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- 𝑱𝒐𝒔𝒉 𝑩𝒆𝒂𝒖𝒄𝒉𝒂𝒎𝒑 -

A culpa não é somente dela mas eu não consigo falar com a mesma no momento. Não me sinto capaz de o fazer. Eu admiti que a amo no meio de uma briga e any nem sequer pareceu acreditar nas minhas palavras. Seria preciso mover uma montanha para a fazer perceber que tudo o que eu fiz por ela, foi por amor?

Ela ficou ao meu lado o tempo todo enquanto eu tomava o chá, acariciando a minha perna, mordendo o interior da bochecha a maior parte do tempo, em silêncio. Enquanto os meninos estavam animados a aproveitar as nossas férias de natal. Está na hora de dar uma pausa nos negócios, a não ser que alguma coisa aconteça.

Me senti culpado por não conseguir olhar para ela por mais de dois segundos, sendo que ela está aqui por mim. Ia pousar a chávena mas ela pegou suavemente da minha mão e sorriu de forma doce, se levantando e indo até à cozinha.

Quando dei por ela, Any parecia se obrigar a comer uma fatia de pizza e tomar um suco. A qualquer momento o corpo dela podia expulsar toda a comida, eu sei como as coisas funcionam.

Quando acabou de comer, desceu a bunda para o chão e começou a brincar com o tapete, depois se virou de barriga para cima e ficou a olhar para o teto, mudou de posição ficando de lado e encolhida, depois ficou durante cinco minutos de barriga para baixo até se sentar no chão, os meninos continuavam a jogar e não acabaria tão cedo.

Eu não tenho vontade de subir e ficar a pensar na minha vida, prefiro tentar me distrair com a televisão ou algo do tipo mas também não me impedia de pensar demais.
Voltei a ficar sentado mais direito e segurei a any por debaixo dos seus braços para se sentar ao meu lado sem ao menos perceber que ela chorava.

- pode deitar aqui se quiser. - falei baixinho mas ela não se mexeu. -

- deveria ser ao contrário, você está doente. - ela disse fraca. -

- e você está magoada. - dei de ombros mas isso não a fez mudar de ideias então ficámos os dois a olhar para a televisão. -

O clima está claramente estranho e muito pesado mas era impossível aliviar. A única coisa que consegui fazer foi tentar deitar a cabeça dela na lateral das minhas costas enquanto ela fazia força com o corpo para se manter na mesma posição mas acabou por cessar. A minha blusa começou a ficar molhada mas eu não disse nada, deixei que ela ficasse assim.

O meu celular começou a tocar la em cima e eu tombei a cabeça para trás. Any se levantou.

- eu vou lá pegar.

Eu não merecia isso.
Any sempre foi tão generosa, mesmo quando as pessoas não merecem.

- porra Joshua, conversem direito. Olha o que ela tá fazendo por você. - Noah me olhou e eu passei a mão pelos meus cabelos. -

- toma, é um número desconhecido. - ela avisou estendendo o celular. -

Aceitei a ligação.

- Any, olha aqui para mim. - pedi mantendo a calma. - segura na minha mão. - pedi estendendo a mão e ela não pensou duas vezes antes de segurar. -

- está tudo bem?

- vai ficar tudo bem. - respirei fundo. - a sua mãe, teve um enfarte miocárdio. - acariciei a mão dela vendo os seus olhos ficarem mais vermelhos e a sua respiração ofegante. - assim que acordar vai fazer um eletrocardiograma e depois vai fazer análise de sangue.. vamos para o hospital, mas você vai manter a calma pode ser? Acha que consegue fazer isso por mim e por ela?

Any não conseguiu pronunciar nada mas assentiu com a cabeça.

- eu vou lá pegar uma jaqueta para você. - soltei a mão dela e a entreguei ao Noah que agarrava nos ombros da morena que não parava de tremer. Daqui a pouco era ela a ter o enfarte. Peguei no casaco e desci apressado, vestindo-lhe a peça de roupa. -

Queria levá-la ao colo mas sinto-me fraco e o meu braço não está nas melhores condições então ela fez um esforço para se equilibrar até ao carro.

- se você não se acalmar até lá eu vou ter de pedir para te darem um calmante.

- faça isso por favor. - ela estava desesperada e eu entendo o desespero. São coisas perigosas e podia não ter acabado bem. -

Ao chegar lá, procurei por um médico enquanto Noah e os garotos obtinham informações.
Any levou uma injeção e depois fomos para a sala de espera.

-vai fazer agora uma radiografia ao tórax e um ecocardiograma. - Noah informou. - pode demorar cerca de uma hora.

Any saiu do meu colo e me puxou para o banheiro feminino antes de começar a vomitar agachada na privada. E la se foi a comida.

- vai ficar tudo bem. - isso me trazem memórias péssimas. A época que a minha mãe esteve assim e no dia da morte dela quando me disseram que ia ficar tudo bem e ela ia acordar mas na verdade ela já tinha morrido nos meus braços. - se apoie em mim, não faz mal.

Any fez força nos meus braços enquanto íamos até ao lugar de antes, sentei-a na cadeira e enchi um copo com água no filtro, tive de dar na boca dela porque as suas mãos tremiam demasiado para tal ação.

- mas que merda. - Noah acariciou os ombros da cacheada. - vai correr tudo bem, vai dar tudo certo.

Levantei-a e me sentei com ela ao colo. Any preferiu ficar quase como um bebé, deitada com a cabeça encostada ao meu peito.
E eu fiquei ali uma hora e meia com ela nos braços, ela foi se acalmando e parecia não conseguir chorar mais porém tem vontade. É normal..

Krystian e Bailey foram para casa, não havia necessidade de ficarem aqui por horas. Noah foi também faz pouquinho tempo. Resto apenas eu exausto e a any exausta..
Provavelmente a injeção começou a fazer efeito, any tem o corpo mais pesado e já não treme.

- familiares de Priscila Franco?

A morena levantou a cabeça e então eu não medi mais esforços, me levantei com ela ao colo e fui até à enfermeira.

- a mulher está estável, está a fazer tratamento de angioplastia, daqui a cerca de meia hora a quarenta e cinco minutos o médico da alta e ela tem de ir para casa com alguém que a vigie. Pode passar o período do natal fora da clínica.

Any desceu do meu colo.

- posso ir ver a minha mãe?

- as circunstâncias em que se encontra no momento não são as melhores. - a senhora se referiu à Priscila. -

- deixe-a ir lá só ver por um minuto, não é preciso mais do que isso. - pedi e a senhora suspirou, guiando a any até ao quarto. -

A morena voltou depois de um minuto ou dois.

- vem cá. - envolvi o seu corpo nos meus braços. - você está exausta..

- e você está a arder em febre. - ela limpou as suas lágrimas. -

CRIMINAL HEARTS - beauanyOnde histórias criam vida. Descubra agora