Capítulo 42 - Ávidos

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Algumas batidas na porta me fazem estreitar os olhos no mesmo segundo em que levanto, como se a pessoa atrás dela soubesse o exato momento em que eu estava pronta para ir me deitar. Não sei se conseguiria dormir, mas pelo menos estou me esforçando para tentar.

Olho para a sacada ao lado, as luzes dos quartos desligadas e nenhum rastro sequer da presença de Adam. Tento me confortar com isso, tento assimilar que sinto a sua falta mesmo que tenhamos acabado de conversar. Isso é estranho. Muito estranho. Esse sentimento de saudade ligado a ele não parece que seja algo comum para mim, até porque não é. O que causa mais estranhamento ainda.

Caminho pelo quarto e abro a porta, sendo pega de surpresa quando vejo Adam parado no corredor, a mão erguida para bater outra vez como se estivesse com pressa. Ele estende a mão, me entregando o anel que faço questão de colocar na mão certa. Dou um passo para o lado, deixando espaço suficiente para a sua passagem. Bom, não tenho um motivo concreto para ter feito isso, mas ele parecia querer entrar. E eu também.

Seus passos não hesitam quando entra, tranco a porta e me escoro nela. Adam dá uma rápida olhada no quarto, não muito interessado quando se senta na beirada da cama. Seu braço se estende, sua mão se abre na minha direção como um pedido silencioso, fazendo-me aproximar da cama e tocar a sua mão assim como eu queria fazer antes. Assim como desejei entrelaçar seus dedos nos meus e reconfortá-lo por alguns instantes.

A sua outra mão vai até a minha cintura, me incitando a se aproximar ainda mais e a sentar em seu colo. Subitamente, me preocupo com o meu corpo, se sou muito pesada ou se irei tornar as coisas desconfortáveis para ele. É estranho sentir toda a minha confiança sendo abalada por um simples gesto. Destruindo o que passei anos construindo em apenas alguns segundos.

Adam insiste, os olhos pedintes para que eu faça isso. Então coloco as minhas pernas ao redor das suas, me acomodando em suas coxas de uma forma diferente da qual fiz a semanas dentro daquele carro por aplicativo. Sua expressão não é de alguém que está incomodado, e sim parece que eu deveria estar aqui a muito tempo. É confortável, parece ter sido feito para que eu esteja sempre aqui.

Adam coloca o meu cabelo para trás, observando cada mínimo detalhe do meu rosto, "Namora comigo?"

Sorrio confusa, "Você disse que não queria rotular o que temos."

Sua boca encontra a minha mais rápido do que pensei, depois beijando o meu rosto e me fazendo sorrir.

"Esquece essa bobagem que saiu da minha boca." Um beijo na bochecha, outro na ponta do meu nariz e mais um na minha boca. "Namora comigo." Ele desce, indo para o meu pescoço e espalhando diferentes tipos de arrepios na minha espinha. "Seja definitivamente minha e me deixe ser seu. Me deixe ficar com você, moranguinho."

Ergo o seu rosto na minha direção, o beijando da forma mais profunda que consigo demonstrar o que sinto por tudo isso. Colo ainda mais os nossos corpos quando sinto suas mãos deslizando nas minhas costas e seus lábios se enroscando ainda mais nos meus. Sinto seu gosto, seu toque e seu cheiro. Isso soa como uma resposta boa o suficiente para ele não querer dizer mais nenhuma palavra.

Porém, sinto meu corpo tensionar. Como se recusasse o toque ou precisasse de um tempo para entender o que estamos fazendo. Volto para tempos atrás, quando era eu e Colin. Colin e Colin. As lembranças daquela época não são boas. E agora começo a pensar se o que fiz por ele no hospital foi tão verdadeiro quanto fiz parecer. Mas preciso continuar, preciso continuar, é preciso continuar.

Coloco na minha cabeça, assim como fazia quando estava com o meu ex-namorado, que preciso continuar com isso. Mas Adam se afasta, segura os meus ombros e me encara com estranheza.

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