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- 𝑱𝒐𝒔𝒉 𝑩𝒆𝒂𝒖𝒄𝒉𝒂𝒎𝒑 -

As vezes eu nem sequer me lembro de que habita um feto dentro da barriga dela, acabo por tratá-la como se os hormónios dela não estivessem todos acabados.

Any está a dormir em cima do meu braço, várias pessoas reclamam por ser a conchinha maior mas mesmo não sentindo o meu braço, gosto de a ter assim comigo, é um dos momentos em que não parecemos criminosos sempre em perigo.
São momentos em que parecemos um casal até que normal.

Tirei o gelo da sua barriga e deixei de lado, substituindo pela minha mão.
Nunca fiz isso na barriga dela sabendo que está grávida e com ela adormecida é mais fácil. Não consigo levar de boas o facto de que dentro de quase 7 meses um bebé vai nascer com os traços dela, ou os meus, ou os dele.

Fui obrigado a deixá-la sozinha para ir resolver uns assuntos com o Noah.

- você acha que ela aceitaria isso? - o moreno perguntou incerto. -

- não sei mas não custa propor. - dei de ombros. - vou ver se ela já acordou e depois volto.

Noah assentiu e eu fui até ao quarto, vendo a morena em frente ao espelho, com um vestido que destaca a sua barriga, colado ao corpo, de alças e coloração preta que vai até um pouco antes dos seus joelhos.
A morena estava a pegar numa jaqueta branca e logo a vestiu sem reparar na minha presença.

- hey baby. Vai onde? - perguntei curioso e ela sorriu vindo até mim. -

- Chamar você para ir a algum lugar, estou no tédio, já estudei tudo da faculdade, as meninas vão vir aqui em casa mais perto da hora do jantar.

- certo, podemos ir ao escritório conversar primeiro?

- claro, sobre o que? Está tudo bem? - ela perguntou preocupada. -

- mais ou menos. - sorri fraco e a levei até lá. Any se sentou à minha frente. -

Noah sorriu levemente para a morena e eu respirei fundo.

- você está grávida. - engoli em seco. - e não sabemos quem é o pai, é esse um dos motivos pelo qual eu não consigo falar sobre isso.

A morena assentiu com a cabeça, não é novidade nenhuma para ela.

- então eu sugiro um teste. - falei nervoso. - eu e o Noah planejámos uma invasão à prisão, para conseguirmos algo do Andrew que sirva para um teste, e descobriríamos quem é o pai mas como você deve saber o teste é arriscado e você pode acabar por perder o bebé.

- se eu fizer isso, você vai parar de ser grosso comigo só porque eu estou grávida?

Ela não estava a mentir.
O nosso relacionamento parou de ser algo fofo e Romântico depois da gravidez, eu não consigo dar-lhe o carinho que ela merece e não consigo conversar porque os meus pensamentos sempre estão no bebé dela.

- estou te pedindo isso porque eu me sinto um idiota, Any. Mas se você perder o seu bebé eu não vou ficar feliz, então quero que você pense em vocês primeiro e não em mim.

- eu posso te dar uma resposta amanhã? - ela perguntou nervosa roendo a unha. -

- quando você tomar uma decisão. - falei apreensivo e ela assentiu com a cabeça. -

- okay.. licença. - ela se levantou e saiu parecendo se sentir fraca. -

Noah me olhou com uma expressão indecifrável, talvez com pena dela.

- Eu sei que você tem estado nervoso e não tem dormido nada por causa da gestação mas não se esqueça dos hormónios dela, ela também deve estar confusa e assustada, o que você sente, ela sente ao dobro.

- você tem razão mas porra, é difícil. Não dá para proteger uma criança no meio deste caos, e se o filho não for meu?!

- se o filho não for seu, ele não vai nascer porque eu não vou ter coragem de criar uma criança e a cada vez que olho para ele, lembrar da noite horrível que eu passei, eu sinto nojo de mim mesma, não quero sentir nojo de uma criança, se eu o tirar daqui, é para o bem dele. Uma criança só deve nascer se for ter amor, e este bebé não vai porque eu não vou conseguir, eu sou incapaz de lembrar disso todos os dias, o que eu diria ao bebé? Ele iria saber quem é o pai? Eu não quero que o meu filho tenha os mesmos problemas que eu, podem dizer que eu estou errada, mas eu não quero que o meu filho venha ao mundo para sofrer. Ele nem sequer têm noção da vida, não é crime nenhum, eu não o fiz por querer, aconteceu e eu não consigo lidar com isso! - ela falou com a mão na barriga e os olhos cheios de lágrimas, já que eu não fui capaz de o fazer no momento, Noah a abraçou. -

- não acho que você está errada. - falei com o coração a mil. - mas e se o bebé for meu, Any?

- com você, eu transo porque eu quero, se você o fez, vai ter que cuidar. Entenda que eu nunca te irei pedir dinheiro, só peço que lhe de o que o meu pai não me deu, só quero que ele tenha a sua presença na vida dele, nada mais que isso. Não quero que seja um segredo seu. Você me protege todos os dias, juntos iríamos proteger o nosso bebé!

- não funciona assim any! Crianças vão para a creche, depois para a escola e você sabe a quantidade de inimigos que eu tenho? Você no momento é o alvo principal, querem te tirar de mim para me fazer sofrer, imagina o nosso filho!

- quando transamos sem camisinha, você não pensa nisso!

- porque você toma remédio, Gabrielly!

- e agora você pode ver que o remédio não é cem por cento eficaz, Beauchamp!

- mas que porra, Any! Esse bebé não devia existir! Isso foi o maior erro de todos mas sabe? A culpa é sua! Ninguém te mandou ir virar prostituta para pagar algo que eu nunca te pedi, você não pensou nos riscos que ia correr?

- faria qualquer coisa para proteger a minha mãe! Não sei se você sabe mas aquela carta que não sabemos quem enviou, foi bastante clara. Nunca foi sobre você e sim sobre quem quer me matar!

- Não iremos falar sobre o bebé, eu não quero saber dessa merda agora, só quero colocar a minha cabeça no lugar!

- não podemos adiar sempre o assunto, Joshua! Um dia vamos descobrir o sexo, preparar o quarto, comprar coisas, a barriga vai crescer e você não a vai poder ignorar, e depois o bebé vai nascer! E você vai fazer o quê?! Vai matar a criança?

Não aguentei mais e acabei por descontar na própria parede do escritório enquanto o Noah me segurava para não fazer nada pior.

- Joshua, calma! - Noah segurou nos meus braços e me sentou num sofá. - está tudo bem. Cara.. se controle. - ele segurou no meu rosto. - não faça merda nenhuma que vai se arrepender depois.

- Sai da minha frente. - falei sério para a morena mas ela não se mexeu então eu a empurrei não com tanta força mas não me lembrei sequer da sua barriga. -

- Porra Joshua. - ela pousou a mão na barriga. -

- foi sem querer. - falei sincero e saí do escritório. -

CRIMINAL HEARTS - beauanyOnde histórias criam vida. Descubra agora