47° Capítulo

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Naquele momento, Chloe se perguntava em qual momento de sua vida, ela imaginaria observar Thomas cortar lenhas para a lareira da sala, como estava fazendo. De fato, a beleza dele era admirável, entretanto, o que ela pensaria dela mesma se pudesse voltar ao passado e assistir aquele futuro? Vergonha, talvez? A própria não conseguia se entender. 

Ela jamais iria esquecer o que aquele homem havia feito. E estar em um relacionamento com ele, no momento em que estava, era mais uma sobrevivência, embora houvesse sim, sentimentos por ele, mas por uma outra versão dele.

Chloe não podia dizer que Thomas a tratava mal, seria calúnia. Não podia dizer que ele a agredia, extrema mentira. Não seria capaz de dizer que ele a pressionava a alguma coisa, ele não fazia. Thomas tinha um cuidado absurdo por ela, não ousava tocá-la sem que ela permitisse. Eles também não dormiam juntos, pois ele alegava não ser adequado.

Ele ainda era um enigma.

Naquela tarde, fazia muito frio, as lenhas da casa estavam por um fio, Thomas então, foi cortar mais. Foi o momento de Chloe o observar, momento em que seus pensamentos ficavam vagos e misturados. Depois que aceitou ser a noiva dele, tudo estava mudado.

— Em quê tanto pensa? — Ele perguntou, ao voltar para a casa carregando as lenhas no ombro. 

Chloe sorriu negando em silêncio e o viu passar por ela para entrar na casa, ela cruzou os braços ao sentir o frio bater e logo se arrepiou ao sentir Thomas lhe abraçar por trás. 

— Não vai me responder?... Hum?

Chloe suspirou.

— Iremos morar aqui? — Perguntou ela.

— É o nosso lar.

Chloe se virou para o olhar, ele mantinha serenidade no olhar e na face.

— Eu nunca vou voltar para casa? Para minha casa? — Cruzou os braços esperando a resposta. 

Thomas a encarando, passou a língua pelos lábios e respirou profundamente.

— Talvez um dia. — Falou, mas não ficou para ouvir mais nada, a deixou parada o olhando.

Chloe fechou os olhos, prendeu a respiração e logo a soltou lentamente, abrindo os olhos em seguida.

Era agonizante não ter respostas.

(...)

Nos dias seguintes, Chloe decidiu não insistir mais. Thomas não funcionava sob pressão. Ele gostava de estar no controle.

Nesse período, ela também adoeceu. Um mal estar passou a se apoderar dela. Havia passado muito mal durante uns dias, crises de vômitos e dores de cabeça. Naquele dia, se sentia resfriada, para piorar sua situação.

Estressada por estar doente e de pé preparando o almoço, enquanto Thomas, ela não fazia ideia de onde estava, resmungava a cada segundo.

— Jurou cuidar de mim e onde está agora? — Gritou estressada, fazendo uma pergunta retórica.

Seu dia não estava sendo nada bom, desde o acordar até alí. Até o dedinho do pé já havia sido batido na quina da mesa.

Tossiu e sentiu o vômito subir, correu para a pia e lá mesmo jogou.

— Inferno! — Sussurrou o xingamento, limpando a boca.

Se acalmou e terminou o almoço, era coisa rápida, na verdade, Thomas já havia deixado tudo pronto, desde o café da manhã dela, então, sua parte eram os legumes.

Preparou seu prato e se sentou a mesa. No prato, pouca comida. Não tinha ânimo para comer e ao terminar, se sentiu cansada.

A mesa, ela permaneceu por um tempo, pensando e esperando por Thomas. Ela detestava quando ele saía, era horrível ficar sem ele. Chloe sentia falta de companhia e, Thomas era a sua única.

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