— Sei, mas não quer tentar?
— Não é a primeira vez que falo isso, tenho certeza, mas como obviamente não se lembra vou explicar só mais uma vez. – Luan suspira frustrado. – Não tem tratamento, o que poderia tentar é uma inseminação assistida, com vários processos e isso faria só a possibilidade de 0,0001 passar a ser de 0,0005. É doloroso, mas é a realidade. Não sou capaz de reproduzir, sinto muito. Sou grato pelos gêmeos, conseguir acompanhar cada passo da gestão, mas isso não vai mais acontecer... Digo, gestação. Podemos adotar uma menina, ser pai de menina é massa! Mas não terá essa magia da gestão e da fase bebê... É muito mais difícil conseguir adotar bebês, então será maiorzinha, isso se concordar.
— Adoção! – Kethelen suspira e meneia a cabeça. – Não, não! É um ato lindo, não deixaria de ser filha e não seria menos amada, mas assim não quero. Acho que ter dois bagunceiro é o suficiente, né?
— Adoraria ter uma filha com você do jeito tradicional, sinto muito por não ser possível.
— Parou! Está tudo bem, nem devia ter falado isso. Ignorância minha não ter prestado atenção na sua primeira explicação e ter feito...
— Vou tomar banho. – Luan beija a testa dela e sai.
— Desculpa!
Kethelen
Notei no olhar do Luan o quanto o deixei triste com aquilo. De modo nenhum foi o meu objetivo, claro que não queria o deixar chateado... Como fui tola a esse ponto? Se de fato ele já tinha me dito sobre aquilo porque fui tão desleixada e inocente ao entrar no assunto?
Sei bem como isso de não poder fazer filho o machucou, perturbou. Desde que o conheço sempre escutei ele dizer como queria ser pai e aí isso aconteceu... Isso é muito sofrido, meu Luan não merecia isso.
Sei que ele ama os gêmeos, é o pai deles e as vezes até eu esqueço que não geneticamente... Pelo que acabou de acontecer acho que até ele tinha esquecido disso e eu, burra que sou, o lembrei.
Lucca e Gael sempre serão seus filhos, ele é o pai, mas acabo de o lembrar da questão genética e tenho certeza que isso o deixou mal.
Estava inquieta, toda hora conferindo se os meus pequenos estavam dormindo e sim, estavam e em uma tranquilidade, queria eu dormir assim.
Lucca resmungou algo, mas bastou colocar a chupeta em sua boca que voltou a dormir, foi só então que notei a demora do Luan no banheiro, sem excitar entrei.
— Que susto! – Luan que estava com o box aberto, fala ao notar minha presença. – Já estou saindo. – Sua feição estava diferente, ele que quando entrei tinha a testa encostada na parede enquanto a água do chuveiro caia sobre seu corpo nu, agora arrumou a postura, fechou os olhos e passava as mãos em seu cabelo tentando evitar que eu notasse.
— Desculpa.
— Não entendi, por que está se desculpando? – Luan manteve a mesma postura, tentando apenas manter sua voz mais firme.
— Por te fazer chorar. – Luan não responde. – Não... Não queria isso. Sei que sempre quis ser pai e...
— Sua tola! – Luan finalmente abriu os olhos, não pra me olhar ou para direção que eu estava. Ele pegou o shampoo e começou a lavar os cabelos, tudo pra evitar contato visual comigo. – Sou pai! Sempre quis e você realizou esse sonho. Nunca pense o contrário nem por um segundo, entendeu? Aqueles dois esfomeados dormindo na cama são meus filhos, os amo e morreria por eles. São meus e lutaria na justiça até contra você se desse a louca e ameaçasse os afastar, de impedir que faça meu papel de pai. Mato e morro por eles, declaro guerra e procuro paz.
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Laços
FanfictionKethelen é uma mulher de personalidade forte, determinada e batalhadora. Uma pessoa bastante reservada quando o assunto é redes sociais, por isso suas contas são todas privadas. Amiga íntima do Luan, nunca fez questão de fazer parte do mundo de "cel...