Capítulo 13

344 22 55
                                    

Flávia sentia como se estivesse prestes a explodir de empolgação e excitação, e não apenas sexual. O jeito com que Guilherme a tocava, olhava e sorria para ela fazia com que seu coração disparasse dentro do peito, deixando-a com um sorriso de orelha a orelha. Ele a fazia sentir-se especial, como nunca tinha se sentido na vida, e ela podia se ver facilmente completamente apaixonada por ele, sem qualquer esforço da sua parte e da parte dele.

Em alguns momentos, ainda tinha vontade de se beliscar para ter certeza que aquilo não era uma de suas alucinações. Sonhava com ele há tantos meses, com aquele homem sério e certinho, de sorrisos reservados e olhos gentis, sem nunca o ter encontrado, que seu lado racional já o havia descartado como criação de sua imaginação, de fato. Mas tê-lo ali, ao seu lado, ao alcance da mão, e sabendo que ele tinha sonhado com ela tanto quanto ela havia sonhado com ele... Parecia bom demais para ser verdade.

Sob o som suave de uma playlist de MPB que ela havia localizado no Spotify de Guilherme, pararam o carro diante de um prédio bonito e elegante, com fachada toda em vidro. O médico tirou um pequeno controle do console e pressionou um dos botões, tamborilando levemente os dedos enquanto esperavam o portão se abrir. Em seguida, manobrou o carro, parando na vaga. Rapidamente desceram e pegaram as compras, o doutor colocando um braço nas costas de Flávia para conduzi-la gentilmente até o elevador, onde apertou o botão para o décimo andar.

A cada minuto que se passava, e que ficavam mais próximos do apartamento, a tensão parecia crescer entre eles. A corrente elétrica que os percorria sempre que se tocavam se tornava mais intensa, e era tão difícil para Guilherme não pressionar Flávia contra a parede do elevador e a beijar, sentindo de fato o sabor de sua boca e o calor de seu corpo contra o dele, quanto era para a dançarina não puxar o médico contra si e tomar novamente a iniciativa do beijo.

O elevador parou com um ruído suave, e Guilherme tomou a frente, conduzindo Flávia na direção do apartamento de número 1002. Equilibrando as sacolas do supermercado em uma mão, ele destrancou e abriu a porta, acendendo a luz em um interruptor próximo e deixando que ela entrasse primeiro.

A morena arregalou os olhos, embasbacada. O apartamento era amplo e luxuoso, com a sala de estar separada da cozinha por uma bancada de granito. As paredes brancas da sala eram decoradas por quadros de paisagens de um lado, enquanto uma enorme estante com vários livros ocupava a outra parede. Um home theater estava instalado ao lado da estante, e uma cortina persiana cinza clara estava semi-aberta na direção de um janelão que dava para uma sacada de onde se podia ver o mar. Um enorme sofá grafite estava diante do home theater, com uma mesinha de centro com tampo de vidro na frente.

A cozinha era equipada com tudo do bom e do melhor, com armários planejados, e foi para lá que Guilherme se dirigiu, colocando as sacolas com as compras sobre as bancadas. Flávia fez o mesmo, distraidamente se dirigindo à sala e abrindo as persianas e o janelão, permitindo que a brisa marinha noturna enchesse e refrescasse o ambiente.

– Tem um controle sobre a mesinha de centro – Guilherme disse à dançarina, ocupando-se com as compras e separando o macarrão e uma pequena bandeja com filé – Ele serve para ligar o home theater. O meu celular está programado para se conectar a ele... Coloca uma música pra gente?

– Coloco, sim – Respondeu a dançarina, sentando-se no sofá com um sorriso encantado – Mas só depois de você me contar o que aquela música que você cantou em francês queria dizer – Provocou, com um sorrisinho travesso.

O médico riu gostosamente, olhando para a morena com um balançar leve de cabeça. Largando as compras sobre a bancada, ele cruzou o espaço da cozinha até o sofá onde Flávia estava, e se debruçou, ficando com o rosto na altura do dela e aspirando profundamente o aroma forte e marcante do perfume que emanava da pele dela. Era um cheiro meio amadeirado, meio floral, ousado, perfeito para ela, e, num gesto atrevido, ele deu um beijo no canto da boca carnuda e sem batom.

everything has changedOnde histórias criam vida. Descubra agora