Capítulo 10 - Problemas

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É difícil pegar o celular e responder as mensagens da minha mãe. Ela está preocupada, eu sei muito bem disso, mas é complicado tentar conversar com ela como se nada daquilo tivesse acontecido. Aquelas palavras me magoaram, aquelas mentiras despertaram lembranças indesejadas. Estou bem, não se preocupe, é o que respondo antes de guardar o celular somente para encarar outro problema.

Às nove horas da noite é para todos estarem em seus quartos, comendo comida pronta e descansando para o próximo jogo. Contudo, foi difícil não falar sobre a festa de Eleanor para Dylan e Daniel, e cá estamos nós agachados atrás do ônibus escolar.

"Quando o motorista chegar e ver três pessoas meio suspeitas saindo de trás de um ônibus, com certeza não vai sair praticamente voando daqui." Digo em um sussurro gritante.

Sair do hotel fora do horário é uma péssima ideia, principalmente quando prometi que não descumpriria a regra e que ninguém mais faria isso. Mas Dylan tem certo poder de persuasão destrutivo. Como um poço sem fundo de péssimas ideias. Ela fez até uma lista de sete itens com as diferentes possibilidades de como isso pode dar errado. E isso realmente pode dar errado.

"Vai dar tudo certo." Ela responde, observando o tempo de espera do Uber aumentar ao invés de diminuir, fazendo uma careta por isso.

"Ou vai dar tudo errado." Daniel usa o mesmo tom que eu, formando rugas na testa por conta da preocupação. "Se o treinador me pegar fora do quarto, ou nessa festa, ele vai fazer com que eu vá correndo atrás do ônibus até a próxima cidade. Ele vai me comer vivo!"

"Quem vai te comer vivo?"

Nós três pendemos para lados opostos pelo susto da voz desconhecida e ao mesmo tempo conhecida.

"Por que estão agachados? O ônibus é grande o suficiente para ninguém nos ver." Adam diz, a obviedade brincando em seus lábios que abrem um sorriso ligeiro ao me ver levantar devagar.

"Oi, pessoal."Cal surge um pouco atrás do amigo, dando um sorriso curto enquanto se aproxima de nós. Murmuramos saudações diferentes em uníssono.

Nunca conversei, não diretamente, com Cal para saber o motivo de Daniel quase não conseguir se levantar, e precisar se apoiar na estrutura do ônibus amarelo para isso. Claro, Daniel já falou que ele é muito legal, mas isso não é o suficiente para mim. O meu amigo já foi magoado o suficiente por caras como esse, principalmente se for amigo do Lockwood mais velho e sua má influência. Não importa se Cal parece doce e fofo hoje, amanhã pela manhã pode ser diferente. Quando o sol nasce, os homens acordam diferentes de quando a lua estava cheia.

"O que estão fazendo aqui?" Pergunto, cruzando os braços rente ao peito.

"Eleanor sussurrou o endereço da festa no meu ouvido enquanto estávamos atrás das arquibancadas." Adam abre um sorriso depravado e cheio de segundas intenções. Franzo a sobrancelha, pensando quando ele teve tempo para fazer isso. "Está confusa sobre o que fazíamos lá? Se quiser eu posso explicar."

"Não, obrigada. Não quero mais detalhes de como deixou mais uma garota frustrada." Sorrio, convencida.

Dylan bufa feito um leitãozinho diante de nós. "Um minuto. Dois. Chegou!"

Um carro prateado quase me cega com os faróis altos, parando a alguns metros de nós. Dylan balança o celular levemente, fazendo com que o motorista avance um pouco mais. Olho para Adam e Cal, parados ao meu lado como se fossem parte do nosso grupo, como se fôssemos juntos para a festa de Eleanor.

"O que pensa que está fazendo?" Pergunto para Adam.

"Indo para a festa da Eleanor." Ele responde como se fosse simples, mas nada disto é simples. "Não quero que a minha irmã vá sozinha, você sabe que ela gosta de beber demais."

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