City Market se estende por quatro quarteirões de Charleston, desde o Market Hall, de arquitetura significativa, que fica de frente para a Meeting Street, até uma série contínua de galpões de mercado de um andar, o último dos quais termina na East Bay Street. É comum que ele seja confundido com o Old Slave Mart, que antes era uma instalação de leilão de escravos na 6 Chalmers Street, mas que agora virou um museu. Mas isso é apenas um equívoco, já que escravos nunca foram vendidos no Mercado Municipal. Ele funciona até às cinco e meia da noite, com artesãos vendendo diversos produtos locais.
Foi isso que aprendi durante a meia hora de uma leitura sem fim de um panfleto dado na entrada do City Market, por Daniel Moreau e os seus diversos tons de voz ao mudar de um tópico para o outro. O meu amigo me prendeu ao seu braço enquanto andamos pelo mercado de Charleston sem muito rumo.
"O City Market Hall foi descrito como um edifício da mais alta qualidade de projeto arquitetônico, sendo um ótimo lugar para fazer compras em família e guardar recordações da amada Charleston. E, fim!" Ele fecha o panfleto, sorrindo como se tivesse achado ouro no pedaço de papel. "Gostou?"
"Odiei cada segundo." Respondo, dando uma olhada em um cordão prateado feito a mão.
Daniel revira os olhos, mas o sorriso permanece intacto em seu rosto redondo e bem marcado. "Você anda meio rabugenta
desde McCleanllandville. O que aconteceu?"
"Você sabe o que aconteceu." Olho-o de uma forma muito pessoal, como se pudéssemos nos comunicar por telepatia.
"Não é porque você se encheu de merda que o seu humor ficou alterado. Tem outra coisa aí."
"Dá para falar mais baixo!?" Exijo, sussurrando ao mesmo tempo em que dou uma olhada para trás.
"Não tem ninguém aqui além de pessoas que não conhecemos, Reese. O pessoal está espalhado por aí, até a Dylan sumiu."
Contrapondo os meus pensamentos obsessivos, Daniel oferece um argumento cheio de razão. Mas aquilo no hospital, foi realmente vergonhoso, principalmente por ter passado entre dez minutos a uma hora e meia no banheiro. E claro, com Adam atrás da porta ouvindo qualquer mísero som que escapava. Não sou de rezar, mas pedi tanto que aquilo acabasse logo ou que Dylan e Daniel finalmente chegassem para que ele fosse embora. Os meus amigos chegaram, mas a vergonha já estava feita.
Dou um gole no copo de café em minhas mãos, "Entendi, mas não precisa falar sobre aquilo."
"Então sobre o quê você quer falar?" Daniel brinca com os botões da camisa cheia de flamingos. "Os seus dilemas sexuais? A sua mãe? Ter sido levemente babaca com o cara que você odeia mortalmente?"
"Eu nunca deveria ter te contado sobre o que aconteceu no ônibus, você gosta de passar as coisas na minha cara. E, eu já me desculpei! As coisas foram resolvidas juntamente com uma série de acontecimentos estranhos que podemos chamar de karma, então não existe motivos para continuarmos falando sobre isso."
"Mas eu gosto de falar sobre isso!" Daniel para de andar, olhando algumas cestinhas de ervas e me obrigando a parar também. "Rola uma tensão estranha entre vocês, digna de novela mexicana. Eu assisti aquela lista de novelas toscas que a Dylan fez para mim ano passado, as indianas também. São todas ruins, mas os casais não ficam muito atrás de você e do Adam."
"Não somos um casal!" Pensar nessa ideia faz com que eu o olhe torto.
"Será que eu estou sendo xenofóbico falando assim dessas novelas?" Ele se questiona.
"Não somos um casal, Daniel." Estalo dois dedos na frente do seu rosto, chamando novamente a sua atenção para mim e o puxando para voltarmos a andar. "É estranho pensar nessa ideia."
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Polos Opostos
RomancePela primeira vez em anos, o time de futebol da Hill Davis School foi classificado para o Campeonato Anual de Futebol Americano da Carolina do Sul. A competição reúne escolas de toda a costa como uma tentativa de incentivar os alunos a seguirem o es...