Capítulo 14

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Calejado por dezoito anos de casamento em que seu romantismo e afetuosidade natos eram constantemente rechaçados por sua agora ex-mulher, com a idade Guilherme havia se tornado resistente a pensamentos românticos como o primeiro beijo se encaixando como duas peças de um quebra-cabeça, tornando sua alma completa. Sabia que era um homem já completo mesmo antes de Flávia cruzar seu caminho, plenamente feliz com o relacionamento com os pais e o filho. Embora sentisse falta de uma companheira – Rose nunca tinha sido digna do título, embora tivesse sido sua esposa por 18 anos -, não precisava estar em um relacionamento para ser pleno.

Entretanto, por mais que racionalmente soubesse disso, ao sentir a pressão suave dos lábios carnudos de Flávia contra os seus não pôde deixar de sentir como se ela fosse alguém cuja ausência ele sempre havia sentido, mesmo não tendo ciência dessa falta. A boca da dançarina encaixava-se perfeitamente na sua, e o corpo dela parecia ter sido feito para caber em seus braços. O toque da pele da jovem contra a sua o eletrizava, despertando no médico sensações que ele nunca havia experimentado em toda a sua vida. Com o sangue se espalhando feito lava dentro das veias e ateando fogo em todas as suas células, puxou a moça contra si e a beijou com paixão, devorando sua boca como se nunca tivesse sido beijado antes e sendo correspondido com igual intensidade.

Um gemido rouco escapou dos lábios da dançarina quando sentiu os braços fortes de Guilherme apertando-a contra o corpo longilíneo e forte. Aparentemente movendo-se por vontade própria, suas mãos subiram pela nuca do médico rumo aos cabelos negros e macios, seus dedos se enroscando nos fios e usando-os para puxá-lo para mais perto de si. Nunca tinha experimentado aquela sensação antes, de paz, de completude, como se Guilherme invadisse todos os espaços vazios que ela tinha dentro de si.

Um gritinho escapou dos lábios carnudos da dançarina de pole dance quando Guilherme a tomou nos braços, apoiando as mãos grandes e fortes nas nádegas cobertas pela calça de couro. Entre beijos e carinhos, deixando para trás uma trilha de peças de roupas e se batendo nas paredes, os dois se dirigiram para a enorme suíte master do apartamento, cuja sacada descortinava uma linda vista da praia de Ipanema. A noite estava belíssima, estrelada, com uma lua cheia de cinema, e um vento leve soprava do janelão aberto.

Um grunhido baixo escapou da boca de Flávia quando Guilherme estacou, depositando-a sem cerimônia sobre a cama que ocupava o amplo quarto, e um sorrisinho cheio de malícia curvou o canto da boca do médico quando a falsa aeromoça desabou em seu confortável colchão.

Esparramada sobre lençóis de algodão egípcio, com os cabelos negros espalhados sobre as fronhas brancas, os seios arfantes e os lábios inchados pelos beijos dele, ela era a mais perfeita representação da sensualidade e do erotismo. Como um devoto aos pés de um altar, Guilherme ajoelhou-se no chão, entre as pernas de Flávia, e lentamente deixou que suas mãos percorressem as longas pernas torneadas, seus lábios seguindo o mesmo caminho de seus dedos. Beijou e mordiscou levemente a pele suave e macia da barriga lisa de Flávia, sorrindo ao ouvir a risadinha dela e senti-la se debater e tentar se desvencilhar. Seus dedos acharam o botão da calça colada e o abriram – o som do zíper ecoou alto pelo quarto em silêncio, e Guilherme ergueu o rosto, olhando fixamente nos olhos de Flávia.

Um gemido queixoso e manhoso escapou da boca bem-desenhada da moça quando ele não se mexeu, limitando-se a encaixar as mãos no cós de sua calça e a encará-la com aqueles olhos castanhos que estavam quase negros de tanto desejo.

– Anda, Guilherme – balbuciou ela, levando a mão até o rosto dele e dando um tapinha suave no local.

– Flávia – A voz dele estava rouca de tesão, e ela sentiu um arrepio na sua pele nua que nada tinha a ver com a brisa marinha que entrava pela janela – Se isso acontecer mesmo, eu nunca mais vou deixar você ir embora.

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