Fogo e Sangue

Capítulo 14

Rhaenyra sentiu um frio na espinha inicialmente... Todos estavam mortos, todos da comitiva, não sentiu tristeza alguma por isso, sentiu alívio. Mesmo com a morte dos inocentes, ela não sentiu nada. Agradeceu a Harwin pela informação e o dispensou.
Se virou para Daemon com o seu melhor olhar acusatório, e ele mal disfarçou.
- Não havia outra maneira de manter você verdadeiramente segura.
- Eu sei, não o estou julgando. Faria o mesmo por você. - respondeu ela baixinho.
Mais tarde, eles foram terminar os últimos acertos do funeral de Viserys. O ritual seria realizado na manhã seguinte. A sensação de vazio ainda permanecia, mas ela estava mais calma diante de tudo o que aconteceu. Daemon não a deixou sozinha nenhum momento, e ela aproveitou sua companhia. Estava anoitecendo agora, e os dois estavam sentados no gramado do castelo. Ela observando as primeiras estrelas aparecerem quando ouviu seu marido dizer que a amava em alto valiriano.
Ela ergueu-se e pediu para que repetisse, ele falou novamente. O valiriano era uma língua rara que somente montadores de dragões usavam para se comunicar com seus animais e com outros montadores, quando ela era criança aprendeu com seus treinadores e também com Daemon, mas com o sumiço dele, ela nunca mais o usou a não ser com Syrax. Ouvi-lo dizer que a amava na língua antiga era pra ela uma declaração única, e pensando bem, realmente era, pois somente eles ali entenderiam. Ela respondeu a ele que também o amava e sempre o amou. Disse a ele que o queria pra sempre e que não poderia escolher pessoa melhor para ser seu marido.
Daemon a puxou para junto de corpo, ele a beijou lenta e profundamente, toda aquela tensão estava deixando ele maluco, precisava dela para relaxar, e como ela o conhecia bem, estava por cima dele, fazendo caricias e enchendo-o de beijos que mandavam ondas de calor por todo o corpo, fizeram amor ali mesmo dessa vez de forma intensa, aproveitando cada segundo e não importava se alguém os visse, só queriam eliminar todo o estresse dos dias que passaram. 
No meio da madrugada eles retornaram ao antigo quarto de Rhaenyra, ela não queria visitar o quarto dos pais, tomaram um demorado banho juntos e finalmente se deitaram e tentaram dormir algumas horas. Quando amanheceu, ela se arrumou, vestindo-se toda de preto. Sentia-se novamente vazia e as lágrimas desejavam cair novamente, ela iria se despedir do seu pai e não estava emocionalmente preparada.
Daemon estava igualmente abalado, o olhar aéreo, visivelmente tenso, tiveram uma noite prazerosa,  mas nada seria capaz de retirar a dor que ambos estavam sentindo. Se encaminharam para o local da cerimônia, o corpo de Viserys estava no alto de uma pilha de madeira, Syrax e Caraxes estavam no local, o grande dragão vermelho observava a parceira com preocupação, Syrax podia sentir a dor compartilhada com Rhaenyra.
Havia chegado o momento, Daemon tomou a frente:
- Agradeço pela presença de todos para o velório de meu irmão... Sei que é sabido que não nos dávamos bem, mas isso não quer dizer que eu não o amava. Viserys foi morto covardemente por pessoas que tinham sede de poder, covardes que felizmente os deuses já cobraram seu preço por tamanha traição. Só me resta o conforto de saber que descansará em paz com a justica que foi feita.    
Era a vez dela de dizer suas palavras de despedida ao pai:
- Meu pai foi um Rei justo e pacífico, amava minha mãe e a mim, buscou fazer as coisas certas, mas infelizmente buscou as formas erradas. Ele escolheu a mim como herdeira e isso quase resultou em uma guerra civil. Quero seguir seu caminho de paz, dessa vez estudando outros meios, trazendo a força do nome Targaryen, porém de forma menos agressiva. Vou unificar Westeros e estabelecer a verdadeira paz.
Daemon a olhou orgulhoso e ela sorriu timidamente para ele, juntos chamaram seus dragões e em uníssono gritaram "Dracarys", o corpo de seu pai foi cremado e Rhaenyra derramou suas últimas lágrimas por seu pai.