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- 𝑨𝒏𝒚 𝑮𝒂𝒃𝒓𝒊𝒆𝒍𝒍𝒚 -

Faltam dois dias para o Natal.
As meninas estão a dormir aqui em casa para celebrarmos todos juntos.

- Espera, vai ser de que cor então? - Sabina perguntou confusa enquanto tirávamos os enfeites da caixa. -

- branco, vermelho e dourado ficaria lindo! - Noah pegou nalgumas sacolas com mais decorações. -

- então vamos começar a preparar tudo! - Sina falou animada. -

Sinto que Josh está distante.
Parece estar chateado comigo nos últimos dias mas eu não perguntei nada porque sei que ele só vai falar no momento que ele quer e não no que eu pergunto.

- quem fica com quais tarefas? - Krystian perguntou fazendo uma lista. -

Ficou decidido que Bailey e Lin iriam cuidar das decorações la fora, luzes e coisas do tipo.
Krystian e Sabina vão decorar o interior da casa.
Noah e sina vão no mercado comprar as coisas todas para fazer as refeições de manhã e dia 25.
Eu, Priscila e Josh estamos encarregues de decorar a árvore de natal mas ele não parece nada animado com isso.

- amanhã é Natal, vamos aproveitar! - pedi esperançosa mas ele se levantou na força do ódio. -

Comecei a separar as decorações com a Priscila. Organizando por cores e deixando tudo arrumado.

- eu não sei fazer isto do jeito certo. - Josh passou a mão pelo cabelo. -

- você nunca montou uma árvore de natal? - perguntei curiosa. -

- Não! - ele parecia frustrado lendo o manual de instruções. - mas não deve ser assim tão complicado.

Josh começou a tentar construir aquilo, Priscila ajudava e eu também mas com alguma dificuldade.

- oh, você fica quieta. - Josh me empurrou levemente contra o sofá. - quietinha.

Revirei os olhos mas não debati, eu fiz o mesmo com ele e ainda achava engraçado.
Depois de uma hora e meia eles acabaram aquilo. A árvore é gigante, vai quase até ao teto.

- você é um anão, nem chega a metade da árvore. - Sabina zoou passando por mim e eu revirei os olhos. -

Começamos a enfeitar aquilo, usando um escadote porque ninguém tem quinhentos metros.

- calma, eu te seguro. - Josh subiu a escada junto comigo e depois me segurou ao colo para colocar a estrela la em cima. - não acredito que ficámos cinco horas de volta de uma árvore de natal. -

Depois de arrumarmos tudo eu ajudei a Helena com o jantar e comemos todos juntos.

- vamos assistir algum filme de natal? - Sina sugeriu. -

- eu quero mais ação! Vamos jogar algum jogo de tabuleiro! - Noah deu outra sugestão e então todos concordaram. -

Eu não quis jogar porque de noite eu começo a ficar com mais dores e me esforcei demais durante o dia então prefiro descansar para estar bem nos próximos dois dias.
Me sentei ao colo do Josh, no tapete da sala, os seus braços rodearam a minha barriga e eu apoiei o meu cotovelo num dos seus braços. Então eu fiquei a observar o jogo sentindo os meus olhos pesarem mais e mais, eu teria dormido facilmente nos braços dele se não tivesse dores.

Mas o clima continua estranho.
Não existiu nenhum beijo para além do que eu dei na bochecha dele de manhã, não demos nenhum abraço de verdade, não trocámos carinho quase nenhum, mal conversámos um com o outro.

- você quer subir? - o loiro perguntou com a voz baixa mas eu neguei com a cabeça. Esse estava a ser o único momento de conforto com ele hoje e eu não queria acabar isso assim tão rápido. - você parece cansada e com dores.

- eu estou bem aqui. - falei baixinho, quase num sussurro. -

- Any, vamos lá para cima. - Priscila tentou me convencer, quero ver o seu braço. - Josh fez um pequeno impulso no meu corpo tentando que eu me levantasse e eu o fiz. -

Ao chegar ao quarto do loiro, me deitei na cama e esperei que a minha mãe pegasse as coisas que eu odeio.

- só fazem quatro dias desde o ocorrido, pega leve, Any. - ela me repreendeu, literalmente. - você faz muitos esforços. Quase batia no Josh por ele mexer o braço e você anda por aí achando que pode fazer tudo!

- tá bom, eu vou tentar. - prendi as minhas lágrimas. Tem sido muita coisa ao mesmo tempo, Josh parece tentar não explodir comigo, eu tenho ficado na minha, sem encher o saco de ninguém para não estragar o natal, tento ajudar e ninguém valoriza isso, no final, eu levo vinte broncas da minha mãe por dia, me sinto sobrecarregada por tentar ser perfeita o tempo todo. -

Senti que ela começou a cortar o gesso do meu braço para fazer uma massagem qualquer.

- quer que chame o Josh? - ela passou a mão pelos meus cabelos. - conversa com a mamãe meu amor.

- eu só estou cansada. - limpei as minhas lágrimas. - e aguentando tudo porque eu prometi que iria cuidar do coração dele, não o posso deixar sozinho..

Priscila soltou um longo suspiro enquanto enfaixava primeiro o cotovelo.

- sei que as coisas não estão bem entre vocês dois mas, são fases. Tudo vai ficar bem, você sabe disso. Vou te deixar agora com a bolsa de gelo e depois eu venho imobilizar o braço tá bom? - assenti com a cabeça e ao sentir que ela dobrou o meu cotovelo soltei um gemido de dor. - desculpa princesa.. já vai ficar melhor. - ela beijou a minha testa e saiu do quarto me deixando sozinha, olhando para o teto e me afundando mais e mais nos meus pensamentos. -

Josh entrou no quarto poucos minutos depois e a única coisa que saiu da sua boca foi um " lamento muito, mas você merece" seguido de um fraco sorriso de deboche. Revirei os olhos e então ele entrou no banheiro, demorando pouco tempo.

- boa noite. - eu sei que ele não vai dormir ainda mas não quer falar comigo, Joshua tem feito isso todas as noites. Depois fica a mexer no celular ou a ver séries no notebook. -

- boa noite. - falei breve mas com os meus lábios trémulos. -

Priscila voltou depois de vinte minutos, vinte minutos de silêncio absoluto e desconfortável. Eu consigo apenas ouvir a respiração de Josh enquanto ele brinca com o cordão do próprio moletom.

A minha mãe encaixou a tala no meu cotovelo me obrigando a dobrar o braço, algo que parecia que ia rasgar a minha pele. Começou a engessar desde a axila até à mão, dando a volta ao meu dedo, eu magoei o pulso com a queda então há mais algumas complicações. Não sei dizer se é bom ter uma mãe médica ou não..

- calma, respira fundo. - inspirei e expirei algumas vezes enquanto ela colocava o meu braço dentro da Tipóia. - já está pequena. Você quer algum remédio para dormir? Pode ser difícil por conta das dores.

- não obrigada.. - prefiro ficar a observar o Josh e a pensar na vida, tentando colocar as ideias no lugar. -

- certo, boa noite. - ela sorriu para nós dois. -

- boa noite tia. - sorri fraco evitando olhar para o loiro. -

- até amanhã, mamãe.

CRIMINAL HEARTS - beauanyOnde histórias criam vida. Descubra agora