente muitas vezes, então cutucou a língua em um ponto e a inseriu dentro de Hinata.
Gozou quase imediatamente e dormiu profundamente até de manhã.

Seja lá o que Sasuke tivesse feito consigo, não desapareceu, mas
melhorou a lidar com isso. Aprendeu a não o olhar no olho. Parou de sentar na primeira fileira na aula. Fez o que sempre fazia — sorria, assentia e seguia em frente.

E, à noite, continuava a acalmar seus sonhos com fantasias dele colocando o dedo de si e transando com ela mesma. Às vezes, acontecia depois de ter tirado Toneri de cima dela. Às vezes, Toneri nem estava lá. Às vezes, ela pedi para ele. Às vezes, ele que implorava. E, às vezes — muitas das vezes —, ele era tão insensível e cruel e, ela gostava.

The beginningOnde histórias criam vida. Descubra agora