Véspera de Natal, um dia produtivo, cheio de afazeres, ceia para preparar, gente para receber. Na infância, Chloe amava o Natal, depois de seu aniversário, era o melhor dia do mundo para ela, tinha um espírito diferente. Na adolescência, passou a não se importar tanto, e nos últimos dias, já não era mais importante.
Ela estava cansada, já tinha ajudado sua mãe em tantas tarefas. Os enjoos tinham cessado, mas ainda se sentia mal. Como o tédio lhe era horrível, até borboletas foi caçar com Holly naquele dia, e mesmo ajudando a mãe com as comidas, para ela, aquele era só mais um dia entediante.
Isolada dentro do quarto, imaginava o seu próprio futuro, não seria nada do que um dia já havia pensado.
Sabia que naquele momento a sala de sua casa já estava cheia, ou pelo menos era assim nos natais passados, ali faltariam Thomas e talvez Jordan, mas em pensar que todos os natais foram falsamente comemorados, lhe enojava.
Buscou um livro qualquer sobre sua mesa e se jogou na cama, disposta a ler, ou melhor, a se distrair. Foram mais de dez páginas lidas, quando John entrou no quarto após bater e fazê-la fechar o livro.
Ela olhava para John enquanto ele falava, com uma feição entediada e interrogativa.
— Você não prestou atenção em nada do que eu falei, estou certo?
Chloe quis rir, mas ele não estava errado.
— Está certo.
Ele bufou.
— Ok, levante-se desta cama que hoje é noite de ceia.
Ela balançou a cabeça negando.
— Eu não quero.
John suspirou, levou as mãos para os bolsos da calça e olhou para os pés.
— Nós sempre fizemos isso. — Disse.
— Exatamente, todos os natais foram falsamente comemorados.
Ele negou.
— Nunca! — Falou, impaciente. — É certo que mentimos para você, e ainda existem muitas coisas que você não pode saber, mas, falando por mim, meus sentimentos por você e essa família, são os mais verdadeiros possíveis. Chloe, a única família que eu tenho hoje, são vocês.
— Então você assume que mentiu e ainda esconde coisas de mim?
John minimizou os olhos.
— Você não vai querer ser uma garota rebelde agora, não é? — Foi sério. Chloe o olhou indignada, e preferiu ficar quieta. — Você pode escolher entre ficar aqui ou descer e cear com sua família.
Em silêncio, ela voltou a focar os olhos nas escritas do livro, deixando John irritado com a postura dela. Ele caminhou até a porta, a fechando e voltou para perto de Chloe.
— Isso é por Jordan estar aqui? — Ele perguntou, fazendo Chloe o olhar rapidamente, de cenho franzido.
— Ele está aqui? — Ele assentiu. — Por que? Eu pensei que...
— Eu não posso destruir a única forma de família que ele tem.
Ela revirou os olhos.
— Eu estou cansada de vocês e toda a história que os envolvem. Parece que eu vivo no escuro com vocês, tudo o que eu pensava um dia, hoje é o contrário. Eu não sei quem vocês são e nem mesmo se posso confiar em vocês.
Ele assentiu, a compreendendo. Tocou o rosto dela, acariciando a bochecha.
— Nós sempre cuidamos de você. — Ele a olhava profundamente. — Desde criança, nós sempre cuidamos de cada detalhe para você não se corromper como aconteceu com a gente. — Balançou a cabeça. — Não me olha assim. Você sabe o quanto fizemos por você.
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Caminhos Noturnos
Misterio / SuspensoBastou um olhar para nascer a obsessão. Chloe, a primogênita dos Martin, nascida e criada em um pequeno vilarejo na Inglaterra, apelidada por "Anjo" desde o nascimento. Uma garota doce e divertida, não imaginava que o dono de um coração frio e calcu...