Capítulo 15.

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Acostumado há mais de vinte anos a acordar muito cedo devido às suas obrigações profissionais, Guilherme não se admirou por começar a voltar à consciência apenas algumas horas depois de ter ido dormir. A princípio, imaginou que o corpo quente enroscado no seu fosse apenas resquícios dos sonhos que tinha há meses, mas, aos poucos, as lembranças da noite anterior e o aroma doce e floral inundaram sua consciência, fazendo-o sorrir e puxar a silhueta delicada e feminina contra si.

Apesar de ter dormido apenas algumas horas – havia passado a noite dando prazer a Flávia e recebendo prazer em troca –, sentia-se energizado como há muito tempo não se sentia. Abaixando o rosto, permitiu que seus lábios acariciassem levemente a pele quente e macia do pescoço da garota em seus braços, sorrindo de satisfação ao ouvir o gemido baixo e manhoso que ela emitiu, mesmo ainda adormecida.

Tinha sido, sinceramente, a melhor noite de sua vida. A partir do momento que ele e Flávia se entregaram um ao outro, era como se aquela não fosse a primeira vez que se amavam. Não houve desconforto nem estranheza, apenas uma gigantesca curiosidade e uma ansiosa vontade de se conhecerem e descobrirem um ao outro. Tanto quanto ele, Flávia sabia tanto dominar quanto se submeter, entregando-se a ele quando ele queria lhe dar prazer e tomando a frente quando queria dar prazer a ele. E, quando a primeira explosão de fogo se apagou, houve tempo para ternura, para carinho, para risos, para cumplicidade.

Sentia-se, com mais de 40 anos, como se estivesse vivendo aquilo pela primeira vez. Sexo para ele, mesmo com Rose – talvez especialmente com Rose... –, era apenas uma forma de relaxar, de abstrair dos estresses diários e buscar uma satisfação pessoal. Sim, esforçava-se para dar prazer à mulher com quem dividia a cama (ao contrário do que Rose dizia, não era egoísta àquele ponto), mas o prazer de sua companheira de cama não era essencial há muito tempo... não como tinha sido com Flávia.

Com sua jovem amante, dar-lhe prazer, fazê-la gozar tinha sido mais importante do que buscar seu próprio prazer. Tinha sido natural ser carinhoso com ela nos momentos em que descansavam das atividades sexuais, acariciando seus cabelos, beijando-a delicadamente na boca, ouvindo-a tagarelar sobre sua vida. Abraçara-a com carinho quando ela mencionara, de passagem, sobre como tinha sido abandonada pela mãe ainda bebê, e num impulso deixara claro, ainda que num tom bem-humorado que a fizera rir, que, infelizmente para ela, aquilo não aconteceria com eles.

– Você ficou tempo demais nos meus sonhos, menina – disse ele, brincando e dando pequenos beijos no pescoço e em um dos ombros dela – Agora que você está no meu mundo real, não vou deixar você ir embora. E não vou sair do seu lado. Acho que nem mesmo se você me expulsar.

Flávia, que estava esticada na cama entre as pernas de Guilherme, com as costas nuas apoiadas no peito dele, riu gostosamente e pendeu de leve a cabeça, dando ao médico mais acesso a seu pescoço para que continuasse com seus beijos.

– E se eu não quiser te expulsar? – Sussurrou ela, virando a cabeça para beijar o rosto do amante. Deu um gritinho ao sentir a leve mordida dele em seu ombro e sufocou um gemido diante do arrepio que percorreu seu corpo ao senti-lo lamber levemente o local que havia mordido.

Guilherme virou a ambos de modo que ela ficou esparramada na cama, e ele sobre ela, dando-lhe um sorriso malicioso.

– Então creio que você vai ficar presa a mim pra sempre – respondeu ele, beijando-a com paixão e reacendendo as brasas que ardiam entre eles, mais uma vez.

Afastando Flávia com cuidado de seu peito, o médico saiu com relutância da cama, deixando-a ainda adormecida. Nu, pegou o celular na mesinha de cabeceira e se dirigiu à cozinha, decidido a preparar um café da manhã especial e levar para Flávia ainda na cama. Estava com a cabeça na geladeira, pensando no que podia preparar para ela, quando seu celular começou a vibrar na bancada da cozinha. Uma olhada rápida no visor o fez arregalar os olhos.

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⏰ Última atualização: Mar 27 ⏰

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